Bernardo Thomson
Estou terminando de ler um relatório dos equipamentos novos que chegaram para ortopedia semana passada, quando o interfone tocou.
-Fala Melissa.
-Senhor, acabaram de marcar uma reunião para amanhã de manhã. O que faço com os pacientes que estão marcados?
-Que reunião?
-Iolanda disse que foi resolvida de última hora. Uma reunião convocada pelo Doutor Arthur com os acionistas.
O que?
Porque ele não me avisou antes?
Ele sempre avisa eu e Paulo antecipadamente. O que será que aconteceu?
Olho para o celular e não vejo nenhuma mensagem e nenhuma ligação dele e nem do Paulo.
-Iolanda disse qual é o assunto?
-Não, doutor... Só disse para eu organizar seus horários e te comunicar.
-Não faça nada Melissa. Antes vou procurar saber do que se trata.
-Sim Senhor!
Desliguei o interfone e suspirei. Como se eu não os conhecesse. Isso tem muito o dedo do meu pai...
Na verdade, tem a mão toda dele.
Já faz uma semana desde a festa do William. Eu tenho evitado as ligações dele e do William. Os meninos nem ligam mais, porque sabem que eu não vou atender. Quando precisam falar comigo, ou vem aqui ou me mandam mensagem.
Ligo para o Paulo e ele não me atende.
-Japonês de araque! Vocês estão armando pra mim!
Eu já disse que não quero falar com o William ainda. Nem com meu pai sobre o hospital. Ainda não... Por enquanto eu vou cozinhar eles em banho Maria. Deixar eles bem estressados…
Ainda tenho esperanças de que William desista de ficar no Brasil e volte para a Irlanda com sua família feliz. Eu não vou facilitar para eles. Meu pai pode tirar as ações do meu poder, mas o meu cargo ele não pode. Só quem pode é tio Armando e Arthur. Tio Armando já me disse que isso não vai acontecer... Então ninguém pode me obrigar a nada que eu não queira fazer…
Eu achei que nesta altura do campeonato ele já teria me deserdado e dado as ações para o Willian. Mas isso não aconteceu... E pra dizer a verdade. Nem eu entendi porque não aconteceu... Só pode ser minha mãe aguentando as minhas pontas. Ela sempre foi assim, tentando manter a paz na sua família nada unida.
Minha mãe deve sentir inveja da Tia Paula e Tia Eleonora. Tadinha dela…
Essa semana eu trabalhei dobrado para compensar a semana que não vim..
E nem reclamei... Não tenho muita coisa para fazer fora daqui. Então me dediquei integralmente ao hospital. Mas não recebi e nem atendi as diversas formas de comunicação que eles tentaram.
Agora esta reunião! Isso tem dedo do meu pai! Só pode…
Ligo para Arthur e ele não atende. Ligo de novo... E de novo... Até que ele desiste de me ignorar
-Fala praga…
-Que reunião é essa marcada para a primeira hora da manhã?
-Uma reunião para tratar sobre projetos novos.
-É que projeto seria? Eu cuido de todos os projetos do hospital.
-Por isso você foi chamado para reunião.
-É porque eu não fui consultado antes que havia um projeto novo?
-Porque esse projeto só chegou ao meu conhecimento ontem de tarde.
-Arthur, que merda é essa?
-Olha a boca! Você está falando com seu chefe!
-Chefe o caralho!!! Sempre que há projetos novos você consulta primeiramente eu e Paulo antes de marcar uma reunião com os outros acionistas.
-Dessa vez eu resolvi fazer diferente.
-É porque o japonês não me atende?
-Eu lá sei Bernardo? Estou no meu escritório em casa, numa teleconferência que atrapalhou e eu tive que dar uma pausa. Eu não sei onde Paulo está.
-Por acaso esse projeto tem a ver com o meu querido irmãozinho?
Ele suspira. Bingo! Eu sabia…
-Você tem que participar da reunião.
-Eu não vou..
-Para de ser cabeça dura. O projeto é mara…
Desligo o telefone na cara dele.
Foda-se!
Agora além do meu pai querer me manipular , os meus amigos vão querer fazer o mesmo?
Vai pra puta que pariu!
Eu não vou em reunião nenhuma e quero ver alguém me obrigar.
Pego o interfone e chamo Melissa.
-Sim Doutor.
-Não desmarque ninguém amanhã. Vou atender todo mundo. Para entrar na minha sala agora você precisa me avisar. A entrada não está liberada para ninguém Melissa, nem para Paulo e nem para Arthur. Os telefonemas também para o meu ramal vão ser vistoriados. Eu só vou atender quem eu quiser atender. Não importa que seja o caralho do Papa na minha porta. Você precisa me avisar.
-Sim Senhor!
Desligo o telefone e me encosto no encosto da cadeira.
Inferno!
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Camila Coelho
Estou pregando o último alfinete na gola do vestido da Duda, quando escuto alguém bater na porta do ateliê.
-Entra.
-Camila, há um rapaz na loja pedindo para falar com você.
-Carol, eu tenho que terminar essa costura agora... Não tem como atender agora.
-Ele disse que não é um cliente.
Que é uma conversa particular.
-Qual o nome do rapaz?
-William Thomson
O que?

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Redenção do Ogro
A história desse livro é muito massa e uma Pena que está postado a história toda...