Bernardo Thomson
Aperto a campainha e escuto meu titio gritar. Sorrio... Quando ele mandou mensagem dizendo que havia chegado, eu não pensei duas vezes em vir vê-lo. Estava morrendo de saudades e precisava de um tempo com ele.
-Mas já temos visita? Amor, você avisou alguém que já chegamos? -escuto ele pergunta a tia Eleonora.
Eu gargalho da porta.
-Não... Você que avisou Armando... Duvido que não seja...-Ela abre a porta e dá de cara comigo.
-Bernardo... Eu sabia que era você.
Sorrio para ela abraçando e pegando ela no colo. Ela dá um gritinho de surpresa!
-Que saudade tia, será que eu fiz mau em vir cinco minutos depois de receber a mensagem do tio?
Ela gargalha...
-Não... É política da vizinhança, não é mesmo?
Eu sorrio... Olho para a sala e vejo ele chegando no seu habitual jeans e camisa polo. Meu tio parece uma galã de novela. É o Arthur com mais idade. Mantém-se em forma e tênis esportivo.
Além de tudo isso... Ele é o amor das nossas vidas! Aquele que não tem vergonha nenhuma em demonstrar sentimentos. Ele considera eu e Paulo como seus filhos, e nunca fez distinção entre nós.
Eu devo minha mudança de comportamento a ele. E serei grato eternamente.
-Bê... Está tudo bem? -Ele fala enrugando a testa. Meu tio me conhece só em me olhar... Então ele sabe que as coisas não estão bem…
Vem até mim e me abraça com carinho...-Entra, vamos fumar um charuto. Trouxe um que você vai gostar…
-Já vai fumar charuto Armando? Você ainda vai morrer de câncer de pulmão.
Tia Eleonora ralha.
Ele revira os olhos e eu o acompanho até o escritório.
Ele abre a sacada e me mostra a nova caixa deles, ainda embalados.
Não fumo constantemente. Apenas quando estou estressado. Dentre nós três eu sou o único que fuma com mais frequência. Arthur só de vez em quando, geralmente apenas para agradar o pai. Fumo mais não sou um viciado. Vivo bem sem eles. Mais com tio Armando, sempre rola uma DR regada a eles. E eu estou acostumado.
Corto a ponta do meu e acendo e ele faz o mesmo.
Depois de uma boas baforadas ele diz:
-O que tanto te preocupa, amor.
-Estava com saudades de verdade, tio.
- Eu sei... Porém essa cara de cachorro que caiu da mudança não me engana, amor... Tem algo de errado comigo…
Eu sinto muito.
-Tem... Tudo tá errado... Essa vinda do Willian ao Brasil. Eu não consigo ficar animado como vocês estão com a vinda dele. Eu não quero fazer parte da vida dele.
-É uma escolha sua…
-Fala isso para meu pai…
-Eu já falei...
-É adiantou algo?
-Não... Porque ele sabe que a culpa de tudo estar assim, é dele. Ele quer consertar as coisas.
-Não tem como consertar, tio.
-Se vocês deixarem o orgulho de lado. Tem sim... Acontece que deixar o orgulho de lado, é complicado! Somos dominadores! E isso é bem claro...sempre vai ser complicado... Mas é algo que você precisa trabalhar para si mesmo, meu filho... -eu suspiro e ele continua. - E quais são os outros problemas, amor?
-Camila vai me deixar…
Ele arregala os olhos para mim, jogue um pouco de engasgado com a fumaça.
-Por essa eu não esperava... -Ele resmungou, se levantando da cadeira e indo pegar uma dose de uísque para mim e outra para ele.
Pois é tio Armando ... Ogro aqui foi rejeitado! Há sempre uma primeira vez, não é mesmo?!
-Me conta desde o começo menino... Já vi que a história é longa…
Eu me encosto na poltrona e abro o bico. É o único que consegue isso, sem muitos satisfazer.
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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Redenção do Ogro
A história desse livro é muito massa e uma Pena que está postado a história toda...