Bernardo Thomson
Ela entra no consultório sorrindo, já com sua bolsa no ombro.Esta é a última semana que ela me ajuda aqui. Semana que vem Melissa retorna da licença.
Também falta pouco para ela ir embora... E eu já estou com saudades…
Talvez eu dê mais uma semana de folga para Melissa... Ter Camila me ajudando foi prazeroso. Muito mais do que imaginei.
Pego meu paletó na cadeira e visto, segurando sua mão e me dirigindo para fora do consultório. Fernanda já está com o elevador à nossa espera.
-O quê vamos fazer quando chegarmos em casa?-Ela pergunta entrando no elevador junto comigo e Fernanda.
Ela anda muito mais animada do que estava. Está empolgada com o ateliê, e o brilho nos seus olhos? Retornou quando ela retornou às aulas de dança. Mesmo ainda sentindo ela pensativa e triste, aquele desânimo em que ela estava, não está mais. E eu consigo sentir um certo alívio. Não quero que ela fique triste com nosso rompimento.
-Nadar. -Ela sorri…
-Boa... O mestre precisa relaxar depois daquela reunião chata com o senhor Munhoz.
Eu sorrio... Até parece que não percebi a implicância com o Senhor Munhoz.
-Você também achou chata?
-Até Fernanda achou chata... - Fernanda ri nos olhando. -"Por obséquio Dr. Bernardo, o senhor tem certeza?"
Ela imita a voz fina do velhinho de oitenta anos. E eu arregalo os olhos e caio na gargalhada.
-Fernanda nem estava na reunião.
-Mas eu ouvi Senhor, aquela vozinha é inconfundível.
-Como será que ele pegava mulher na juventude tendo cordas vocais tão finas? -perguntei a puxando para se encostar em mim.
-Será que pegava? -Camila fala sério.
Pqp!!! Que maldosa!!! Ela não é assim, está aprendendo comigo…
-Camila tu é foda, ainda bem que semana que vem Melissa volta. Porque aguentar as suas caras e bocas, andam me deixando numa saia justa.
-O quê? Dê graças a Deus que eu não sou super sincera como o mestre.
-Eles já têm que lidar comigo... Se tivessem que lidar com você também, eles iam pedir pra meu pai me expulsar. Você será empresária, tem que controlar essa cara.
-Eu já faço muito senhor, controlando a boca…
Eu reviro os olhos... Muitas vezes peguei o Senhor Munhoz irritado com ela na reunião. Acho que ela só ia ficando mais sarcástica a cada vez que ele mandava ela fazer algo, a chamando de "menininha". Eu já estava vendo a hora que ela ia mostrar a ele quem era a menininha.
Camila é anti social como eu...
Sempre foi, mas com o passar do tempo ela foi ficando sarcástica também. Acho que a minha influência não foi boa...
E realmente fico surpreendido por ela querer lidar com público, numa loja de roupa. Onde muitas dondocas vão encher o saco dela… Porém, é o que ela quer. Quem sou eu pra falar algo?
-Eu não daria para trabalhar como secretária.
-Vai se preparando querida. Acha que num ateliê não vai ter que conviver com esses cidadãos?
-Vou ser a estilista antisocial. Vou contratar gente pra fazer isso por mim. Relaxa…
É bem capaz mesmo...
Eu imagino Sabrina dona de uma loja de roupa, não Camila…
O elevador chega no térreo e esperamos Fernanda verificar as coisas, indo à frente até o estacionamento.
-Eu estou morrendo de fome. -fala Camila resmungando.
-Que tal macarrão a quatro queijos.
-Vai comer massa no dia de semana?
-Que se dane a dieta… nem gosto de dieta… -Ela gargalha ao meu lado.
-Mestre eu preciso seguir a dieta… esqueceu?
Eu suspiro. Esqueci… Realmente macarrão a quatro queijos não é a melhor opção.
-Então pra você salada de grão de bico e para mim macarrão a quatro queijo.
-O senhor faria essa tortura comigo?
-Claro que sim passarinho! Eu sou um torturador, lembra? -Ela revira os olhos. Abusada!
Chegamos no meu carro e abro a porta para ela e meu telefone toca no bolso da calça.
-Merda!
Tiro do bolso e vejo que é Paulo.
Ele reclama que eu ligo nas horas mais impróprias. Mas ele também é assim…
Acho estranho porque semana passada ele disse que não ia mais ligar pra mim. E quando ele diz uma coisa, ele cumpre até a raiva passar.
Tudo isso, porque eu resolvi me afastar um pouco deles. O drama envolvendo a vida de Paulo e Arthur estava me consumindo. Eu não conseguia aceitar meus irmãos tão abilolados por duas submissas... Eu não entendia... Eu tenho meus próprios problemas para lidar. Não preciso ter que lidar com os deles também.
Atendo...
Não quero falar com ele, mas nós temos regras... Sempre que um liga o outro tem que atender ou retornar em cinco minutos. Não importando se estamos chateados um com o outro. É uma regra.
-Fala japonês.
-Está aonde?
Ele respira fundo, sua respiração está alterada como se tivesse correndo.
-Saindo do hospital…
-Vá para o Arthur, Duda foi sequestrada.
-O que?
Que porra é essa?!
-É Bernardo... Eu estava treinando então eu preciso tomar um banho antes de ir... Vê se você consegue chegar primeiro que eu…
-Tô indo!
Desligo o telefone e digo para Fernanda.
-Leva Camila para casa, eu tenho que ir para o casarão.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Redenção do Ogro
A história desse livro é muito massa e uma Pena que está postado a história toda...