Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 47

— O quê? — Perguntei desacreditada.

— Espera, antes de dar seu showzinho deixa eu falar! — Era inacreditável. — Olha só para você, Aurora, está vivendo bem, morando numa mansão, passando férias na praia e saindo com um homem podre de rico.

— Mãe! — Tentava falar.

— E eu? O que eu tenho? — Começou a chorar. — Primeiro, quando seu pai morreu me deixou sozinha cuidando de você, eu vivi como uma cachorra para não te deixar passar fome.

— Mãe, pelo amor de Deus, são coisas totalmente diferentes.

— Não são não! — Gritou — Se o Sandro for preso, eu vou voltar de novo para a estaca 0, com uma criança para me responsabilizar, perderei o emprego, porque você sabe, que estou lá graças a ele. Como manterei a casa? Como pagarei a escola da Alice? — Gritava histérica.

— Para de gritar mãe.

Alice se assustou com os gritos e correu para ver o que era, e para minha surpresa, ela correu para os meus braços assustada!

— Você já está tendo a vida que sonhou, então pensa bem, se não for por mim, pelo menos pensa nela.

Olhei para minha irmãzinha em meu colo, assustada escondendo o rosto, Alice não tinha culpa do que o pai fez, e também não tinha culpa da mãe desnaturada que tinha, que ao invés de pensar nas filhas, pensava apenas no homem lixo que havia arrumado.

— Não. — Falei baixo.

— O quê? — Minha mãe perguntou, não escutando.

— Eu não vou retirar a queixa mãe!

— Como assim? — Estava desesperada. — Você não pensa na sua irmã?

— É nela que estou pensando mesmo. Hoje fui eu que ele tentou atacar, estou assegurando que no futuro não seja ela.

— Sua ingrata, eu fiz tudo por você!

Ela veio para cima de mim, mas antes que isso acontecesse, a porta do quarto foi aberta de imediato, Oliver entrou num instante, ele estava vestido roupas sociais e parecia ter acabado de chegar de alguma reunião.

— O que está acontecendo aqui?

Falou alto e sério, com sua voz grossa e firme de sempre, que fazia qualquer um temer.

Alice me abraçou mais ainda, parecia está com medo, então tentei amenizar a situação por minha irmã.

— Senhor Oliver, que bom que chegou, deixa eu te apresentar, essa é a minha irmãzinha Alice. — Me aproximei com Alice em meu colo, ela olhou para ele, sorriu tímida e escondeu de novo o rosto entre meu cabelo e pescoço. — E essa é a minha mãe Vânia, pena que ela já está de saída, tem muitas coisas para fazer.

Minha mãe balançou a cabeça em sinal de saudação.

— É um prazer conhecê-lo, vamos Alice, precisamos ir.

Minha mãe praticamente arrancou Alice de meu colo, o que partiu meu coração.

— Não! Quero ficar com a Rora mamãe.

Alice chorava enquanto era levada para fora do quarto, eu estava me sentindo mal, por ser tão impotente em relação a minha irmã, percebia-se que ela não estava mais sendo tratada como antes, e eu via em seus olhos, o pedido de socorro, só que não tinha o que fazer naquele momento.

Após minha mãe sair do quarto, Oliver disse.

— Espera só um momento aqui, que já volto.

Saiu do quarto e depois de alguns minutos voltou.

Oliver se aproximou.

— Como você está se sentindo hoje?

— Bem melhor, obrigada!

— Que surpresa, o que sua mãe fazia aqui? — Perguntou curioso.

— Eu também fiquei surpresa. — Dei um meio sorriso para disfarçar minha tristeza. — Ela veio me pedir para retirar a queixa. — Falei sem delongas, Oliver havia feito muito por mim, jamais mentiria para ele.

— O quê? — Seus olhos de repente ficaram como chamas, e havia raiva neles.

— Não se preocupa, eu disse que não faria isso.

