Bernardo Thomson
Chego na casa de meus pais e já vejo ele na academia.
Meu pai gosta de se controlar. E a essa hora da manhã é sagrado ele está caminhando na esteira.
Vou até lá e ele me olha de lado.
Eu e meu pai temos a mesma constituição física. Sou tão alto, quanto ele, o mesmo olhos azuis e cabelos claros, só que o dele é loiro. Já eu saíi um pouco a cores dos cabelos de minha mãe, que são ruivos.
Somos parecidos, não só fisicamente, mas a personalidade é quase idêntica. Teimosos e orgulhosos, e sempre falamos o que pensamos. Não que somos diferentes? A única coisa que temos é que eu sou muito bem humorado mais meu pai, nem tanto.
Não poderia ser diferente com seus filhos... desde criança, aprendi que contrariar meu pai, nunca é uma boa ideia!
Meu irmão, que não vejo há mais de vinte anos, também é parecido com ele, afinal fomos criados por ele. Agora imagina esses três convivendo na mesma casa? Dona Irene passou maus bocados naquela época. Ela sempre foi o anjo que tentou apaziguar. Até hoje, diga-se de passagem! Porque quando nós dois exageramos, ela faz o papel de juíza.
Não poderia ser diferente, ela é a única que consegue fazer ele pensar sobre as coisas que apronta, quando está com raiva.
Estou entendendo porque eu entendo meu pai, apesar de todo esse jeito ignorante que ele tem? Porque sou igual... As pessoas só dão aquilo que elas têm para dar. É como se fosse um círculo vicioso...
Se você é educado por pais repressores, se não tiver alguém que te ensine que pode ser diferente, você também será um pai repressor! Meu pai foi criado assim pelo meu avô.
E isso aliado a sua teimosia fez ele realmente acreditar que é o Senhor da minha vida, do meu irmão e da vida da minha mãe... Se desviamos um pouco do caminho que ele escolheu, nos tornamos uma ovelha negra.
Eu tive sorte de ter uma mãe carinhosa e generosa. E ela me ensinou muito sobre coisas que meu pai, nunca teve condições de me ensinar.
Já o meu irmão! Resolveu se afastar quando pode...
Entendo porque meu irmão resolveu voltar para o país de origem, quando completou a maioridade. Ele não tinha muitas chances de não ser a sombra de meu pai se continuasse aqui. E se eu e ele, continuamos juntos, provavelmente um de nós estaria morto agora. Willian é filho do primeiro casamento dele, portanto cinco anos mais velho que eu.
Quando crianças, convivemos por um tempo em perfeita harmonia, eu começo a entender melhor as coisas até. Daí começou uma rivalidade, que só foi alimentada pelo meu pai. Ele dizia que era saudável a competição, e como éramos crianças levamos isso a sério. O que fez com que nós nos tornassemos, adultos que não se bicavam. Não via meu irmão a mais de vinte anos, e esperando que continue assim.
Antes de ele ir embora tivemos uma briga feia, que eu saí com o olho roxo e o braço quebrado. Eu era menor que ele, então levei a pior. Meu pai me culpou por um tempo, por ele ter voltado para a Escócia... Depois a vida se encarregou de fazer ele esquecer desse detalhe, ou eu resolvi virar um adolescente causador de problemas, para que ele se esquecesse do afastamento do meu irmão ... Nem sei.
Paro na porta da academia e espero que ele termine a corrida. Deus me livre de interromper seu exercício matinal.
Depois que ele termina, pega a toalha, bebe um pouco de água e vem em minha direção.
-Bom dia Bernardo. O que quer?
-Como sabe que eu quero algo?
Ele gargalha...
-Você chegou e veio direto pra cá... Não foi paparicar sua mãe e desde quando você me procura porque está com saudade?! Acho que desde seus dez anos. Então... O que quer?
-Uma favor pai... Você ainda tem dúvidas?
Ele suspira...
-Eu só queria confirmar minhas suspeitas. -ele se senta no banco no jardim da casa e suspira, tomando mais um gole de água.-Desembucha.
-Dominique Trevisan, já ouviu falar?
-Sim... Filho do CEO dessa empresa de marketing. Apostor de corridas de cavalo. Manipulador miserável!
-Conhece o pai dele?
-De longa data. Ele fazia propaganda do Hospital um tempo atrás, até descobrirmos algumas falcatruas. Ele adora uma fezinha no jóquei.
-O filho dele faz parte de nossa comunidade.
-O pai também.
-Preciso que mande investigar ele, pai. Como conselheiro da comunidade, você pode dar esta sugestão.
-Porque eu faria isso?
-Porque eu tenho suspeitas de que ele abusou de suas submissas.
-Fala a verdade Bernardo.
-O quê?
-Eu já sei que firmou contrato com uma nova submissa, e sei que ela é ex-submissa do Dominique.
-Como sabe disso se eu nem contei nada para ninguém ainda?
-Você saiu do clube da Margô com ela, e Barreto esteve aqui em casa a noite passada
-Pai, você está me investigando?
Ele ri...
-Dessa vez não. A informação caiu no meu colo. Margô me disse na semana passada, que você estava interessado nela e quando fui pedir para Barreto investigar a menina, você já tinha pedido a ficha dela...
-Pai... Barreto não te disse...
-Não... Ele é leal a vocês... Mas eu gostaria de ouvir do meu filho, porque ele está pedindo para investigar um membro da comunidade…
Ele me olha pela primeira vez e eu suspiro.
-Ele abusou da Camila... Ultrapassou os limites rígidos dela.
-Então porque a menina não deu parte dele?
-Porque ela fez um acordo com ele. Assinou um papel de sigilo.
-Hummm... Ela deve ter ganho uma grana, não é mesmo?
-Sim... Vai julgar ela por ter feito isso?
Ele suspira.
-Não Bernardo. Mas ela assinou um contrato, então não tenho o que fazer...
-Por isso eu te procurei. Só peço que investiguem ele. Porque se abusou de Camila, ele abusou das outras. Deve haver outros casos...
-Mas Bernardo isso não vai dar em nada... Se ele recompensa bem essas meninas, nenhuma delas vai abrir a boca pra falar... Entende que eu estou de mão e pés atados?
- E se ele recebesse uma estética.
-Ele vai saber que foi Camila que te contornou. Ele pode processar a menina.
-Deixa que isso eu resolvo.
Ele me olha por um tempo e diz.
-O quê tem de tão macabro no passado dessa menina que ficou branca, quando disse que falou com Barreto?
Eu suspiro.
-Eu não posso te contar pai, é um segredo dela. Barreto te disse que ela é inofensiva?
-Disse.
-Então só isso te basta, não acha?
Ele confirma com a cabeça e diz:
-Vou falar com os outros conselheiros, pedir para que um deles faça a cereja. Porque se for eu, vai ficar muito na vista que foi você que pediu.
-Obrigada pai.
-Ouça bem Bernardo... Não quero você se metendo em confusão por causa de submissa! Ele vai ficar puto quando souber que vocês estão juntos. Eu bem conheço o pai dele, e se ele é igual ao pai... Se prepare...
-Sempre é...
Ele me olha sem entender.
-O quê?

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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Redenção do Ogro
A história desse livro é muito massa e uma Pena que está postado a história toda...