Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 45

O preguiçoso do Noah já havia dormido outra vez, Denise estava sentada na varanda do quarto e eu fui ficar com ela.

— O que está pensando Denise? — Perguntei, porque ela estava com os olhos fixos no horizonte.

— Nada, sabe? — Levantou-se e olhou para o mar. — Acredita em destino Aurora?

Sua pergunta me pegou de surpresa, eu não sabia o que responder.

— Sei lá! — Me sentei. — Acredito em Deus, e que ele tem propósitos nas nossas vidas, então acho que as pessoas chamam isso de destino, não é?

— Eu acredito, sabe? — Se sentou ao meu lado. — Acho que tem pessoas que tem o destino traçado com outras, que aparecem no lugar certo e na hora certa.

— Por que você fala isso?

— Olha só você, saiu fugida de casa, pegou a estrada a pé e apareceu assim de repente na fazenda, bem na hora que o patrão precisaria de alguém para cuidar do Noah.

— Se eu te contar uma coisa, sua teoria da conspiração vai crescer.

— O quê? Não acredito que esconde algo de mim dona Aurora! — Me repreendeu.

Me lembrei que de toda a minha história que falei para a Denise, havia deixado oculto a parte de que encontrei Oliver na ponte, não havia falado nada, pois achava que ela não era de confiança o bastante, mas depois de tudo que fez, e faz por mim, vi que ela merecia um voto de confiança.

— Me promete, por favor, que não vai contar nada a ninguém, nem ao Saulo, por favor, bem. — Corrigi. — Se ele já não estiver sabendo né? — Acho que o Saulo já sabia dessa história.

— Ai Aurora, por favor fala logo!

— Quando vim para a fazenda de noite, naquela ponte que fica na estrada, eu encontrei o Oliver, ele estava prestes a se jogar de lá!

Denise pôs a mão tapando a boca, que ficou aberta depois que contei com detalhes o ocorrido.

— Aurora do céu! Eu sabia que havia acontecido algo naquela noite, pois encontrei muitas chamadas perdidas do Saulo e mensagens para eu ir correndo para a fazenda, mas a tia não deixou eu ir, pois o senhor Oliver mandou todos os funcionários da casa embora, e deu ordens, que só voltassem quando mandassem, ameaçou dizendo que se alguém aparecesse por lá, ele mandaria embora escorraçado sem direito a nada, então tio Joaquim ficou com medo de ir também, o senhor Oliver estava tão alterado nas ligações que fez do hospital, ninguém ainda sabia que a Liana tinha fugido e deixado o bebê, todos ficaram abismados, e quando voltaram a trabalhar na casa, já encontraram você lá cuidando do Noah.

— Por favor, não comenta isso com ninguém.

— Pode deixar, esta conversa morre aqui, mas eu não estou falando Aurora, é o destino! Você e o senhor Oliver estão destinados um ao outro, você o salvou e ele a salvou.

— Ai Denise, para com essa conversa, olha para mim, eu não tenho nada, só a roupa do corpo, tenho apenas dezoito anos, não tenho uma profissão renomada e nem um curso no currículo, o que Oliver veria em mim?

— A Liana, também não tinha onde cair morta, e ele ia casar com ela, mesmo contra a vontade do pai, imagina então você, linda, inteligente, gentil e ama o filho dele!

— Para de falar coisas nada a ver.

— Fala para mim, você está gostando dele também não é? — Perguntou eufórica!

— Não sei. — Eu estava confusa, Oliver realmente mostrou um interesse por mim, mas podia ser algo comum, não significaria que ele queria algo sério comigo, talvez só queria ter uma noite apenas. — Ele me beijou algumas vezes, mas nada que seja algo sério, tanto que não conversamos sobre isso depois.

— Sinto que ele esteja gostando de você, tanto que já está mudando e voltando a ser o Oliver de antes.

— Não viaja, o que está acontecendo, é que o tempo está passando, e ele está simplesmente seguindo a vida dele.

— Sabe Aurora, seria bom se vocês ficassem juntos, vocês se merecem.

— O Oliver às vezes é um bruto, não vem falar que mereço isso não! — Rimos.

— Pode ser às vezes, mas nesses últimos dias, ele está sendo um cavalheiro, não é?

— Ele está sendo ótimo para mim, e eu nem sei como agradecer, se eu trabalhasse a vida inteira de graça para ele não seria o suficiente.

— Daqui a uns dias, não vai mais precisar trabalhar, pois se tornará a patroa.

Rimos mais uma vez.

— Para de viajar, você que daqui a uns dias será a dondoca da região, o Saulo está caidinho por você, daqui a uns dias, vocês casam. — Dessa vez Denise não riu junto comigo, parecia viajar em seus pensamentos. — O que foi? Falei algo que te ofendeu?

— Não Aurora, claro que não. É que sou bem realista, sabe, uma coisa é eu e o Saulo aqui, curtindo nossos momentos, outra coisa bem diferente, é nós nos casarmos.

— Por que você fala isso? Ele é louco por você, todo mundo ver.

— O problema não é ele, é a família. — Denise me encarou séria. — Saulo é o único filho e eles são ingleses, então você já pode imaginar um monte de gente igual a ele, todos loiros de olhos azuis, aí agora, imagina eu chegando lá? Uma pessoa da minha cor, com descendência indígena ainda, não tenho família rica e muito menos sou alguém na vida.

— Nossa Denise, nada a ver isso, eles irão amar você.

— Claro que não! Saulo já me deixou claro, que os pais são racistas e preconceituosos, por isso a gente vive aqui, ele disse que no dia em que me levar à casa dos pais, já iremos casados, para eles não falarem mais nada, nem quererem nos separar.

— E isso não é bom? Assim eles irão te respeitar.

— Claro que não Aurora! Eu jamais aceitaria isso, se um dia, eu chegar a conhecer a família dele, eles terão que me respeitar como sou, não por ser esposa do filho deles.

— Nossa Denise, isso é tão absurdo, não é? Em pleno século vinte e um, ainda existir gente que se incomoda com a cor do outro.

— É horrível isso, mas para mim está tudo bem, porque eu e o Saulo estamos bem aqui, sem precisar de gente assim perto, para você é mais fácil, se o Oliver estiver interessado e você o quiser, vocês poderão viver tranquilamente, pois não haverá ninguém que perturbe a sua paz.

— Não viaja de novo, o Oliver é um homem muito sério, para olhar e se interessar em alguém como eu.

— Tá bom. — Zombou — Não se interessa, tanto que até a suíte principal da casa ele cedeu para que você ficasse mais a vontade, fora outras coisas.

Passamos o resto do dia conversando e dando risadas de besteiras, Denise era uma ótima companhia, e tão gente boa, sempre sorrindo, ninguém imaginaria que ela teria seus próprios conflitos para resolver, espero que minha amiga seja feliz no amor, ela merece.

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