— Que mulherzinha mais sem noção, eu avisarei sobre isso ao Saulo, esse assunto também vai entrar no processo.

— Por um momento, pensei que ela veio me pedir desculpas. — Falei triste.

— Ei, não fica assim. — Logo, se aproximou mais de mim e me abraçou, eu não entendia ainda o que estava acontecendo, ou qual tipo de ligação era a nossa, mas não rejeitaria um abraço tão caloroso quanto o seu. — Está feliz por ver sua irmã? — Perguntou ainda abraçado a mim.

— Sim. Mas tem algo que me preocupa. — Falei com a cabeça ainda em seu peito.

— O quê?

— Ela não tem culpa de nada, mas parece que está sofrendo as consequências, minha mãe está louca e cega pelo Sandro, parece não cuidar mais da Alice como antes.

— O que você acha que sua mãe irá fazer em relação a ela?

— Eu não sei. Só queria poder fazer algo, mas, não posso fazer nada, no fundo, eu imagino que minha mãe irá fazer com a Alice a mesma coisa que fez comigo, se arrumar outra pessoa, irá desprezá-la.

— Não pense nisso agora, tudo bem? Quero que descanse. — Passou a mão no meu cabelo, e colocou uma mexa atrás da minha orelha, levantou minha cabeça, e me olhou nos olhos.

— Sabia que você é extremamente linda? Sempre quis te dizer isso.

Eu não esperava ouvi aquilo, não naquele momento, Oliver tinha mania de me deixar encabulada, e tenho certeza que minhas bochechas ficaram rosas, mas não seriam notadas, graças aos hematomas no meu rosto, eu não respondi nada, ele continuava me olhando, até me puxar com cuidado para mais perto e me beijar.

— Olha só quem acordou procurando pela Aurorinha!

Denise entrou de uma vez no quarto, que não estava com a porta fechada, ela estava com Noah no colo, vestido com um pijama de dinossauros.

— Ah, me desculpe senhor, eu.. ah.. não.. sabe.. — A coitada não sabia o que falar.

Empurrei Oliver para longe de mim o mais rápido possível, e ele ficou todo sem jeito.

— Tudo bem, eu volto outra hora para ver como você está, tenho que me encontrar com o Saulo.

Oliver saiu do quarto, mas antes deu um beijo e um aperto na bochecha de Noah.

— M-e-u D-e-u-s — Denise começou, fechando a porta do quarto e me dando Noah no colo. — Vocês estavam se beijando? Eu não acredito! Espero que o Oliver não me mate depois, por atrapalhar vocês.

— A gente não estava se beijando. — Tentei disfarçar.

— Ah, é? E o que ele fazia com o rosto tão próximo ao seu?

— Ele estava olhando meus olhos inchados.

— Ahahah, conta outra Aurora, Não se preocupa tudo bem? Eu não sairei por aí falando nada para ninguém.

— Claro que não, afinal não tem nada para se falar.

— Ai Aurora. — Falou séria. — Achei que fôssemos amigas.

— Nós somos.

— Por que não me conta o que está acontecendo entre vocês dois?

— Porque não está acontecendo nada, foi apenas um beijo.

— Aqui agora, sim, mas antes, desde quando você fisgou o coração do patrão?

— Eu não fisguei o coração de ninguém, não doida! Eu não faço ideia do que está acontecendo, mas a gente apenas se beijou algumas vezes.

— O que está acontecendo é o que nota-se de longe, que o Oliver está apaixonado por você, por isso percebi como ele anda diferente de uns tempos para cá.

— Apaixonado? Meu Deus para Denise. Apaixonado está é o Saulo por você, e você só enrola ele.

— Nem vem com esta história, já te falei que sou bem pé no chão, a família do Saulo é riquíssima, e ele é filho único, jamais aceitariam uma pessoa como eu.

— Como você, o que há de errado com você?

— Ai Aurora, o seu jeito de fugir das conversas é tão diferente. — Riu mais uma vez me abraçando e brincando com Noah.

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