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A Redenção do Ogro romance Capítulo 79

Bernardo Thomson.

Pego a chave do carro e me encaminho para sair. Hoje vou almoçar com minha mãe.

Eu tenho cozinhado ela em banho Maria, nesses cinco meses. Nunca mais voltei a almoçar com ela nos domingos. Só vim num jantar rápido quando cheguei da Suíça e algumas visitas esporádicas.

E toda semana, ela liga para mim para saber se eu vou almoçar com ela. Era como se a esperança dela fosse renovada a cada semana. Ela não desiste!

Então como hoje não estou querendo ficar em casa, vou dar um pulo lá.

Eu tenho sempre a opção de retornar para o meu refúgio quando a paciência vai para o beleléu. Tá certo... Não terei o japonês para inventar uma desculpa e ir embora dessa vez. Ele e Sabrina foram para o Rio de Janeiro para passar a lua de Mel. Ficarão por lá uma semana. Não viajaram para longe, por causa da gravidez da Sabrina. Preferiram esperar para quando o bebê nascer.

Também será o primeiro almoço de domingo que participarei, depois que William veio morar ao Brasil.

Não sinto mais aquele incômodo que sentia em ter ele e a família dele por perto. Sei que nunca seremos amigos e que a cumplicidade que compartilho com Arthur e Paulo nunca existirá. Mas eu sei que podemos desenvolver uma amizade educada. Cada um no seu quadrado. Devemos isso às dezenas de pessoas envolvidas em nosso projeto.

E até agora as coisas tem ido bem. Até minha cunhada parece que está menos arredia comigo. Também eu não facilitei para ela no nosso primeiro encontro.

Já os gêmeos… Eles não tem nada a ver com isso. São até umas crianças bem maneirinhas, mas como disse, eu não tenho frequentado muito a casa dos meus pais para ter vínculos com as crianças.

Sento no carro e esbarro no meu nariz sentindo uma dor aguda penetrando o meu consciente e gemo.

Merda! Aquele moleque acabou com o meu nariz. Eu só espero que o rosto dele esteja igual. Barreto disse que está... E só por isso me sinto vingado.

Eu não tinha planos de transar com Camila quando subi para aquele quarto atrás dela. Eu só queria conversar sobre o que rola entre nós. Queria saber se ela sentia o mesmo que eu sentia.

Eu não sei qual foi o momento que eu decidi que conversar não era o bastante. Achei que se comprovasse as minhas suspeitas, ela abandonaria Daniel e voltaria para mim.

Afinal, como consegue ficar longe depois de tudo que rola entre a gente?!

Porque ela teima que não somos feitos um para o outro, quando não podemos encostar um no outro.

Quer dizer... Não quer sentir dor mais? Tudo bem... Podemos readaptar. Dar pra jogar sem sentir dores intensas. Se não fosse assim, Sabrina não seria submissa.

Bdsm não é só dor... E ela já devia saber disso... Tá certo que eu sou sádico, que me excita quando torturo minhas submissas, mas existem torturas que não estão relacionadas com a dor.

Então essa história de que não temos futuro, porque não temos os mesmos objetivos não cola.

E como ela está iludida! Se Daniel achou que eu estava abusando dela porque a estava dominando numa trepada, como será que deve ser transar com esse moleque?

Papai e mamãe, goza e depois vão dormir abraçadinhos?

E o pior? Como Camila está se satisfazendo com isso? Ele era pior do que eu…

Eu acho que eu devo parar de pensar nisso... Porque se não eu vou ficar louco! De verdade!

Quando ela saiu da festa, eu fiquei com o coração partido, porque vi que ela realmente ficou chateada por ter magoado Daniel. Sei que ela não ficou chateada por ter rolado conosco, mas porque não conseguiu evitar de magoar o Daniel. Ela nunca faria isso com ninguém.

Então eu entendo quando ela descontou em mim antes de ir embora. Eu era o retrato do contentamento por ter provado a ela que eu ainda estava no seu sistema. Sendo que ela tinha acabado de magoar uma pessoa que ela gostava.

Eu sei que não facilitei as coisas...

Eu sei que a vigiei a noite toda... E eu sei que a seduzi naquele quarto…

Mas em minha defesa eu tenho que dizer que eu não consegui ignorar o que sentia.

Eu estava perdido! Porque toda vez que pensava nela, meu pau dava sinal de vida. E ele não conseguiu matar a vontade dela no casamento.

Eu estava tão ferrado que mandei Melissa para sua casa esse final de semana. Não estava a fim de explicar o inexplicável, que era falta de prazer por ela. Disse que estava me recuperando do nariz quebrado, e precisava de um pouco de tranquilidade.

Por isso que gosto de submissas obedientes. Em nenhum momento ela me questionou, nem quando eu cheguei em casa com a cara toda arrebentada. Não interessa a ela o que aconteceu, e eu não pretendo contar.

Quanto a Camila, eu não podia fazer nada. Eu tinha que seguir a minha vida e deixar ela em paz! Eu não queria perturbar mais ela do que já estava. Não mesmo.

Por isso eu estava indo ver minha família. Precisava me concentrar em outra coisa que não fosse a boceta da Camila. Eu não queria perder a cabeça como Arthur e Paulo. Eu não perderia.

Meu pai provavelmente faria piadinhas sobre o meu nariz quebrado e meu olho roxo. Ele já fez no casamento! Hoje eu esperava o mesmo... Mais como disse... Seria legal alimentar um pouco o seu descontentamento comigo, pelo menos eu me concentraria em outras coisas que não fossem a Camila.

Já o meu pau, ele definitivamente não queria se concentrar em nada que não fosse a Camila.

Vejo o sinal fechado e paro, batendo no volante. Inferno!

Eu estou indo visitar a minha família, aqueles que eu evitei durante cinco meses. Porque acho mais fácil encarar os dramas que encarei com eles, do que ficar em casa pensando no que eu não posso ter.

A que ponto eu cheguei.

Ligo o rádio do carro e começa a tocar uma das músicas caipiras que ela adora.

Talvez uma viagem agora, cairia bem. Eu nunca tirei férias na minha vida. Estava num período em que sentia muita necessidade de me afastar de tudo, para esquecer. A ida à Suíça foi boa... Viajar agora poderia ser bom também.

Começa a tocar no rádio uma música que fala do cara que é solteiro mas não consegue se encaixar mais na vida de solteiro, pois não tira a amada da cabeça.

Bom... na música ele desiste de esquecer ... Mas será que é o melhor caminho?

E eu rio... Eu não acredito que estou analisando uma música sertaneja.

Batuco no volante de acordo com a melodia da música e o sinal abre.

A música chega no refrão, e eu gargalho.

"Do que adianta ser solteiro

Se eu nem aproveito um beijo

E mesmo aqui na bagaceira

Só penso em você

E ninguém tem meu sentimento

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