POV: AIRYS
Me virei lentamente, meu olhar encontrou o dele: intenso, implacável, prendendo-me como um predador observando sua presa. Meu peito subia e descia em respirações curtas, e a pressão dentro de mim crescia a cada segundo. As lágrimas ameaçavam escapar, queimando na borda dos meus olhos, mas engoli o nó na garganta, forçando-me a manter a firmeza na voz.
— E o que isso significa, Daimon? — O chamei pelo nome, um apelo, um desafio, mas acima de tudo, uma necessidade desesperada de compreensão. O que estava acontecendo comigo? Com ele? Conosco?
A pergunta ecoava em minha mente, reverberando em cada parte do meu corpo. “Quem nós somos?”
Ele tombou levemente a cabeça, me avaliando em silêncio. O peso daquele olhar fazia minha pele arrepiar, minha respiração prender. Então, lentamente, sua mão se ergueu. Seus dedos tocaram minha pele com um deslizar leve, quase hesitante, mas ao mesmo tempo carregado de algo que ele próprio parecia não entender. Ele traçou meu rosto com a ponta dos dedos, seguindo pela linha do queixo até prender-me ali, segurando-me com um aperto sutil, mas possessivo.
— Você procura respostas no lugar errado. — Sua voz saiu baixa, rouca, carregada de um mistério que apenas atiçava ainda mais minha confusão. Sem desviar o olhar de mim, esticou o braço, puxando um livro da estante e pousando-o diante de mim. — Precisa buscar o seu próprio caminho e respostas, humana. A verdade cabe a você descobrir.
Minha atenção caiu sobre a capa do livro. "Família Fenrir." Meu coração deu um salto, e engoli em seco.
— E se... — Minhas palavras saíram entrecortadas, um sussurro incerto. — E se eu não descobrir nada?
Daimon soltou um som baixo, quase um riso irônico.
— É mais esperta do que isso.
Meu olhar subiu do livro para ele, e, pela primeira vez, percebi detalhes que antes haviam me escapado. A luz amarelada das estantes desenhava sombras suaves em sua pele bronzeada, destacando a fina camada de suor que reluzia ali. Seu peito nu subia e descia de maneira controlada, mas seu maxilar estava tenso, seus punhos fechavam e abriam sutilmente. Ele parecia inquieto. Algo nele não combinava com a frieza usual.
Meus olhos percorreram seu corpo antes que eu pudesse me conter, e quando notei, já estava analisando os contornos firmes de seus músculos, a maneira como sua respiração se alterava sutilmente. Meu olhar desceu até a cueca escura que ele usava, e um rosnado baixo e feroz preencheu o espaço entre nós.
Meus olhos saltaram de volta para os dele, e o encontrei me observando com um olhar perigoso, denso. Minha boca secou. O ar ficou carregado, sufocante.
Ele se inclinou, aproximando-se apenas o suficiente para que sua respiração quente roçasse minha pele.
— Pequena, não siga caminhos perigosos sem estar ciente de onde está se metendo. — Sua voz era um aviso, mas também uma promessa velada.
O que quer que estivesse acontecendo entre nós, Daimon ainda tentava se segurar. Mas seus instintos diziam o contrário.
— Alfa... — Minha voz saiu hesitante, engoli em seco, tentando ignorar o formigamento nos meus lábios. Eu podia jurar que aquele beijo no sonho havia sido real. Meus olhos recaíram sobre sua boca antes de voltar aos dele, minha mente pulsava com perguntas que eu não sabia se queria as respostas. — Os sonhos... Li uma vez que Lupinos e companheiros podiam compartilhar sonhos e viver experiências reais neles. Uma conexão profunda... um elo.

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