Eu tive que expor pra ela tudo o que o Rodrigo estava me fazendo passar, não pra fazer papel de vítima, mas pra ela ver que eu já estava sendo castigada o suficiente.
Eu não sei por quanto tempo eu desabei, o quanto eu chorei, ou o quanto tempo eu fiquei parecendo uma ridícula na frente dela, eu só sei que quando eu terminei de falar, o ódio no olhar dela havia sumido, e tinha dando lugar a compaixão.
Eu desviei meu olhar pois eu estava envergonhada, mas ela pediu pra eu olhar pra ela novamente, só que dessa vez ela não foi grossa nem arrogante, muito pelo contrário, ela parecia que me entendia.
Ela falou que eu amava o Rodrigo, e eu quis negar, mas eu sabia que era verdade, eu o amava, e era esse amor que me impedia de reagir.
Eu só não esperava que a Melissa pudesse entender tão bem pelo o que eu estava passando.
Eu quase não acreditei quando o Diego falou tudo o que o Rodrigo aprontou com ela também, era por isso que ela pareceu me entender, pois a mesma coisa que ele estava fazendo comigo, também estava fazendo com ela.
Foi então que a Melissa disse que estava disposta a esquecer tudo o que aconteceu entre a gente, pra que pudéssemos nos juntar pra deter o Rodrigo, e quando eu perguntei porquê ela faria isso por mim, ela disse que não era só por mim, era por ela também, e por todas as mulheres que ainda iriam passar pela vida do Rodrigo.
Nesse exato momento eu percebi o quanto a Melissa era melhor do que eu.
Ela era humana, consciente, tinha bom senso, e um coração enorme, e a minha consciência ficou ainda mais pesada por todo o mal que eu causei a ela.
Eu me desculpei com os dois, tanto com ela quanto com o Diego, afinal eu errei com os dois, e mesmo assim eles estavam dispostos a me ajudar.
Quando a Melissa disse que precisaríamos de um plano pra desmascará-lo, me veio uma ideia que poderia colocar de vez um fim no nosso problema.
Eles escutaram atentamente o meu plano, e eu tive que falar sobre o Matheus, pois ele seria de grande ajuda, e por mais que o plano oferecesse alguns riscos, eles concordaram, e o Diego nos passou segurança, dizendo que nada aconteceria com a gente.
Eu só precisava conversar com o Matheus, e saber se ele estaria disposto a participar, pois depois do que aconteceu, e do balde de água fria que eu joguei nele, eu não tinha tanta certeza se ele entraria nessa com a gente.
Depois de tudo planejado, eu dei o meu número pra Melissa, o mesmo, pois eu ainda não havia trocado, eu só bloqueei o número do Rodrigo pra ele não me ligar mais, depois me despedi dela e do Diego com a promessa de colocar o nosso plano em ação no dia seguinte.
Eu decidi então ir atrás do Matheus, eu não sabia se ele iria querer me ouvir, mas eu precisava tentar.
Eu estacionei o meu carro na orla, atravessei a avenida e diferente da última vez, eu toquei imediatamente a campanhia.
Assim que ele abriu o portão, ele ficou alguns segundo me encarando.
Ele se aproximou de mim, se agachou e ficou frente a frente comigo.
Matheus: Ou você me deixa dentro da sua vida ou fora dela, e se amanhã você se arrepender e vir com o mesmo papo de quarta-feira, eu não me meto nunca mais, ouviu?
Eu sabia que ele tinha ficado magoado com o que eu falei, e ele ficaria bem mais se soubesse o que rolou entre eu e o Rodrigo no jardim no dia que eles brigaram, mas eu preferi ficar na minha pra não magoá-lo ainda mais, eu apenas concordei com o que ele me falou, pois eu não queria mais ele distante de mim.
— A gente pode ser amigos que se beijam agora?
Ele não conseguiu mais segurar a pose de machão, e deu uma gargalhada deliciosa de ouvir, e depois me beijou, e o simples toque dos lábios dele nos meus, e da língua dele na minha, me deu um friozinho na barriga, e isso era algo que apenas uma pessoa já havia me feito sentir, que era o Rodrigo, e o fato de estar sentindo isso por outra pessoa, me dava esperanças, pois nem tudo estava perdido, e ainda existia uma chance de eu ser feliz.
Eu fui pra casa com uma sensação de euforia, o caos estava prestes a se armar, e eu só pensava no que viria depois dele, eu só esperava que tudo desse certo dessa vez.
Eu tirei a minha roupa, preparei um banho na banheira, e fiquei nela por um bom e longo tempo, pensando se eu realmente estava preparada pra enfrentar a avalanche que viria no dia seguinte, e se eu não iria desabar ao ver o Rodrigo me olhando com tanta decepção.
Eu tentei parar de pensar nisso, pois quando se tratava dos meus sentimentos, sobre as minhas feridas, ele não se importava com nada, então tudo o que eu precisava fazer era ser fria e calculista como ele, afinal, eu poderei dizer que eu tive o melhor professor.

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