Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 34

Chegando em casa, Saulo encontrou Lúcia, que terminava de tirar uma forma de bolo do forno. Ele fingiu ir até a geladeira, pegar uma garrafa de água e aproveitou para sentar à mesa.

— Podemos conversar por um minuto, Lúcia? — Perguntou educado.

— Pois não, senhor. — Ela não gostava da ideia do rapaz enganar sua sobrinha, mas gostava de Saulo, ele sempre foi educado e respeitoso com ela.

Por mais que estivesse sem jeito, Saulo queria resolver aquela situação.

— Bem, acho que já sabe que está acontecendo algo entre mim e Denise.

Lúcia ouvia com atenção, queria saber até onde iria aquela conversa.

— Desde que vi sua sobrinha pela primeira vez, me encantei por ela, e quero muito que saiba que tenho as melhores intenções.

— O inferno está cheio de gente com boas intenções, além do mais, o senhor já tem namorada no seu país, não pode querer arrumar mulher em todo lugar que chega, isso é errado.

— Eu não tenho namorada, essa moça que chegou hoje pela manhã é minha ex, nós não temos nada mais, terminamos há muito tempo, se ela veio aqui em busca de uma reconciliação, perdeu totalmente o seu tempo, eu gosto da Denise e quero namorá-la.

— Mas vocês dois são pessoas totalmente diferentes, senhor, Denise é uma pobre coitada que não tem nem onde cair morta.

— Não me importo com isso, Lúcia. Denise é uma mulher trabalhadora e tem tudo para se dar bem na vida. Ela é bastante inteligente. Acredito que o que falta na vida dela é oportunidade. Gostei dela pelo seu jeito de ser. Gostaria de um compromisso sério e gostaria que você me apoiasse. Hoje à noite, irei à sua residência conversar com Joaquim sobre minhas intenções com sua sobrinha, mas gostaria de deixar claro, que não tenho a intenção de magoá-la.

— Mas o senhor é nosso patrão também, isso não vai dar certo, é melhor deixar essas coisas como estão, afinal vocês se conheceram recentemente, é melhor esquecerem disso e seguirem cada um a sua vida.

— O tempo não significa nada em relação ao que estou sentindo, Denise é a mulher da minha vida, eu sei, eu sinto! — Ele afirmava seriamente.

Lúcia não sabia o que dizer, o homem parecia dizer a verdade, mas ela tinha medo de que isso fosse apenas euforia dos primeiros dias, ou uma paixãozinha boba que logo acabaria, e ela sabia que o lado mais fraco seria o que mais sofreria com a separação.

— Senhor Saulo, vejo que você está muito confiante em suas palavras e percebo que você gosta dela. Se isso for o que vocês desejam, eu não vou me opor. Afinal, Denise é uma mulher que sabe se cuidar muito bem sozinha, então eu concordo. Agora, é necessário tratar com Joaquim, já que foi ele quem assumiu com os pais a responsabilidade de cuidar dela.

— Obrigado Lúcia, não irei desapontar vocês, muito menos a Denise, e em relação a essa mulher que está aqui, não se preocupe, eu não tenho nada com ela.

Após subir para o quarto, para arrumar algumas coisas para pôr na mala, Saulo encontrou Liana saindo do quarto de Oliver.

— Aí estar você, ia te procurar agora. — Começou com sua voz chata, não entendia como Oliver era apaixonado por aquela mulher.

— O que quer comigo? — Perguntou sem um mínimo de humor.

— Estava conversando com o Oliver, que sua namorada chegou do exterior, então tive a ideia de sairmos para a capital hoje a noite, um jantar de casais, afinal o Oli estar há muito tempo trancado neste quarto, ele precisa se distrair um pouco, para esquecer o que aconteceu.

— Concordo com a sua opinião quanto à necessidade de Oliver se distrair, mas a sua proposta de sairmos juntos não me agrada. A Linn não é minha namorada e não nos encontramos há muito tempo. Além disso, não compreendi o motivo pelo qual você solicitou que ela permanecesse aqui por um tempo, quando eu a havia mandado embora.

— Não seja rude, Saulo, a mulher chegou cansada de uma viagem internacional, queria que ela voltasse no mesmo dia? Isso não é atitude de um bom anfitrião, eu simplesmente disse a ela para ficar o tempo que quisesse, afinal, o ar do campo é uma maravilha.

— Que pena que você não gosta né? Já que vive viajando por aí com tédio desta fazenda.

— Sou uma mulher jovem, quero conhecer o mundo.

— Eu não a culpo por querer fazer tal coisa, só não acho justo você enganar meu amigo, sabe muito bem qual é o estilo de vida dele, e como ele ama esse lugar, sem ter nenhuma intenção de se mudar daqui. Já você, todos sabem que odeia esta fazenda e não suporta ficar muito tempo aqui. Já que sabe que essa conta entre vocês nunca fechará, por que insiste num relacionamento que não dará certo futuramente?

— Para de se preocupar com os assuntos que não são do seu interesse, eu quero saber se você irá hoje à noite conosco, só isso.

— Não irei, tenho um compromisso na casa da família da minha namorada.

— Então você não quer saber da Linn porque já está com outra? — Insinuou. — Como você é rápido.

— Eu já terminei com a Linn há muito tempo, a minha namorada conheci praticamente agora, não confunda as coisas.

— Quem é a sortuda, posso saber?

— Você já a viu uma vez, quando estávamos em frente a farmácia.

— Aquela indígena? Meu Deus, Saulo, como o seu gosto foi parar tão baixo assim? Se a Linn a ver, terá até depressão, em saber que foi trocada por aquilo.

— Olha só como fala da Denise, entendeu? Lava a porcaria dessa tua boca antes de mencionar algo sobre ela, se não quebro seus dentes.

— Olha só como ficou, começou até a me ameaçar. O Oliver não irá gostar de saber de uma coisa dessas, pode ter certeza.

— Tenho certeza, que o Oliver também não iria gostar de saber que você estava atrás do refeitório sozinha com o Túlio.

O semblante de deboche de Liana se desmoronou todo, não gostava do que acabava de ouvir.

— Do que está falando?

— Eu sei que o Caetano encontrou vocês dois lá atrás do refeitório, um pouco antes de morrer. Daí fico me perguntando, o que será que ele viu, que o fez chegar tão nervoso aqui em casa? Já que eu não coloco minhas mãos no fogo por você e muito menos pelo Túlio, que já está com o nome queimado por mexer com mulheres mais novas que ele.

— Quanta baboseira! — Se irritou. — Que culpa tenho eu, de encontrar o Túlio atrás do refeitório? Foi apenas uma coincidência, e como tinha assuntos relacionados à farmácia, acabamos conversando por lá mesmo, já que não devo nada a ninguém e o local onde estava pouco importava. Enquanto conversávamos, o meu sogro apareceu e ele já estava nervoso atrás de Oliver. Independentemente do motivo, não foi culpa minha.

— É bom ser isso mesmo Liana. — A ameaçou, saindo dali.

Deixando a mulher totalmente irritada, aquilo ali não estava em seus planos, não sabia que mais alguém além do velho Caetano, teria a visto com Túlio, atrás do refeitório.

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