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A Redenção do Ogro romance Capítulo 68

Bernardo Thomson

-Porque nos chamou aqui?-Pergunta Paulo entrando comigo na sacristia da igreja.

Até a saída de casa do Tio Armando estava tudo se encaminhando da forma que tinha que ser. Ele entregou a corrente da cerimônia de rosas, para o Paulo. Fizemos piada com isso. Paulo me disse que ela passará para mim e eu disse que a corrente vai enferrujar e criar teia de aranha.

Chegamos na Igreja, ficamos esperando na parte de frente com os outros até as madrinhas e nossas mães chegarem. De repente Arthur desapareceu da nossa vista. Até vermos um rapazinho que parecia ser o coroinha da igreja nos dizer que ele estava chamando os padrinhos na sacristia.

Essa porra resolveu fugir?

Nos últimos minutos do segundo tempo? Pronto pra fazer o gol?

Porque se for isso eu mato esse infeliz! Ele teve o tempo todo para desistir, eagora que chegou na hora, resolveu pular fora?

Imagina a cara da pequena Duda?

Imagina o vexame que vai ser…

Inferno!

-Fala Arthur... Estou ficando nervoso. Resolveu desistir? Porque se for eu vou te dar uma porrada. Não é hora de fazer isso.

-Bernardo... -Paulo me chama atenção.

-Eu avisei que isso não ia dar certo... Eu avisei... -falo nervoso.

-Cala boca, Bernardo!

Olho para ele no exato momento em que ele olha para mim, com as lágrimas descendo pela bochecha.

Que merda é essa?

Eu nunca vi essa porra engomadinha chorando desse jeito.

-Aconteceu algo?

Vou até ele segurando no seu ombro.

-Eu estou com medo…

Eu olho para o Paulo incrédulo e o mesmo dá a mesma olhada para mim.

-Medo de que? De ela desistir? Duda não vai fazer isso Arthur. Tia Eleonora disse que ela já está a caminho. -Paulo fala meio baratinado.

-Não é isso.

-É o que então? - minha voz sai fina, de tão surpreso que eu fiquei com essa reação dele.

Sabe o que é ver o seu amigo que sempre esteve em cima de um pedestal, em lágrimas por que está com medo?

Vocês não sabe o que é isso.É admitir que ele é fraco! Pelo menos para mim e Paulo.É admitir que ele tem sentimentos mascarados por trás dessa pose. Fomos treinados para nunca admitir isso.

-E se eu não conseguir ser um bom marido para Duda? E se eu não conseguir ser um bom pai? Você mesmo me disse que eu era um hipócrita! Eu não nasci para isso. Paulo nasceu, eu não... Eu nunca quis isso. De uma hora pra outra resolvi abrir concessões na minha vida para encaixar uma jovem nela. E olha essa diferença de idade? Eu sou quinze anos mais velho que ela... Olha a merda! E se eu ficar velho demais pra ela? E se um belo dia, ela acordar e descobrir que não me quer mais? E se eu acordar e descobrir que não quero mais. Que enjoei... Isso pode acontecer, eu era igual a você, não era?

Eu arregalei os olhos para ele. Porra!

-Para com isso Arthur! Vocês dois nasceram um para o outro! Não vai mudar de opinião. -fala Paulo para ele.

-É se mudar?

-Vocês reiniciam ué…

-Isso não é um contrato como um contrato de BDSM, Paulo. Isso é diferente! Pra casar tem que ser um casamento como o dos nossos pais. Para sempre…

-Mais ninguém casou acreditando diferente Arthur. Arriscamos… Me admira você falar isso,é um homem de negócios, arrisca o tempo todo.

-Como sabe que ama a Sabrina. Que é pra sempre?

-Porque o tempo que passei longe dela foi um inferno. Porque não quero viver sem ela. -Ele suspira, se afasta com as mãos na cintura.

-Como sabe que isso não é paixão? Daquelas que a gente fica maluco e depois passa.

-Porque já senti paixão e é diferente.

Ele suspira de novo.

E eu continuo olhando para ele. Ele só está assim porque eu fiquei esses meses todo falando que não concordava com nada disso. Só que eu não posso querer para ele o que eu quero para mim.

Arthur merece ser feliz, e está na cara que ele ama Duda. O que? Eu sou um bom observador.

Eu só queria que ele pensasse bem no que estava fazendo. Afinal é uma responsabilidade casar, ter filhos, criar uma família. A pessoa tem que saber se ele tem vocação pra ser pai, se pode deixar seu egoísmo de lado pela sua esposa e filho.

Era isso que eu queria que ele refletisse! Temos um exemplo enorme na família , que é meu pai. Nem todo mundo nasceu para essa tarefa.

Não queria que ficasse inseguro.

Eu e Arthur somos egoístas. Aliás todo mundo é, até Paulo, mas nós sempre batemos no peito pra dizer que não havia espaço para famílias.

Então de repente ele mudou de ideia? Eu tinha obrigação de fazer ele refletir sobre isso…

Eu só não sabia que ele ia ficar com medo de ir em frente, de decepcionar Duda.

E eu plantei essa sementinha na cabeça dele. Infelizmente…

Merda de vida!

Por eu não entender o que eles sentem eu posso ter acabado com o casamento do meu melhor amigo. Eu tenho que consertar isso. E pelo jeito só eu vou conseguir fazer isso. Eu nunca fui perdidamente apaixonado por ninguém, então como vou convencer esse engomadinho?

Respiro fundo e digo:

-O que sente quando não sabe se ela está bem? -Falo para ele.

-Angústia.

É...Eu também sinto isso por Camila, então eu me concentro no que eu sinto para fazer ele refletir. Não vai ser difícil... Você consegue …

-O que sente quando ela está feliz?

-Me sinto feliz também.

-O quê sente quando a ver com frio ou calor?

-Que devo deixar ela confortável.

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