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A Redenção do Ogro romance Capítulo 75

Camila Coelho

Hoje é o grande dia de Sabrina. Mais cedo aconteceu sua cerimônia de rosas, e diferente de Arthur e Duda, eles quiseram uma plateia composta apenas dos mais chegados,mais precisamente os padrinhos e os matriarcas da família.

Quem realizou a cerimônia foram os pais de Paulo. Foi linda e emocionante! Deu até vontade de casar, e olha que pra mim isso é um grande avanço.

Agora estamos aqui, numa pousada linda. Um lugar cheio de natureza, bem perto da selva de concreto, apenas uma hora de distância.É onde vai acontecer o casamento.

Respiro o ar puro na varanda do quarto.

Olho para a paisagem que tem à minha frente. Não tem como não ficar inspirada com esse lugar.

Paulo alugou o lugar todo para que a festa toda fosse aqui, inclusive a cerimônia budista.

Não podia ser diferente, a cerimônia budista pedia um lugar assim. Fora que Paulo é muito conectado à natureza.

Os quartos da pousada viraram salões de beleza, temporariamente. Vemos muitos profissionais andando de lá para cá, montando tudo e organizando as coisas. Os convidados já começaram a chegar.

A cerimônia acontecerá no pátio da pousada, num lugar cheio de árvores altas, dando um cenário único a tudo. São Pedro colaborou, porque hoje é um dia muito bonito. Foi montado um altar no centro do pátio, muitas cadeiras espalhadas ao redor do altar. No centro do altar há uma estátua imensa de Buda.

As flores miúdas e coloridas estão espalhadas em arranjos por toda parte. Nenhuma delas com espinhos, pois na cerimônia budista não pode.

Na cerimônia budista há alguns rituais que os convidados devem seguir, como a cor da roupa, por exemplo. É proibido vestir preto tanto para as mulheres quanto para os homens. O casamento será mais informal que o do Arthur, mas vai seguir alguns costumes ocidentais, por causa de Sabrina e também por causa do tamanho do evento.

Afinal, não é qualquer um que vai se casar. Só é o único herdeiro dos Laboratórios Sankyo e um dos principais acionistas do grupo Albuquerque, não tinha que ser diferente.

A cerimônia acontece aqui fora, já a festa será no salão da pousada, que também estava todo enfeitado. As cores predominantes eram vermelho e dourado.

Chegamos aqui de manhã cedo. Eu vim dirigindo...

Depois das mudanças dos remédios, eu venho me sentindo bem. Apesar de ainda sentir alguns sintomas, como arritmia. Não há como regredir minha doença, apenas estabilizar. Então eu estava bem, apesar de tudo, e estava animada, porque conseguiria me manter estável sem precisar operar.

Esse era o objetivo.

Olho para dentro do quarto e vejo Duda terminando sua maquiagem. Diferente dos casamentos dos ocidentais, as roupas das madrinhas não são iguais. Então eu escolhi um vestido branco com estampa com flores azuis. Meu vestido tem um decote em "v". Ele tem mangas imitando um quimono e a saia é reta e franzida na cintura.

Já o vestido de Duda é amarelo, estampado com florzinhas brancas por todo ele. Seu decote é em"v" transpassado com manga curta. E sua saia é assimétrica, mais curta na parte da frente e longa na parte de trás.

Sabrina mais cedo usou um vestido vermelho confeccionado por mim, como a sogra dela usou quando se casou. Agora ela vestiria o tradicional vestido de noiva.

Tivemos juntos até algum tempo atrás. E ela está bem nervosa, mais nervosa do que Duda estava. Sabrina é muito mais ansiosa que ela. Afinal, hoje é a realização de seu grande sonho.

O maquiador termina o rosto da Duda e ela vem até mim na varanda, segurando uma taça de champanhe.

-Está tudo tão lindo!

-Também acho! Olha essas árvores centenárias com raízes enormes e profundas, esses passarinhos cantando. Agora entendi porque D. Paula marcou a cerimônia para as cinco horas.

-Ela quer pegar o entardecer.

-É o horário perfeito.

-Só ficou corrido.

-Pois é... Mas a organização está impecável. Essas três sabem organizar um evento.

-Quando for sua vez, já sabe né?

Eu sorrio para ela e não falo nada. Porque hoje não é dia de pensar em coisas que não vão acontecer. Hoje é dia de sonhar. É o sonho da minha amiga concretizado.

