Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 34

Sentei-me na areia, próxima a Oliver, e comecei a observar as ondas que iam e voltavam. Era lindo e mágico o mar, o vento soprava o meu cabelo, queria que aquele momento fosse eternizado, não me sentia tão feliz assim há muito tempo.

— Vejo que você não conhece nada do mundo em? — Oliver começou.

— Por quê?

— Você nunca veio a uma praia, um lugar tão simples.

— Não é bem assim, não tinha opção, entende? Minha mãe não me levava para os lugares, não me deixava sair com ela.

— Você é tão jovem Aurora, ainda precisa conhecer o mundo, para saber o que quer da vida.

— Sei o que quero da minha vida, e não preciso ir tão longe descobrir, a felicidade está no que sou e não onde estou.

— Quando conhecer pessoas diferentes, seu ideal de vida mudará, você terá vontade de sair, explorar o mundo. Jamais desejará ficar presa num lugar só.

— Claro que não. Eu queria paz, queria um lar, uma família, algo para chamar de meu e não me separar nunca.

— Quando conseguir tudo isso, você se cansa e vai embora.

— Está errado. Este é o seu pensamento, não o meu.

— Está equivocada, este não é o meu pensamento. — Se corrigiu.

— E por que fala assim?

— Porque quando pensava como você, eu acabei descobrindo que a vida não é desse jeito. — Parou de me olhar e encarou o horizonte. — Eu também queria um lar, uma família, algo para chamar de meu, mas fui enganado, e por mais que lutei para isso acontecer, não aconteceu.

Oliver abaixou a cabeça, e se não estivesse com óculos escuros, poderia jurar que seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Senhor. — Me aproximei mais um pouco, e por um instinto de condolência, pus minha mão em seu ombro. — Não deixa de acreditar nos seus ideais não, no fundo, a gente atrai o que pensa, se não deu certo uma vez, pode ser que não era para dar, não te conheço bem, mas tudo que ouço de você são coisas boas, todos falam que você é um ótimo patrão e uma pessoa maravilhosa, de um ótimo coração. Não aceite menos que isso de alguém que queria se relacionar no futuro.

Oliver olhou para mim, ainda com a cabeça baixa, minha mão ainda estava em seu ombro.

— O que te falaram sobre a mãe do Noah? — Perguntou sério.

— Ah, nada senhor eu... — Fiquei sem jeito.

— Não minta para mim, Aurora!

— Bem eu... — Me enrolei no começo, mas falei a verdade. — Eu soube que ela não merecia você, e nem seu filho.

Oliver parou por um minuto, não sei se queria continuar ou parar, nesse momento, tirei minha mão de seu ombro.

— Sinto tanto por meu filho Aurora, ele irá crescer sem a presença da mãe, tentei fazer com que ela ficasse, que talvez quando visse o rosto do filho mudasse de ideia, mas não foi o que aconteceu, por ela, deixei de lado meu orgulho, acha que era fácil vê a cara das pessoas zombarem de mim quando eu passava por um lugar? Colocavam-me apelidos por minhas costas, caçoavam, e eu fingia ser forte o tempo todo, pois pensava no meu filho que estava quase para nascer, eu achava que ela mudaria porque, no fundo, eu a amava de mais, mas não foi o que aconteceu.

— Você não foi culpado por tentar, ela que errou em não dar valor para seu amor, e de todas as pessoas que encontrei na vila, sempre ouvi coisas boas ao seu respeito, você é um ótimo homem Oliver, e será muito feliz, um dia vai entender porque teve que passar por todas essas coisas. E me perdoa a sinceridade. — Continuei. — Mas pode ser que se ela estivesse aqui, o Noah sofresse mais, quem sabe o tipo de mãe que ela seria? O que você pode fazer agora é dar muito amor e carinho ao seu filho, para que ele se sinta muito amado.

— É. Você tem razão. — Se levantou do chão rapidamente. — Vamos embora, se não iremos chegar tarde na fazenda.

Levantei-me também e o segui. Entramos no carro e seguimos a estrada sem falar mais nenhuma palavra.

Após chegar à fazenda, Denise veio me abraçar e desejar feliz aniversário, ela estava indo para o quarto ver o Noah que estava dormindo, Oliver entrou e se enfiou no escritório.

— Como você está se sentindo Aurora? — Perguntou preocupada.

— Estou bem melhor, me sinto ótima!

Subimos para o quarto e encontrei meu pedacinho de gente dormindo feito um anjinho.

— Ele se comportou?

— Claro, mas parece que sente sua falta, tanto que para dormir tive que colocar seu travesseiro perto, era como se ele procurasse seu cheiro.

— Sério?

— Estou te falando, você corre grande risco desse bebê te chamar de mãe.

Fiquei sem graça com o que Denise disse, ela também sentiu que sua frase foi um pouco desconfortável. Mas, no fundo, sabia que aquilo poderia ser real, a única pessoa que ficava 24 horas com Noah era eu, ele era apegado a mim, isso seria um risco grande mesmo.

— Me desculpa pela brincadeira, vai tomar um banho e descansar vai. Logo irão trazer um lanche para você.

— Como assim?

— O senhor Oliver me encarregou de cuidar do Noah e de você esse mês, até você se recuperar totalmente, e tem outra pessoa trabalhando lá em baixo na cozinha.

— Sério, como assim? — Fiquei chocada.

— Pois é menina, esse mês, serei a babá da babá.

Começou a gargalhar, eu ri também, mas não entendia nada. Após tomar meu banho, entrei no quarto e já tinha uma bandeja recheada de coisas para mim.

— Esse fui eu que mandei preparar, em homenagem ao seu aniversário.

Denise mostrou um pedaço de bolo de chocolate, com uma cobertura linda por cima.

— Obrigada Denise, você é um amor.

Comi tudo e depois me deitei, Noah acordou e Denise o trouxe até a mim, parecia que ele me conhecia, pois colou seu rostinho no meu peito e sorriu, nos olhamos e aquilo parecia uma conexão inexplicável.

— Daqui a pouco dá a hora do jantar, e o senhor Oliver vem buscar ele.

— Como assim?

— Os dois estão dormindo juntos.

— Sério? Pode ser porque eu não estava aqui, hoje talvez não aconteça.

— Vai por mim, vai acontecer, o senhor Oliver está uma besteira com o Noah, acho que eles estão se aproximando, sabe? Deus me livre por você ir para o hospital, mas parece que isso, os ligou.

— Será Denise?

Logo ouvi uma batida na porta, e uma mulher baixinha entrou.

— Com licença, o senhor Oliver está chamando a senhorita Aurora.

— Já estou indo, ele está no escritório?

— Não senhorita, ele está na mesa do jantar.

Denise me olhou com uma cara de surpresa, e eu fiquei mais ainda sem entender. Desci para a cozinha e Oliver estava sentando mexendo no celular, quando me viu parou, e voltou sua atenção para mim.

— Sente-se e coma!

— É que prefiro comer no quarto, senhor.

— Não estou pedindo, estou mandando. Você emagreceu tanto por pular refeições, não sei por qual o motivo disto ter acontecido, mas isso acaba hoje, comerá sempre no horário certo, eu estando aqui ou não!

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