POV: DAIMON
"Ridículos."
O rosnado de Fenrir explodiu na minha mente com nojo, enquanto eu encarava a cena patética diante da alcateia. A expressão dele era tão feroz quanto a minha.
O lugar cheirava a mofo, abandono, sangue antigo. A alcateia onde o ex-marido de Airys agora se dizia Alfa parecia mais um curral de escória do que território lobo.
Os relatórios que recebemos estavam cheios de mentiras. Dados manipulados, números inflados. O avaliador que deveria inspecionar a situação? Estava enjaulado em um buraco imundo chamado calabouço — sim, no singular, porque achávamos que era só um. Descobrimos que existem outros. Espalhados, escondidos. Uma rede de podridão sustentada por outros Alfas covardes que acobertam essa sujeira.
"O cheiro de corrupção está impregnado nas paredes," disse Fenrir, impaciente. Eu podia sentir o desconforto dele se misturando ao meu. Nossos instintos estavam em alerta.
Os hospitais? Um lixo. Faltavam desde itens básicos até medicamentos essenciais. O tipo de coisa que impede um lobo de morrer por hemorragia. Regeneração acelerada é uma benção, mas não faz milagre. Sem recursos, qualquer ferimento pode ser uma sentença de morte.
Caminhei pela cidade antes de vir até aqui. Vi lobos largados nos cantos, famintos, com olhos vazios e costelas saltadas sob a pele. Pedindo esmola. Humilhados.
Era revoltante. Eu mesmo direcionava recursos às alcateias que não tinham estrutura, implantava projetos, organizava sistemas de devolução financeira para manter o equilíbrio. O dinheiro vinha. Mas aqui, Malik e seu beta o desviavam.
Deixavam o povo na miséria enquanto enchiam os bolsos.
À minha frente, o contador da alcateia tremia. Ajoelhado, acorrentado, chorando como um cão sem dono.
Eu me aproximei devagar. Cada passo meu ecoava no chão, pesado, firme exalando o instinto assassino. O ar ficou mais denso. A tensão era quase palpável vibrando em choques. Ele arfava, com os olhos arregalados, implorando pela própria vida.
Minhas sapatos pararam a centímetros do rosto dele. Levantei uma sobrancelha.
"É isso o que sobrou da sua dignidade?" minha voz ressoou saiu baixa, carregada de desprezo. "Nem coragem de morrer você possui."
Ele soltou um soluço fraco. O cheiro do medo dele subiu quente, azedo.
Fenrir riu, sarcástico. "Mate-o como um inseto. Nem para comida serve."
Minhas mãos formigaram. O desejo de esmagar algo, de sentir ossos cedendo sob a pressão dos meus dedos, era real.
— Rei Lycan, por favor, eu juro que não sabia dos desvios! Eu só obedecia ordens! — Ele suplicava, ajoelhado, com a voz trêmula e falha, como um verme rastejando.
“Patético. Fraco.”
Fenrir rosnou dentro da minha mente, entediado. Sem se dar o trabalho de se levantar.
“Acabe logo com isso. Estamos perdendo tempo. Precisamos voltar para nossa Humana.”
Meu maxilar travou. A cada segundo, minha paciência evaporava.
— Temia mais o seu Alfa do que o próprio líder supremo? — perguntei, frio. Deixei que minhas presas se revelassem, afiadas, prontas. O cheiro de medo dele se intensificou, azedo, sufocante.
Observei seus olhos se arregalarem, paralisados pelo pavor.

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