Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 46

Dois dias após aquela conversa desagradável com Denise, Saulo tentava desfazer da cabeça da mulher a ideia sobre separação, porém, tudo parecia em vão, pois ela vivia o ignorando.

Era sexta-feira e ele estava no escritório da vila, quando seu celular tocou, logo viu que era uma chamada de Oliver.

— Fala cara.

— E aí Saulo, estou te atrapalhando? — Oliver perguntou.

— Não, claro que não, pode falar.

— Será que você poderia pegar a Alice na escolinha para mim? Estou na capital com a Aurora, fazendo os exames de rotina dos garotos, e o Joaquim levou a Lúcia na casa de uma parente, mas o carro quebrou no caminho, e ele não conseguirá chegar a tempo de buscá-la.

— Claro, irei agora.

— Obrigado amigo, você pode deixá-la com a Fernanda lá em casa, tudo bem?

— Quem é Fernanda? — Perguntou confuso.

— É a nova babá que contratamos, é muito difícil dar conta desse tanto de criança sozinhos.

— Tudo bem, eu a levarei para casa.

Saulo saiu do escritório e dirigiu até a escolinha da vila, logo que desceu e entrou no pátio, viu a mini Aurora sentada sozinha na recepção.

— E aí pequeninha. — A saudou, passando a mão na cabecinha dela.

— Tio Saulo! — Ao ver o homem, ela saltou de alegria pulando no colo dele. — Que bom que veio me buscar, o tio Joaquim não chegou até agora, achei que me deixariam dormir aqui.

— O Joaquim teve um pequeno contratempo, então quem vai te levar para casa hoje, sou eu.

— Sério? Que legal, queria mesmo ver a tia Denise, estou com muita saudade dela.

— Não, meu amorzinho, eu irei te levar para a sua casa.

— Poxa… tio, eu preciso ver a tia Dê, ninguém lá em casa quer me deixar ou levar para vê-la.

— É porque a sua tia não está muito bem, meu amor.

— Eu sei, mas tenho um recado para ela que a deixará muito feliz.

— Que recado? — Perguntou curioso.

— É segredo, coisa de meninas, só ela pode saber, por favor tio, me leva para sua casa, quando a Rora e o papai Oliver chegar, eles me buscam. — Alice juntava as duas mãozinhas em sinal de súplica, pedindo para ele aceitar seu pedido.

Saulo pensou na reação que Denise poderia ter ao ver a menininha, e relutou em levá-la.

Mas depois pensou melhor, talvez a presença da pequena tivesse algum benefício, afinal, já havia tentado de tudo para animar a noiva e nada havia surtido efeito algum.

— Tudo bem, mas seremos rápidos, ok? Se a tia Denise dizer que quer ficar sozinha, nós a deixaremos.

— Sim, sim! — Disse eufórica.

Após Saulo dirigir e chegar até a sua casa perto do lago, Alice desceu correndo do carro, já indo em direção à entrada da casa.

— Cadê ela, tio?

— Está no quarto, irei avisá-la que você está aqui, me espere por um momento.

Saulo colocou a menininha sentada no sofá e andou em direção ao corredor do quarto, onde Denise estava.

Após bater umas cinco vezes, ela abriu a porta com a cara de quem não queria ser incomodada.

— Eu vim da vila e o Oliver me pediu para pegar a Alice na escolinha, ela insistiu que queria te ver.

— Não quero ninguém aqui, já se esqueceu do que te disse, que…

Antes que terminasse de falar, uma menininha de quase cinco anos empurrou a porta, pulando no colo da mulher e a abraçou forte.

— Tia Dê, eu estava com tanta saudade da senhora!

Denise ficou toda sem jeito, o abraço da menininha a deixou sem ar.

— Eu queria vir te ver antes, mas ninguém me trouxe aqui. — Desceu do colo da tia e adentrou o quarto, jogando a mochila em cima da cama. — Seu quarto é tão bonito, tia. — Andou em direção à varanda, que dava vista para o lago e se sentou na poltrona.

— Ela é só uma criança, Dê, pega leve com ela. — Saulo pedia como súplica.

Alice gostava muito de Denise, seria horrível mandá-la sair de seu quarto sem mais, nem menos. — Ela disse que precisava falar com você. — Explicou.

— Tudo bem. — Disse por vencida — Irei conversar com ela, mas que isso não se repita novamente, está me ouvindo?

— Pode deixar. — Ele respondeu.

Denise fechou a porta do quarto, deixando Saulo do lado de fora, e andou até a onde Alice estava.

— O que achou da vista? — Perguntou num tom amigável, se sentando na outra poltrona.

— É mais bonito do que a vista da janela do meu quarto. — A menininha olhou Denise e sorriu. — Você ficou linda de cabelo curto, tia, parece a Rapunzel no final do filme.

Denise se encantava com a inocência da criança.

— Eu te trouxe um presente. — Disse se levantando e indo até a mochila que havia colocado em cima da cama — Eu não sabia que dia iria poder te entregar, então eu sempre o deixava dentro da minha bolsa.

Tirou da mochila uma folha de papel e levou até a moça, que pegou o papel analisando um desenho infantil.

— Eu não sei desenhar direito, mas tentei caprichar nesse aqui. — Alice explicou.

Analisando o desenho, viu que tinha uma menininha de cabelos pretos e olhos azuis, vestida de rosa, em cima de sua cabeça, havia um arco-iris e no cantinho acima do arco, um anjinho de cabelos loiros e de olhos pretos.

— Que desenho lindo, Alice, é de algum desenho que assistiu? — Perguntou com uma lágrima no rosto, não sabia o porquê, mas aquele desenho lhe tocava em algo.

— Não tia, esse aqui foi o meu sonho. — Explicava como se fosse a coisa mais simples do mundo. — Esse anjinho aqui. — Apontou para o anjinho acima do arco. — Me disse ser seu filho, mas ele teve que ficar com o papai do céu, aí ele me disse que mandaria uma irmãzinha no lugar dele. — Os olhos de Denise logo se encheram de lágrimas e então começou a chorar. — Não chora tia, isso é uma coisa feliz, não é? Eu não vejo a hora de ter uma priminha para brincar, eu amo os meninos, mas queria uma menininha para me fazer companhia também.

Denise foi abraçada por Alice e ali se permitiu chorar mais ainda, queria muito que o sonho daquela criança fosse real, mas sabia que aquilo ali era impossível.

Após alguns minutos abraçadas, Alice soltou Denise.

— Não vejo a hora desse sonho se realizar.

— Seu sonho foi muito lindo Alice, mas como eu poderia te dar uma priminha? — Uma dor no peito lhe fazia lembrar que não poderia mais ter filhos.

— Tia, achei que vindo aqui, você me responderia isso.

O tom da menina era terno, ela encarava a mulher com cara de dúvida, esperando uma resposta.

— Eu sinto muito Alice, está na hora de você ir para sua casa, eu preciso descansar um pouco, me sinto muito cansada agora, mesmo assim, muito obrigada pelo desenho.

— Tudo bem tia, eu prometi ao tio Saulo que quando a senhora dissesse ser hora de ir, eu obedeceria, mas eu posso vir te visitar de novo, outro dia?

— Veremos meu amor, veremos…

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