Eu vi Bernardo hoje de manhã na cerimônia de rosas, nos cumprimentamos como sempre. Eu não puxei assunto e nem ele. Não precisamos ficar perto um do outro, mas daqui a pouco teríamos que ficar juntos, e pior de tudo, de mãos dadas, porque a cerimônia exigia isso.

Lembra que eu falei que o casamento budista era cheio de rituais? Pois é, um deles é esse, não sei como seria.

Talvez difícil como o casamento de Duda, mas agora eu tinha Daniel de verdade.

Eu resolvi seguir em frente, mesmo não tendo tirado ele do meu sistema. Não, meus sentimentos por ele não diminuíram, mas se aquietaram. Minha saúde agradecia, e uma boa culpa disso era de Daniel. Era extremamente fácil me relacionar com ele e depois do beijo, aconteceram muitos outros. Ainda não tínhamos dormido juntos, pory além de eu não estar me sentindo bem durante essas semanas, eu queria ir devagar.

Estava com planos para que acontecesse hoje. Eu estava me sentindo bem .. então…

Estava ansiosa com isso.

Eu sei que seria difícil estar perto do Bernardo para cumprir os compromissos ocasionados pelo cargo de madrinha. O que só me dava mais forças para programar minha noite com Daniel. Eu merecia isso... Eu merecia!

Daniel não sabia da minha doença, mas sabia da síndrome do pânico.

Eu só estava vivendo um dia de cada vez. Eu não procurei um relacionamento, ele aconteceu... E estava aproveitando isso da melhor forma possível. Eu tinha que aproveitar a oportunidade!

Já Bernardo, seguia com Melissa... Devia ser bastante confortável, já que ela era secretária dele. Eu lembro que quando ajudei ele durante aquelas três semanas que ela ficou de licença , foi bem legal estar perto dele o tempo todo. Os dois deviam estar aproveitando.

A vida era assim... As pessoas seguiam em frente... Querendo ou não, tínhamos que viver da melhor forma possível.

-Será que ela vem?

Olho para onde ela está olhando e vejo Bernardo arrumando a gravata do Paulo. Eles estão lindos! Paulo está de terno branco e eles, Arthur e Bê de terno creme. As gravatas são da mesma cor que os ternos.

-Ela quem? -Sei do que ela está falando, mas me faço de sonsa...

Melissa...

Sabrina não convidou ela para o casamento, segundo eu fiquei sabendo, Bernardo estava puto mas disse que ia respeitar a vontade dela, porque estava com o afilhado dele na barriga.

Mas eu tinha minhas dúvidas, acho que ela viria. Se viesse ... Sabrina não ia poder fazer nada…

-Melissa.

-Não sei... Mas seria muita cara de pau…

-Sim... Sabrina deu na cara dela... Eu teria vergonha de vir.

Eu rio.

-Eu também... Mais do jeito que ela anda espalhando para o pessoal do clube, que ela é a nova senhora Thomson... Então…

Duda gargalha.

-Será que isso já chegou aos ouvidos dele?

-Acho que sim... Mas Bernardo é presepeiro. Deve estar rindo da situação. Não é algo que vá tirar ele do controle.

-E se ele estiver verdadeiramente apaixonado, Cami? Pode ter acontecido.

Olho para ele, e o mesmo descobre que estamos na sacada olhando para eles. Ele sorri e finge que não viu. Continua a conversar com seus irmãos.

-Pode ser... Tudo é possível... Aí Melissa realizará o grande sonho dela!

-Que era conquistar um dos três mosqueteiros. Vamos ser obrigadas a aceitar ela, ou os meninos se afastarão dele.

Ela fala baixinho e com uma ponta de tristeza na voz. Arthur olha para ela e pisca o olho, e ela sorri.

-Sim…

Falo sério, porque é a mais pura verdade... Até agora Duda tem apoiado as decisões de Sabrina sobre Melissa, o que fez com que eles aceitassem a intolerância. Mas se Bernardo hipoteticamente resolvesse casar com Melissa, elas teriam que aceitar. Ninguém ia querer acabar com a amizade deles. E do jeito que os dois estão apaixonados, acho que seria bem possível eles fazerem isso, mesmo amando Bernardo. Mas elas nunca fariam isso.

Ela fica em silêncio, de repente se vira para mim e diz:

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