Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 35

Comia em silêncio, era constrangedor está perto de Oliver, ainda mais porque ele era instável, às vezes agradável, às vezes impertinente, eu não sabia que personalidade encontraria nele cada vez que o via.

— Esse mês você não precisa se preocupar em relação ao Noah, Denise irá te ajudar, quero que você foque em você, para se recuperar logo.

— Sinto muito por está trazendo tanto inconveniente senhor. — Me desculpei.

Sentia muito por está passando as piores coisas da minha vida tendo meu patrão como telespectador.

Oliver me encarou respirando fundo, não o compreendia, e não sabia decifrar suas expressões, às vezes ele fazia cara de que queria me matar, mas saía doces palavras de sua boca, e outras vezes tinha um olhar que iria baixar a guarda, entretanto era só abrir a boca que estragava tudo.

— Essas coisas acontecem mesmo, espero que logo você fique bem, e pare de dar trabalho.

Não falei? O cavalo estava pronto para dá o coice.

Tudo bem Oliver ser duro do jeito dele, mas acho que não precisava jogar na minha cara algo que eu já sabia. Ele não tinha obrigação sequer de ficar comigo ou me ajudar, mas já que o fez, o mínimo que poderia ter era um pouco de empatia, por eu estar tão fragilizada, e por saber que não havia ninguém no mundo para interceder por mim. Não o respondi, apenas terminei de comer em silêncio, enquanto ele me observava.

— Já terminei meu jantar, irei para o quarto se me permitir. — Ironizei.

— Espere, irei junto.

Levantou-se e começou a caminhar atrás de mim, entrei no quarto. Logo Noah já havia tomado banho e de roupinhas trocadas, Denise me deu boa noite e saiu, ficamos só nós três.

— Irei levá-lo, ele dormirá comigo.

— Eu já estou aqui, não precisa se incomodar. É cansativo para o senhor ter que ficar acordando de madrugada.

— Tem razão, é cansativo, mas é o meu papel como pai não?

— Sim, mas é meu trabalho também, como babá!

— A partir de hoje ele dormirá comigo, de dia é muito corrido para que eu possa ter um tempo com ele, então a noite é o meu melhor horário.

Pegou Noah e saiu do quarto.

Como não podia falar nada, me deitei na cama e comecei a mexer no celular. Recebi uma mensagem de Isa.

"Desculpas não poder ligar, tive prova hoje, feliz aniversário amiga, eu te amo!"

Quando li aquela pequena frase, lágrimas desceram de meus olhos, me senti a pessoa mais rejeitada da face da terra, a única pessoa que eu tinha certeza que me ligaria e falaria comigo, estava ocupada demais.

Nunca fui de implorar amor de ninguém, sempre soube diferenciar e entender as necessidades dos outros, mas hoje, eu queria ter pelo menos alguém que me procurasse para dizer que tirou um pouquinho do tempo corrido para pensar e ligar para mim.

Eram onze e meia da noite, quando senti sede e percebi que a garrafa que ficava ao lado da minha cama estava vazia, então levantei e fui até a cozinha. Estava tudo escuro, resolvi não acender nada também, apenas a pequena luz de led que ficava em cima da pia.

Enquanto esperava a garrafa encher, pensava na tristeza que me corroía, eu não era prioridade na vida de ninguém, não tinha um lugar no mundo para chamar de meu. Lágrimas corriam pelo meu rosto, quando uma mão passou do meu lado e desligou a torneira.

— Já encheu, para quê ficar vendo a água derramar? — A voz estrondosa de Oliver ecoou pela casa silenciosa.

Ele estava atrás de mim, não sei como fazia isto, mas ele chegava sempre em silêncio.

— Desculpa — Minha voz tentou sair firme, mas foi em vão, com a voz de choro, saiu o susto que levei ao notar sua presença.

— Você só vive pedindo desculpa, já estou cansado disso. — Falava enquanto ainda estava em pé nas minhas costas.

Queria sair dali, mas ele me prendeu com os dois braços entre a pia.

— Vire-se para mim Aurora! — Com seu tom mandão, fez com que me virasse para ele, sem que saísse de seu território.

Me virei, mas fiquei de cabeça baixa, não havia dado tempo de enxugar as lágrimas, não queria que me visse assim.

— Por que você está chorando?

— Não é nada, só estou um pouco cansada senhor. — Menti.

— Está triste? — Sua voz dessa vez saiu branda.

Levantei minha cabeça um pouco, e deu para ver seus olhos fixos em mim, eu queria inventar qualquer coisa, mas nada do que falasse adiantaria, pois ele sabia a resposta.

— Um pouco. — Minhas lágrimas voltaram a cair, lentamente.

— Por quê? — Continuou.

— É só pelo dia, amanhã já estarei melhor. — Tentei sorrir, mas foi em vão.

— Devido ao seu aniversário?

Balancei minha cabeça num sinal de afirmação, eu esperava que meus dezoito anos fosse uma mudança de vida, mas não imaginava que o passaria sozinha, sem sequer a presença de uma amiga.

— O que você queria agora Aurora. O que te faria feliz?

Sua pergunta saiu de surpresa, e fez com que eu parasse para pensar naquele momento o que mais precisava para me sentir melhor, pensei em várias coisas e pessoas, mas me senti vazia, o que eu realmente precisava era de calor humano, alguém que dissesse, eu estou aqui com você, por você.

— Um abraço. — Respondi baixinho, quase num sussurro para mim mesma.

Mas meu sussurro foi o suficiente, para sentir um par de braços fortes me envolvendo e me abraçando forte. O calor do seu corpo fez com que me sentisse acolhida e protegida, as lágrimas ainda corriam, mas Oliver me fez sentir feliz naquele momento. Enquanto me abraçava, uma de suas mãos fazia cafuné em minha nuca, eu poderia me sentir constrangida quando aquele abraço acabasse, mas naquele momento era a coisa mais gostosa do mundo, entretanto, do mesmo jeito que não há mal que dure para sempre, também não havia bem. Fomos interrompidos por um leve chorinho, que vinha da babá eletrônica que estava no bolso de Oliver.

— Preciso ir. — Falou, mas sem me soltar.

— Tudo bem. — Respondi frustrada.

— Feliz aniversário!

Ao falar, Oliver me abraçou mais forte, depois me deu um beijo na testa e saiu andando, em direção ao seu quarto, para cuidar de Noah.

E eu fiquei ali, paralisada por alguns minutos.

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