Bernardo Thomson.
Uma semana depois
Estou ansioso... Doido pra ver Camila.
Como disse que ia fazer, dei uma viajada para pôr os pensamentos em ordem, mas ao contrário do que pensei só precisei de duas semanas pra ter certeza do que eu quero.
Me dispo da roupa e entro dentro do chuveiro.
Pra dizer a verdade, a bastante tempo essa certeza já tem me acompanhado.Mais por uma questão de orgulho ferido, eu demorei para chegar a esta conclusão. A viagem só foi pra me afastar um pouco dela e da minha família, e pôr os pensamentos em ordem.
Lembro que no casamento de Arthur eu já sabia disso. Quando questionei Arthur com propriedade sobre Duda, na verdade eu ao mesmo tempo me questionava se Camila não era a mulher certa.
Naquele dia eu já sabia que era, mas eu achei que dava pra continuar sem ela. Eu realmente achei que dava pra voltar a minha vida super confortável, sem assumir compromisso com ninguém... E sem correr o risco de magoar ninguém, muito menos a mim mesmo.
Pois não se enganem... Eu sou assim porque não quero fazer ninguém sofrer. Eu fui criado para ser um dominador e não baixar a cabeça para nada. Se isso acontecesse, segundo meu pai, seria uma demonstração de fraqueza. E uma pessoa que nasceu para liderar ela não pode ter motivos para fraquejar. Quando eu vou conseguir fazer alguém feliz desse jeito?
Mas o que eu fuu nesses últimos cinco meses? Uma cópia mal feita do antigo Bernardo.
Eu me lembrava que eu era feliz antes da Camila, que tudo que eu tinha me bastava. Mesmo tendo brigas constantes com meu pai, mesmo tendo um irmão que eu odiava e sobrinhos que eu não conhecia. Aquilo que tinha me bastava. Eu estava feliz!
Tinha mulheres à minha disposição, o meu projeto de vida que era o hospital dava frutos, eu era um cara rico que podia fazer o que eu quisesse e na hora que eu quisesse. Porque não seria feliz?
O que me leva à questão que assola a minha consciência durante esses meses. Porque eu não consigo ser feliz agora? Porque eu não posso voltar a ser o que era antes, já que agora além de tudo que já tinha, ainda tinha um irmão, sobrinhos e um afilhado.
O que me levou à conclusão de que eu posso ter tudo na vida, mas se Camila não estiver presente, sempre vai ser como se me faltasse algo.
Eu não era feliz hoje em dia, não porque eu invejava meus irmãos, ou porque meu pai me atormentava com o seu modo torto de ver a vida. Eu não estava feliz, porque eu não possuo o paraíso.
E quando conhecemos o Paraíso, fica difícil se contentar com o Limbo!
Camila é meu paraíso! O meu porto seguro, aquele que eu posso recorrer sempre quando estiver desequilibrado ou feliz. Porque ela sempre vai acalmar meu coração.
Eu sinto falta de tudo! Até das suas músicas bregas e suas dancinhas malucas com os fones de ouvido.
Eu fui para o nordeste... Fui sim ... E fiquei pulando de cidade em cidade, procurando algo que me fizesse esquecer Camila... Fui à praia, fui aos clubes de Bdsm espalhados pelo estado, mas nada me fez tirar o cheiro, o gosto e os olhos de Camila do meu sistema.
Então eu desisti... E resolvi me render!
Estou me tornando um fraco como Arthur ou um dependente como Paulo? Talvez, mas eu não vou conseguir ser feliz longe daquela baixinha.Como uma coisa pequena, pode ocupar tanto espaço dentro do meu coração?
Então eu tenho duas opções:
Me conformo e vou embora, porque o que os olhos não vêem, o coração não sente. Se for embora, a vida continua, mas irá continuar longe de tudo que amo. Dos amigos, do meu afilhado, da minha família e do hospital. Além dela, claro. Essa opção seria a mais dolorosa de todas, mas eu faria se fosse para encontrar a paz novamente. E o tempo tudo cura... O que não dá pra curar, ele se estabiliza.
Ou eu fico, e tento reconquistá-la. Vai ser duro, porque ela está convicta de que não daremos certo, mas eu já conquistei ela uma vez, posso fazer de novo.
Eu posso mudar de vida! Se ela quiser ficar longe da dor, podemos.
Os jogos de dominação não tem mais graça sem ela. Eu achei que nunca conseguiria viver sem eles, mas eu posso me adaptar. Afinal, os jogos também são importantes para ela e eu tenho certeza que eles estão fazendo falta.
Podemos adaptar como Paulo e Arthur fizeram. Claro que vamos ter que fazer isso, uma relação de dominação total igual à que tínhamos, é muito diferente de uma relação amorosa. Afinal ninguém consegue viver 24 horas servindo a alguém e deixando seus sonhos de lado por muito tempo.
Não precisamos levar a dominação para o dia a dia, podemos apenas praticar nos jogos.
Se Arthur conseguiu, que é muito mais controlador e possessivo que eu, eu também consigo.
"E se ela estiver namorando o Daniel? Você vai se meter na relação dos dois?" -Pergunta a minha consciência para mim mesmo.
Eu vou expor tudo que sinto. Se depois dessa conversa ela ainda sim optar por seguir com Daniel e não querer mais nada comigo, paciência.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Redenção do Ogro
A história desse livro é muito massa e uma Pena que está postado a história toda...