Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 42

Eram três e meia da manhã, e acabamos de ver a câmera de segurança, o vagabundo do sequestrador, estava vestido totalmente de preto, com boné e máscara, não podendo identificar a cara, mas eu sabia muito bem quem era.

Já havia chamado a polícia, que já estava investigando as câmeras de segurança da estrada, e eu chamei mais cinco carros de segurança particular, eles eram homens totalmente armados e de confiança

Logo um carro suspeito foi visto, pelas câmeras, ao investigarmos a placa, descobrimos ser de um funcionário do hospital onde Aurora ficou internada.

Eu estava angustiado, Selma já estava cuidando de Noah, e eu peguei meu carro e tentava imaginar para onde aquele imbecil do padrasto havia a levado.

Eu tinha certeza que era ele, já havia falado para a polícia de minha suspeita.

Logo eles ligaram para a mãe de Aurora, que se justificou dizendo que, o marido estava viajando a trabalho.

Eu não sabia dizer se essa mulher estava acobertando o canalha do marido.

Tanto que após a polícia ligar, resolvi conversar com ela, por conta própria.

— Escuta senhora, se a senhora não me falar onde está o seu marido exatamente, as coisas ficarão feias para você também.

— Quem é você? Não é da polícia, porque eles já me ligaram mais cedo, eu sei que não é! Você está ligando atrás daquela menina, por acaso é algum namoradinho drogado dela?

— Seu marido sequestrou a Aurora, as coisas ficarão feias se eu encontrá-lo antes da polícia!

— Você está me ameaçando? Por acaso você sabe quem eu sou? Aliás, sabe quem meu marido é? Ele é funcionário do ministério público, nós conhecemos muitas pessoas influentes, eu vou é acabar processando você, que deve ser algum moleque nas fraldas ainda, que aquela ingrata da Aurora arrumou, fique sabendo de algo, se ela está sumida, é porque alguma coisa deve ter feito, está apenas colhendo o que plantou, talvez esteja devendo droga ou mexido com algum homem casado, porque foi isso que ela fez aqui em casa, deu em cima do meu marido, enquanto eu estava trabalhando e a irmã estava doente na cama, Aurora não presta, é uma sem futuro e você seu moleque, vá procurar o que fazer ao invés de ir atrás daquela perdida

— Logo você saberá quem sou, e a única pessoa que não presta nesta história é você e aquela canalha, fique ciente de uma coisa, se seu marido tocar num fio de cabelo dela, considere-se uma mulher viúva!

Desliguei o telefone, estava com raiva, eu não acredito que numa situação dessas, a mãe ainda fique contra a filha, como uma pessoa tão boa e doce como Aurora podia ser filha de um monstro desses?

Meu telefone tocou, e atendi imediatamente, era um dos meus seguranças.

— Senhor, recebemos informações que um carro com a mesma descrição do carro do sequestrador foi em direção a ilha Valença.

— Chamem todo o reforço.

— Ainda não falamos com a polícia.

— Não precisa, nós vamos cuidar desse assunto sozinhos, chamaremos a polícia na hora certa.

Peguei o carro e fui em direção a ilha Valença, que ficava a uns 40 quilômetros de onde estávamos, meu coração estava acelerado, eu imaginava que o pior pudesse acontecer com ela se demorássemos demais, já havia se passado quatro horas após eu notar o desaparecimento dela, estava inconformado, por que mandei ela me esperar lá fora?

Por que eu não deixei que ela fosse cuidar do Noah e eu que ficasse a esperando?

— Que droga!

Batia no volante do carro enquanto dirigia, não podia deixar que algo acontecesse com ela, ainda mais agora, que consigo perceber o que estou sentindo.

Meu carro estava em alta velocidade, eu não estava nem aí para as multas de trânsito. Logo encontrei com os seguranças, que estavam nos carros e fizemos uma rota estratégica.

A Ilha Valença era um lugar de difícil acesso, havia um hotel que começou a ser construído lá há anos e nunca foi terminado, ela só poderia está lá.

Resolvemos nos separar e rodear o lugar, assim não daria espaço para que eles pudessem fugir, em certo ponto deixamos o carro e começamos a andar a pé para não dar na cara a nossa chegada, a outra equipe, mapeou o local com um drone, mesmo que ainda estivesse clareando, deu para ver o carro do safado estacionado, num local de difícil acesso.

— Quero que vocês tenham cuidado com ela, entendeu? Quero ela sem um arranhão.

— E os sequestradores?

— Não me importo, façam o que tiver de ser feito, se eles se preocupassem com suas vidas, não estariam fazendo esse tipo de besteira.

— Sim senhor!

Eu também estava armado, ser um empresário conhecido no ramo do agronegócio, às vezes é muito perigoso, tanto que quando tirei meu porte de arma, a primeira coisa que fiz foi montar meu arsenal, além de ser um passatempo quando era mais jovem.

Me lembro quando eu saía para caçar com meu pai, era tão divertido os momentos que passávamos juntos, e, ao mesmo tempo, um treino, geralmente cassávamos no final do outono, assim tínhamos comida para o inverno, nunca matei ninguém na vida, mas faria, se fosse preciso.

Quando aconteceu toda aquela merda na fazenda, e vi Túlio e Liana juntos, pensei mil vezes em estourar os miolos dele, mas não!

Fui tão besta em pensar na Liana, e pensei também em meu filho, não merecia nascer com o pai atrás das grades.

Quando Liana fugiu do hospital com Túlio, eu pensei também em tirar minha vida dentro de casa, com a arma seria mais rápido, mas não tive coragem.

Não queria que Noah crescesse no lar onde o pai tivesse cometido tal ato, naquela noite, eu saí sem rumo e sem direção, havia deixado Noah deitado na cama, mandei mensagem para o Saulo dando todas as coordenadas do que ele deveria fazer. Após a minha morte, ele cuidaria de Noah, daria o melhor e mais merecido futuro a ele, e logo após completar seus 18 anos, ele e Saulo dividiriam a fazenda e todos os meus outros bens em partes iguais.

Estava desolado, quando pensei haver chegado ao fim da minha vida, ouvi aquela doce voz, pensei que fosse fruto da minha cabeça que não estava nada bem, mas, Aurora apareceu, estava toda encharcada, pálida igual a um defunto, seus lábios tremiam de frio, seus olhos estavam assustados, mesmo assim, ela gritou e pediu para que eu não fizesse aquilo.

Ela poderia ter morrido ali, eu poderia ser um monstro e ter acabado com ela naquela estrada, mas ainda assim, pensou em salvar um estranho, devo a minha vida a ela, hoje eu realmente agradeço por ela aparecer, não só naquela ponte, mas também em minha casa, cuidado do Noah, me ensinando do seu jeito a ver as coisas de outro ângulo, e me mostrando, que nem todas as pessoas são canalhas.

Tentei me manter afastado, tentei não pensar nela, mas ela traz uma paz tão grande quando estou ao seu lado, o seu jeito inocente de ver a vida, sem ambição nas coisas alheias, ela simplesmente quer um lugar e pessoas para poder chamar de lar.

Hoje eu iria retribuir o favor que ela me fez na ponte salvando a minha vida, e eu não mediria esforços para tirá-la de lá sã e salva.

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