Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 41

Denise ainda estava desacordada dentro do carro que a levava para o hospital, em sua cabeça, havia um hematoma, Angelina se sentia culpada por não conseguir chegar a tempo de interferir naquela tragédia.

Seu marido Mark dirigia o carro em alta velocidade, tentaria chegar ao hospital o mais rápido possível, temia pela vida da moça e do bebê que estava em sua barriga. Chegaram no hospital em menos de 15 minutos.

Denise já foi sendo imediatamente atendida, enquanto Mark tentava contatar Saulo.

Cora foi para a delegacia prestar queixa contra Betty Taylor e os dois funcionários, que acabaram fugindo do lugar quando viram a polícia chegando.

Betty foi presa em flagrante, e levada para a delegacia. Quando os policiais deram voz de prisão, a mulher gritou, esperneou, cuspindo na cara de um dos policiais, insultando sua farda e dizendo que ele não fazia ideia com quem estava se metendo.

Mark não conseguindo ligar para Saulo, pois seu telefone só dava fora de área, então acabou ligando para o hospital onde o pai dele estava internado, lá, ele obteve a notícia de que Saulo havia retornado para a Inglaterra.

Então Mark supôs que Saulo estava em voo e que logo chegaria.

Deixou uma mensagem para quando chegasse, vir direto para o hospital onde a noiva estava.

Quatro horas se passaram, até que o médico que atendeu Denise apareceu.

— São os acompanhantes da senhorita Denise?

— Sim, por favor nos dê boas notícias, doutor. — Angelina estava desesperada.

— Bem…

Antes do médico começar a falar, Saulo chegou ao hospital, Mark logo o viu e pediu ao médico que esperasse.

— Saulo, que bom que você está aqui! — Abraçou o amigo.

— O que houve, recebi sua mensagem e me assustei, o que houve com a Denise para ela ter que vir para o hospital? E por que ligo para minha casa e ninguém atende?

— É uma longa e terrível história, meu amigo.

Saulo estava alheio a todas as coisas, Mark apenas havia falado que Denise estava no hospital, mas não contou o motivo, e Cora não havia conseguido conversar com o patrão, ela apenas blefou com Betty, sobre ter avisado a Saulo, na esperança dela parar com o que estava fazendo, já que ninguém conseguia conversar com ele.

— O que houve com a Denise, ela está bem? — Perguntou preocupado.

— O médico que a atendeu está ali, ele vai nos falar do estado de saúde dela agora mesmo.

Então Saulo, Mark e Angelina se aproximaram mais uma vez do médico.

— Este é o noivo da Denise, por favor doutor, continue.

Mark explicou, antes do médico começar a falar.

— Bem… a queda da senhorita Denise, acabou lhe causando uma fratura no seu braço esquerdo, então fizemos uma cirurgia de correção. Ela terá de usar uma tipoia por 20 dias, quanto ao bebê, nós sentimos muito, a queda da moça foi muito brusca, e infelizmente com a pancada, nós não conseguimos segurar o feto.

Ao ouvir as palavras do médico, Saulo teve um mini infarto.

— Bebê? — Perguntou confuso — Denise estava grávida?

Angelina já estava com os olhos cheios de lágrimas, e chorava no peito do marido, Saulo estava paralisado. O médico percebeu que o homem ainda não sabia da notícia, então se desculpou.

— Sinto muito senhor, nós fizemos tudo que a medicina pode fazer, mas havia um grande sangramento que devia ser controlado, ainda é cedo para dizermos, mas… — O médico ponderou. — Será muito difícil sua noiva engravidar outra vez.

As palavras que saíram da boca do doutor, foram como farpas no coração de Saulo, ainda mais para ele que sonhava em ser pai, aquilo lhe parecia um pesadelo.

— Onde está a Denise? — Perguntava desesperado.

— Ela será levada para o quarto em alguns minutos após a curetagem, sinto muito. Ela ainda não sabe sobre a perda do bebê, esperaremos que ela acorde para contar, e contávamos com a presença de algum familiar para acalentá-la.

— Não, não pode ser.

Saulo caía em lagrimas, tudo ao seu redor começava a ficar negro. Como em poucos dias tanta coisa ruim pôde acontecer de uma só vez?

— Saulo, precisamos conversar. — Angelina começou, mesmo que estivesse triste pela amiga, teria que contar a verdade sobre o que estava realmente acontecendo, antes mesmo dele entrar no quarto onde a noiva estava.

— Angelina, o que aconteceu com a Denise, que queda foi essa que ela sofreu?

— Por favor, sente-se. Mark, traga um pouco de água para o Saulo. — Pediu ao marido.

Após Mark sair e Saulo se sentar na cadeira da sala de espera, Angelina começou a contar o que houve. Cada palavra que saía de sua boca deixava Saulo mais perplexo do que nunca, ele não conseguia acreditar que o que houve com Denise, não foi um acidente e sim um crime.

Um grande silêncio se instaurou por ali, não havia nada que pudesse ser dito.

— Com licença. — Uma enfermeira se aproximou. — São os acompanhantes da senhorita Denise?

— Sim.

— Ela já foi levada para o quarto, e já pode receber visitas.

Saulo se levantou de imediato, indo em direção ao quarto onde a noiva estava, mas quando chegou na porta, paralisou. Não conseguia abrir, era como se seu corpo não tivesse forças o suficiente para enfrentar a moça que estava lá dentro, como contaria a Denise sobre a perda do bebê?

Saulo ficou paralisado ali de frente a porta, não sabia o que fazer, estava quebrado, toda a dor do mundo se apossou de seu coração.

Jamais imaginava que a mulher que lhe pôs no mundo, seria a causadora de toda a sua dor e sofrimento.

De repente, a porta do quarto foi aberta e dali saiu uma enfermeira.

— Boa noite. — Saulo estava em silêncio. — É familiar da senhorita Denise? Ela ainda não acordou.

Ao ouvir o que a enfermeira disse, ele então criou coragem de entrar no quarto. Seus olhos logo se enchiam de lágrimas, ao ver a mulher que mais amava no mundo desacordada e com um hematoma na testa. Seu longo cabelo preto não existia mais. Não conseguia olhar para ela por muito tempo.

Se sentia culpado, jamais deveria trazer a amada para a Inglaterra, viviam tão bem no Brasil, deviam se casar e ser felizes lá. Se seus pais quisessem conhecer a nora, eles que dessem um jeito de ir ao Brasil.

Saulo ficou ali em pé, de cabeça baixa, por um longo tempo, pedindo para Deus que o acordasse daquele pesadelo horrível.

Logo os olhos de Denise começaram a se abrir, ele não havia notado, pois estava imerso em sua tristeza.

— Saulo… — A voz saiu trêmula e fraca, como num sussurro.

Então ele a olhou, quando seus olhos se encontraram, cada um viu o vazio que o outro carregava.

— Saulo, você está aqui? — Sua voz era embargada de tristeza. — Estou com sede.

Ele foi até a jarra e encheu um copo de água para Denise, fazia tudo em silêncio, não tinha coragem de começar a falar, não havia palavras em sua boca.

— Eu sinto uma dor enorme na ponta da barriga. — O olhou. — Você já deve ter ficado sabendo, eu sinto muito por não ter dito antes.

Ele apenas a observava, e Denise começou a se assustar com o silêncio do amado.

— Amor, por favor, diga alguma coisa.

Ele se aproximou da amada e a abraçou, se debulhando em lágrimas.

Como contaria sobre a perda do bebê e da possibilidade dela não poder ter mais filhos?

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