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A Redenção do Ogro romance Capítulo 46

Um mês depois

Bernardo Thomson

Tomo o último gole da cerveja e jogo a long neck no lixo da cozinha. Ela faz o maior barulho de vidro batendo contra vidro. Olho para o lixo e descubro que ele está transbordando de garrafas long neck.

Que caralho!

Eu tomei isso tudo ontem?

Passo a mão pelos cabelos e espero os carregadores descerem com a gaiola do quarto já desmontada.

Inferno de dor de cabeça!

Resolvi fazer algumas mudanças por aqui. Até eu descobrir o que vou fazer com essas gaiolas, elas vão para o depósito do hospital.

Depois que, eles trazem todas as partes do quarto e da masmorra, o responsável vem até o balcão da cozinha com uma prancheta e diz:

-Preciso que o Senhor assine aqui.

Ele me indica no papel e eu rabisco onde disse.

-Procure o Ariel, que é responsável pelo depósito, ele vai saber onde colocar as duas.

-Sim Senhor! Até…

-Até…

Ele se encaminha para a porta, quando olho para lá dou de cara com Arthur e Paulo.

Faço uma careta e xingo mentalmente. Sinto minha dor de cabeça aumentar só em ver os dois.

Não é que eles cumpriram a ameaça?

Eu não ando muito sociável neste último mês.Motivo? Tô de saco cheio de tudo. Nada me dá ânimo, e ando tendo dificuldade para dormir…

E sabe o que eu descobri?

Que eu sou um invejoso de merda!

Que vivo querendo a felicidade dos meus irmãos.

Ultimamente. Eu tenho me sentido mais sozinho do que nunca. As pessoas não estão interessadas no meu drama... Elas estão felizes demais para se lembrarem de mim…

E eu entendo ... De verdade…

Porém eu me afastei porque isso está me incomodando...

Eu nunca quis isso pra mim: um relacionamento.Sempre me contentei com o que tinha. Era feliz daquele jeito.

Há um mês eu tento voltar a ser o antigo Bernardo... Mas não consigo. É como se minha vida tivesse empacado num determinado tempo e ficado ali... Para sempre…

-O quê você vai fazer com as gaiolas? Mandou pintar? -Arthur pergunta.

Eu reviro os olhos... Lá vem eles se meterem onde não são chamados.

-Não é da sua conta Arthur.

Viro as costas e abro a geladeira em busca de mais uma longa neck.

Cerveja não me derruba, mas me anestesia…

Antigamente eu gostava de ser anestesiado com uma boa foda... Agora prefiro cerveja e whisky. É mais prático! E eu não preciso socializar... Não ando com saco para isso…

-Bernardo... Para de ser um garoto birrento porque perdeu o brinquedinho. -fala Arthur, pisando no que já está no meio da lama.

Viro para ele revoltado. Garoto birrento? Perdi o brinquedinho?

-O quê? Posso saber de que brinquedinho você está falando?

-Bernardo, não viemos aqui pra brigar. Viemos conversar... -Paulo fala tentando apaziguar as coisas.

-Eu não quero conversar porra! Não tô a fim... Quantas vezes vou ter que falar isso, para vocês entenderem…

-SENTA AQUI... -Paulo fala alto indicando o sofá.

E o que eu faço? Sento onde ele falou... Que merda! Porque eu me importo tanto com esses dois? Porque eu ainda perco tempo ouvindo eles?

Eles nunca entenderiam! Nunca!

E na verdade eu sempre quis a felicidade deles, mais que a minha... Eu não me sinto bem invejando a vida deles... Eu não me sinto bem invejando uma felicidade que nunca vou ter... Ainda mais agora que Sabrina voltou e que Paulo e ela estão num relacionamento.

Eu não consigo fazer parte dessa família agora! Porque eu não consigo entender, de como foi que cheguei aqui...nesse buraco escuro.

Paulo se senta na mesa do centro de frente pra mim. Arthur vai até a geladeira e pega duas long neck. Se senta ao meu lado e dá uma delas para o Paulo.

-É a Camila?

-O quê tem Camila?-falo buscando tempo.

-Você está nervoso desse jeito... Bebendo além da conta, com enxaquecas regulares por causa de Camila?

Eu rio…

-Às enxaquecas é porque eu estou bebendo bastante. Mas não é só Camila... Está acontecendo muita coisa... Eu não consigo dormir... E isso está me deixando descontrolado.

-Retirou as gaiolas porque elas lembram Camila? -Arthur pergunta.

Eu encosto a cabeça no sofá e fecho os olhos...minha cabeça dá mais uma pontada.

-Também... Não conseguiria usar elas em outras submissas. Retirei apenas por um tempo. Elas vão ficar no depósito do hospital.

-Espero que tenha pedido para eles embalarem... Não quero funcionários fofocando sobre elas. -Arthur fala escandalizado.

E eu começo a rir da cara dele. Seria cômico mesmo... Gaiolas gigantes no depósito de um hospital.

Paulo também começa a gargalhar, talvez imaginando a mesma coisa.

-O quê? -Arthur pergunta contrariado.

-Sua cara, doutor... Foi muito boa... Elas serão embaladas. Não se preocupe.

-Seu irmão chega na quarta como está lidando com isso? -Pergunta Arthur mudando de assunto.

-Não estou lidando…

-Tem ido ver sua mãe? -Paulo pergunta.

Balanço a cabeça dizendo não.

-E meu pai Bernardo?

Eu rio e digo não, tomando mais um gole de cerveja.

Eles sabem que eu só me abro de verdade com Tio Armando e minha mãe. Mas desde que Camila foi embora e contei para minha mãe, não fui mais visitá-la.

Ela me liga sempre... Já esteve no hospital à minha procura e já esteve aqui em casa comigo. Mas não quis conversar, apenas usei do seu cafuné para me sentir amado... Porque eu precisava...

Já o tio Armando tentou falar comigo por telefone dezenas de vezes, mas não atendi. Ele continua viajando bastante com Tia Eleonora, coisa que ajudou a me manter longe deles.

Ontem foi o noivado do Arthur e eu me arrependo amargamente de ter ido. Não devia ter ido... Fiquei fugindo do Tio Armando e do meu pai a festa toda... E depois quando vi que estava meio alterado e meu humor péssimo. Resolvi vir embora antes que acabasse com a festa de todos.

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