A LUNA HUMANA VENDIDA AO ALFA SUPREMO romance Capítulo 67

POV: AIRYS

Fazia dias que eu não via Daimon. Dias longos. Silenciosos, estranhamente, Incômodos.

Ouvir Symon comentar com um guerreiro que o Alfa Supremo havia retornado à minha antiga alcateia. A mesma que agora estava sem um Beta e sem um líder de verdade para colocar ordem. Claro que o Supremo iria intervir para resolver o caos, e sabíamos que o seu resolver geralmente significava alguém perdendo a cabeça.

— Ah! — O grito escapou rasgado da minha garganta no momento em que o chute me atingiu. Fui ao chão com violência, meu corpo rolando como boneca de pano pelo solo duro. A pele ardia, foi rasgada em vários pontos, o sangue ferveu.

Quando parei de me mover, seus pés já estavam perto demais do meu rosto. Arfei. A respiração curta, quente, ofegante. Senti o gosto metálico do sangue misturado à poeira.

Uma mão se estendeu. Firme. Grande.

— Você está muito distraída hoje, Airys. — Jasper.

Aceitei a mão, me permitindo me levantar, mesmo com os músculos doloridos. Ele me observava com atenção demais. Os olhos castanhos tentando descobrir meus pensamentos:

— O que houve?

Pisquei, tentando manter a pose. Bufei.

— Soube que o festival do acasalamento já começou a ser preparado. — Falei, como se não fosse nada.

Mas era. E muito.

Ele franziu a testa. Passou a mão pelos cabelos, claramente desconfortável.

— Entendo... — murmurou. — Tenho certeza de que o Supremo não permitirá que ninguém se aproxime de você.

— Eu sei disto e não é aos outros que temo... — Confessei em voz alta, minha voz um pouco rouca, como se o medo estivesse arranhando minha garganta por dentro. Esfreguei os braços com força nervosa.

— Airys, o Alfa jamais iria forçar uma mulher a se deitar com ele. — Jasper soltou uma risadinha divertida. — É mais fácil ele te colocar para correr e voltar as montanhas como sempre faz durante o evento.

“É justamente isto que tememos” Vibrou em minha mente me arrepiando dos pés a cabeça, com certeza meu cheiro mudou, pois Jasper arqueou uma sobrancelha com as pupilas dilatando ao me encarar.

Senti uma presença hostil atrás de mim. Meu corpo reagiu no instinto, girando no último segundo para evitar uma garra afiada que visava minha lateral. Um arrepio gelado percorreu minha espinha ao reconhecer a ameaça.

— Sua humana imunda, fique longe dele! — Lify rosnou, feroz, com os olhos flamejantes e as garras ainda erguidas. Havia pura hostilidade em sua postura. — Jasper não te pertence.

Franzi o cenho, confusa, buscando sentido em suas palavras. Meu olhar voou para Jasper, procurando respostas.