POV: AIRYS
— Sou ingênua demais. — Solucei baixinho, ainda encolhida no canto do quarto escuro e frio. — Assim como ele.
Sequei as lágrimas com força e raiva, engolindo o nó formado na garganta. Os dedos tocaram os lábios doloridos, sentindo o resquício do beijo feroz, bruto, impiedoso.
— É isso que você deseja, Daimon Fenrir? alimentar-se do meu medo, do meu anseio? — Um riso amargo escapou, carregado de desprezo. — Ótimo. Eu darei o que tanto almeja.
Levantei-me de um salto, abrindo o guarda-roupas. Vestindo-me rápida, preparei-me para sair. Quando abri a porta do quarto, percebi que não havia mais um guarda ali. A liberdade estava ao meu alcance.
— Alfa arrogante demais. — Murmurei, estalando o pescoço antes de cruzar o corredor e sair para o ar gélido da noite. A lua se escondia por entre as nuvens escuras, um prenúncio do caos que eu sentia dentro de mim.
Comecei a correr, sentindo a tensão vibrar em cada músculo. Ao menos Daimon tinha razão sobre uma coisa: eu era fraca. Passei tempo demais me condicionando a ser, aceitando meu papel de humana entre lobisomens. Uma presa entre caçadores.
Mas isso ia mudar.
“Não precisamos mais ser reduzidas.” Ecoou intenso em minha mente, pulsando em minha veia, jurava sentir uma corrente de adrenalina e força se intensificar em meu corpo, impulsionando ainda mais minhas pernas a correrem mais rápido.
Não sabia quanto tempo corri. Meu corpo queimava, os pulmões ardiam, mas eu continuei empurrando meus limites. Cheguei aos fundos da mansão, onde as árvores criavam uma barreira contra o mundo. Ali, fiquei em posição de luta. Pelo menos, tentei. Sempre observei os guerreiros treinando, admirava cada postura, cada movimento calculado.
Comecei a socar o ar, testar meus reflexos, imaginando um combate real. Eu sabia que não podia vencer um lobo. A força deles era avassaladora, mas se eu pudesse escapar... se eu pudesse ser rápida o suficiente... talvez eu tivesse uma chance.
— Sua respiração está errada, indisciplinada. — A voz profunda e controlada de Symon soou às minhas costas.
Meu corpo enrijeceu. Ele se aproximava, passos lentos e precisos.
— Os cotovelos estão muito altos. — Ele continuou. — Muita abertura para um golpe direto nas costelas.
— Veio zombar de mim? — Falei sem me virar, mantendo a guarda alta.
— Você não precisa de ajuda para isso. — O tom dele carregava um leve sarcasmo. — Erga o queixo, ajuste as costas, os punhos.
Senti suas mãos firmes segurarem meus pulsos, ajustando minha postura. O toque era quente, preciso, sem hesitação. Ele mexeu nos meus cotovelos, posicionando-os da maneira correta.
— Assim. — Sua voz ficou mais baixa, concentrada. — Contraia os músculos. Foque a força no punho. Use os nós dos dedos ao atacar, ou vai acabar quebrando a mão antes de machucar o oponente.
Franzi o cenho, confusa. Ele estava me ensinando?
Por quê?
“E isso importa? Precisamos de toda ajuda possível.” A voz em minha mente ressoou, determinada.
— Deslize o pé um pouco mais para trás. — Symon avaliou enquanto eu fazia tudo o que ele dizia. — Certo, agora, tente me acertar.

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