CAPÍTULO 192
Débora Andrade
Aquele olhar do Leonardo sobre mim, me deu náuseas. Mas confesso que me senti aliviada com o abraço do Luigi na sequência, me puxando para perto dele e da mãe dele.
Agora entendi porque ele trouxe o Don e o Salvatore, não queria se envolver tanto com Leonardo, pois sabia que teria que ir contra o próprio pai, e vi com meus próprios olhos como não conseguiu ir em frente enquanto mediam forças, o coração do Luigi é humano, muito diferente de Leonardo.
Don Antony foi levando aqueles homens de Leonardo, e também Leonardo, da casa.
Salvatore cuidou com os convidados, e um a um, foram saindo.
— É uma pena não ter tido a festa que queria... — comentei com Helena ao ver sua feição triste, olhando para a mesa.
— Eu não queria uma festa... sabia que com isso, aquele verme apareceria, só queria que meu filho tivesse paz. Inclusive, estou com fome. — Helena respondeu e foi se sentando à mesa. — Você não vem? — fiquei sem graça e fui também.
— Tem certeza que posso deixar nas mãos do Don, mãe? — Luigi perguntou novamente para Helena, estava se referindo à Leonardo.
— Tenho certeza, filho! — ela confirmou.
— Então é isso? Você é filho do homem que odeio, que quase destruiu a minha vida? Porque não me contou, Luigi? — reclamei ali mesmo.
— Não se esqueça que Leonardo é apenas meu progenitor, nada além disso, Débora! Agora eu preciso ir lá fora dar algumas instruções e já volto para a gente conversar. — deu um beijo na minha testa e saiu.
— Débora, tenta entender o Luigi, pois Leonardo nos fez muito mal. — Helena colocou a sua mão sobre a minha. — Olha, eu já soube do que aconteceu com você mais cedo pelo Luigi, e peço que me perdoe, pensei que fosse outra Bete da vida, agora entendo que Leonardo te fez muito mal, também.
— Eu te entendo, Helena. Leonardo me enganou, como acredito que deve ter enganado muitos. Eu assinei um documento, pensando que estava casando, e na verdade, estava longe disso. Ele me fez muito mal, me prendia em casa, me humilhava...
— Eu imagino... nosso casamento foi arranjado, Leonardo só tinha vinte anos, eu dezoito... claro que quando casei não imaginei que ele seria o traste que foi. Chegou ao ponto de roubar a mulher do próprio filho, foi baixo, repugnante.
— Exatamente. Mas aqui entre nós... essa Bete também não vale o feijão que come, não é não? Trair alguém assim, sem nenhum remorso, por dinheiro? Sabendo se tratar de pai e filho? — balancei a cabeça — Não, não vale nada, me desculpe!
— Não, não vale. Você tem razão, Débora. Uma ex funcionária da casa me contou sobre você, falou que era amante de Leonardo, por isso vim aqui naquele ódio todo, pensei que fosse verdade, que era outra “Bete”. — franzi a sobrancelha.
— Que funcionária? A única aproveitadora aqui, foi aquela Gleice, que Luigi demitiu. Foi aquela oferecida que foi te contar mentiras? Porque estive com Leonardo, mas como te falei: não do jeito que ela está falando. — vi que Silvestre veio por trás dela, colocou a mão nas suas costas.
— Helena, acabei de descobrir que Gleice e Bete são sobrinhas de Elinete. Não duvido nada que ambas estavam aqui pelos mesmos interesses! — Helena o olhou com espanto.
— Meu Deus, e eu culpando a Débora, quando cheguei... — parecia existir algo entre ela e Silvestre, talvez sejam os anos trabalhando junto à ela, mas não sei, não.
— Eu te entendo, Helena. Sei um pouco do que passou, porque também convivi com aquele canalha, imagino que tenha sofrido as mesmas coisas que eu, que só estou aqui hoje, porque uma das amantes me ajudou a fugir. Só te peço que confie em mim a partir de agora, do Leonardo não quero nada, te juro!
— Eu imagino, vi como defendeu meu filho à pouco, mas Débora... também não deixei de reparar que Luigi foi um pouquinho ríspido com você. Converse com ele, não aceite que te trate mal, está bem? Ele não vai ser como aquele infeliz, mas talvez devêssemos lembrá-lo esporadicamente, só pra garantir.
— É só o jeito dele, mas não se preocupe que vamos conversar, sim.
— Agora vamos comer, que já deu o horário, não é?
— Sim... — sorri ao olhar para ela, e vi que Luigi chamou o Silvestre.
(...)
Luigi / El Chapo
— Então o prisioneiro é meu, agora? Não vai querer de volta? — Don Antony perguntou pra mim, antes de entrar no carro.
— Sim, pode ficar com ele.
— Isso é bom, ele tem dado trabalho, evitei por ter parentesco com você, mas agora não há necessidade, vamos nos divertir um pouco.
— É só um idiota que se aproveita da imaturidade das mulheres, nada mais.
— Certo, vou averiguar.
— Obrigado, Don!
Com a mente mais limpa, agora... vi os carros partirem, e fui atrás do Silvestre, o levando até o escritório. Apontei a minha pistola pra ele, e forcei a verdade:
— Porque permitiu que Leonardo entrasse na casa? Pense bem pra responder, porque agora não vou admitir mais erros!
— Agora posso dizer a verdade...
CAPÍTULO 193
Luigi / El Chapo
— Vamos! Diga de uma vez, porque hoje estou impaciente demais! — Silvestre não parecia ter medo, me encarou e disse:
— Leonardo me ameaça! Sempre que entra na casa, ele tem você ou a sua mãe nas mãos, sabe meus pontos fracos.
— Era só ter me dito, porque não disse? Me deixou pensar que também era o vilão? Não consigo entender isso. — sentei na minha cadeira giratória do escritório ainda apontando a arma pra ele. — Algo não bate, Silvestre! O que me esconde?
— Leonardo sabe dos meus sentimentos pela sua mãe, menino Lu... acredito que também não seja segredo pra você, ou é? — “realmente, eu havia notado algo estranho.“
— Então, eu estava certo? — balancei a cabeça, pensando — Você gosta da minha mãe! E, por acaso ela já sabe?
— Leonardo destruiu o que havia de bom na Helena, menino Lu... não tive coragem de tentar alguma coisa, mas Leonardo sempre foi esperto demais, ele sabia dos meus sentimentos por ela, e também chegou a ameaçar você, porque sabe que Helena sofreria, e então...
— Aquele infeliz... — apertei a arma contra a mesa.

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