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A Redenção do Ogro romance Capítulo 8

Camila Coelho

Olho para o espelho mais uma vez. Nunca fiquei tão insegura em me vestir para um encontro.

Optei por um vestido azul marinho com manga bufante, e saia rodada com acabamento de renda na barra. No cabelo, fiz um rabo de cavalo. Um salto bem alto, para que eu não fique tão pequeno na frente daquele gigante. Maquiagem básica.

Chegou o grande dia... Em que vamos discutir o contrato, e dependendo do que ele me fale e se aceite minhas condições, aceite.

Ele tem razão. Eu não posso ficar sem um dominador. Se ficar será como regredir no tempo e eu preciso voltar a confiar numa pessoa.

E ele já sabe tudo mesmo...

Acredito que ele não saiba dos detalhes, porque para saber dos detalhes ele teria que conversar com as pessoas envolvidas, mas se sabe o resumo, não importa mais.

Ele poderia jogar meus traumas e medo contra mim, igual Dominique fez? Sim... Poderia…Mas não é algo que eu vá conseguir evitar a minha vida toda.

Eu preciso dos jogos! É muito fácil eu tratar a minha dor com um paliativo do que aprender a lidar com ela, de outra forma diferente.

O meu objetivo é voltar a me sentir sã e conseguir viver com minhas limitações. Não é a cura total, porque a cura total, poucos conseguem alcançar.

Eu sempre serei quebrada e machucada... Não tenho ilusões de não ser assim... Mas eu posso ser uma pessoa quebrada e machucada com qualidade de vida. E é nisso que eu vou focar…

Escuto a campainha do portão tocar, e pego minha bolsa em cima da cama. Pego as chaves e vou em direção a minha porta.

Vejo do alto da escada ele no portão, encostado no carro.

Fecho a porta e desço as escadas, trancando o portão.

-Olá passarinho.

-Olá mestre!

-Está linda!

-Obrigada mestre.

Ele abre a porta do carro e eu entro, botando o cinto em seguida.

Ele se senta ao meu lado e diz.

-Trouxe o contrato?

-Sim, está na minha bolsa…

-Pensei de irmos num restaurante italiano e lá discutimos os pormenores.

-Perfeito!

Ele sorri e liga o carro partindo em seguida.

Não demora muito para chegarmos ao nosso destino. Um restaurante sofisticado no bairro República. Nossa viagem foi silenciosa, ele está muito compenetrado e na dele, diferente daquele Bernardo sorridente e brincalhão. Até se parece com um dominador, neste momento.

Ele estaciona o carro na frente do bar e o manobrista abre a porta para mim. Eu agradeço e ele dá a chave do carro na mão dele.

Logo na entrada somos vistos por um maitre e ele nos leva a uma mesa requintada. O restaurante é luxuoso. Eu me sento e ele logo se senta à minha frente.

Depois que ele conversa com o garçom sobre as entradas e o prato principal. O garçom se afasta e ele diz.

-Já veio aqui?

-Não mestre, é a primeira vez.

-Espero que goste. A culinária italiana é a minha preferida.

-A minha também.

Ele desculpe.

-Mais uma coisa em comum.

-Verdade.

O garçom se aproxima mais uma vez com o vinho. Faz aquele protocolo de sempre, e nos serve, se retirando novamente.

Ele pega a taça, levanta e diz.

-Vamos brindar a nós dois. Que o acordo seja proveitoso para os dois lados.

Eu levantei a minha taça e brindei a sua, tomando um gole em seguida. Um vinho maravilhoso, diga-se de passagem.

-E aí Camila, o que você tem a me dizer sobre o contrato?

Eu suspiro... Direto ao ponto como sempre.

-Tenho algumas ressalvas e algumas coisas que eu não entendi.

-Ok... Vamos discutir... Estamos aqui para isso.

Tire o contrato de dentro da bolsa e ele está todo marcado com etiquetas. Eu amo esses adesivos, não me julguem. Mas eu tinha que estudar tudo para ter certeza que nada sairia do meu controle.

Ele levanta uma sobrancelha para mim e diz.

-Você realmente fez o dever de casa…

-Fiz…

-E como vai ser? Você separa por cor, tipo vermelho: nem pensar, amarelo: dúvidas e verde:sim?!?

-Básicamente isso... -eu digo sem graça.

-Imaginei…

Ele me estende a mão e eu entrego o contrato a ele.

Logo na primeira página ele enruga a testa.

-Porque nem pensar na cláusula do dinheiro?

-É muito... Como você pode ver eu pus o valor que acho justo em lápis.

Ele solta uma gargalhada. Eu olho para ele não entendendo.

-Camila, você não existe! Enquanto alguns achariam pouco a compensação financeira que ofereço, você acha muito e ainda sugere a metade do valor que colocou?

-É o preço do mercado…

-Seria se você tivesse uma madame por trás. Mas você não tem... É sozinha. Não acho justo que você receba menos que isso.

Capítulo 8 Contrato I 1

Capítulo 8 Contrato I 2

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