Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 22

Após desfazer o mal-entendido com a pobre funcionária, que estava temendo o pior, Saulo e Oliver foram até o canavial, levando mais três homens para ajudar a tentar achar essa tal Rosa misteriosa, já que não havia mais nenhuma outra funcionária, ou moradora na vila com esse nome.

— Tem certeza que isso não foi coisa de sua cabeça? — Oliver perguntava ao amigo, que já havia descrito a aparência de mulher uma cem vezes.

Estava escurecendo e nenhum daqueles homens estava tendo sucesso no resultado das buscas.

— Eu não sou doido Oliver, pensa numa morena linda, dos cabelos longos, pretinhos igual carvão, ela tinha um chapéu na cabeça e carregava o chinelo quebrado na mão, usava um shortinho jeans pequeno, revelando belas coxas.

— Tudo bem, já chega! Do jeito que você já falou tanto dela, é perigoso eu vê-la também, como uma aparição na minha frente, seja lá quem for essa mulher, já deve ter ido embora daqui, daremos por cancelada essa busca, com certeza ela conseguiu achar o caminho de casa.

[…]

Pela manhã, após o café, Denise pediu para acompanhar a tia até o trabalho, não queria ficar naquela casa sem fazer nada o dia todo, e mesmo que estivesse tentada a explorar a região, não correria o risco do dia anterior.

Joaquim deixou as duas mulheres na casa grande, às seis da manhã.

Já na cozinha, Denise havia enrolado os cabelos e auxiliava a tia, a preparar o café da manhã dos patrões.

— Bom dia, Lúcia. — Um senhor muito bem-vestido adentrou na cozinha.

— Bom dia, senhor Caetano. — Lúcia o saudou educada.

— Quem é essa moça que está com você? — O velho Caetano examinava Denise, que estava auxiliando a tia lavando a louça.

— Essa é a Denise, minha sobrinha, chegou ontem.

— Ah, sim, me lembro que o Joaquim me falou sobre ela, como você está filha? — O homem educado, cumprimentou Denise.

Então ela o respondeu com um sorriso saudoso.

— Muito bem, senhor, obrigada!

— O Joaquim me falou sobre sua avó, eu sinto muito. — Joaquim se sentou à mesa, continuando a conversa.

— Obrigada, senhor, ela me faz muita falta. — Revelou.

Caetano Hoff era conhecido como um bom homem, bom chefe, e era muito respeitado por todos na região, por ser um homem de muitas posses e poder aquisitivo, mas que tinha o coração de ouro, nunca deixando de ser humilde com quem cruzava seu caminho.

— Eu me lembro quando perdi minha avó também, ela era uma segunda mãe para mim. — Caetano começou falar, como se estivesse relembrando as memórias. — Ela morreu quando o Oliver completou 15 anos. Minha velha era um poço de doçura, foi uma pessoa muito boa, por isso acredito que viveu tanto tempo na terra, morreu quando estava para completar seus 99 anos. Passando dois anos, eu perdi minha mãe e minha esposa, quase na mesma data.

— Sinto muito senhor. — Denise lamentou.

— Eu também… — O homem fez silêncio, pareceu se entristecer com a lembrança. — É muito ruim perder quem amamos, a dor do luto não é fácil de modo algum, mas as pessoas que ficam são o motivo que nos fazem continuar, no meu caso, foi o Oliver, meu único filho, já o conheceu?

— Já ouvi falar muito no senhor Oliver, mas nunca o vi pessoalmente. — Ela explicou.

— Oliver é um bom rapaz, trabalhador e estudioso, foi ele quem planejou a arquitetura da vila desde pequeno, é um rapaz muito inteligente, espero viver o bastante para vê-lo casado com uma boa moça.

— Ele e dona Liana estão bem firmes senhor Caetano, acho que logo sai o casamento. — Lúcia disse, mas se arrependeu na mesma hora, quando ouviu a resposta do homem.

— Liana não é mulher para meu filho! — O velho pareceu se enfurecer. — Em toda a minha vida, eu sempre procurei me dar bem com as pessoas, e para eu não gostar de uma, significa que a pessoa tem que ser muito ruim, eu estou tentando abrir os olhos daquele garoto, mas parece que ele foi enfeitiçado por aquela moça.

Denise escutava com atenção a conversa, sempre foi fã de uma boa fofoca, e parecia que entre sogro e nora, havia uma bem grande.

— Me perdoe senhor, não queria que perdesse a paciência logo pela manhã. — Lúcia se desculpou.

— Sem problemas Lúcia, a único pessoa que me faz perder a paciência é o Oliver, eu tento ensinar sobre a vida para aquele menino, mas ele insiste em dizer que sabe o que está fazendo, eu larguei de mão, vou deixar a vida ensinar, mas eu o alertei, que a vida não ensina com o mesmo carinho de um pai.

— Os jovens são assim mesmo senhor, eles parecem ter comichão nos ouvidos, essa é uma fase muito complicada.

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