Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 52

Ao ouvir o pedido da mulher, ele se levantou rapidamente, andando para perto dela.

— Isso não! — Respondeu firme.

— Você disse que faria qualquer coisa. — Ela indagou.

— Jamais imaginaria que você me pediria algo tão absurdo assim!

— Por favor, eu preciso olhar nos olhos dela, Saulo. — Tocou a mão do noivo.

— Por que quer fazer isso? Ainda mais agora que você já está se sentindo melhor, por que eu iria te levar no lugar que tanto te fez mal, e deixar você ver aquela mulher que só nos causou tanta dor e sofrimento?

— É por isso, entende? Eu quero que ela veja que independente do que nos fez, quero que saiba que fracassou, eu tenho certeza que ela se lembra de mim com uma feição desesperada e abatida, não posso deixar que ela se sinta vitoriosa, mesmo estando naquele lugar.

— Dê, você não ouviu o Francisco e a Dalva? Eles nos disseram para deixarmos o passado para trás e olharmos para a frente.

— Não há como deixar o passado para trás, tendo algo ainda que precisa ser concluído.

— Morena. — Se aproximou da mulher amada, passando a mão pelo seu rosto, lhe fazendo carinho. — Me pede qualquer outra coisa, menos isso, por favor. — Implorava.

Tudo que menos queria, era ver a noiva novamente do jeito que ficou, durante aqueles seis longos meses, só ele sabe o quanto sofreu e chorou por aquilo.

— Não há outra coisa que quero no momento, se não quiser fazer isso, tudo bem, eu irei sozinha!

Denise saiu da sala e foi para o quarto, deixando Saulo sozinho pensando no que faria.

Sabia que quando a mulher colocava uma coisa na cabeça, ninguém tirava. Ela estava decidida, e por mais que ele não quisesse, não a deixaria viajar só.

Saulo iria acompanhá-la, mas só devido à mulher que amava, entretanto, dessa vez ele teria o cuidado redobrado.

Betty já havia feito muito mal para eles uma vez, mesmo estando atrás das grades, seu veneno ainda corria pela beirada de sua boca.

Então seu dever, seria não deixar que isso acontecesse de novo, ninguém nunca mais faria mal a quem ele amava.

Entrando no quarto, tentando fazer o mínimo de silêncio, achou que encontraria Denise dormido, mas ao contrário do que pensava, ela estava dentro do closet, arrumando algumas roupas.

— Você está decidida mesmo, não é? — Perguntou desanimado.

— Eu preciso fazer isso, por favor, me entenda.

— Não há nada que eu possa fazer para mudar essa ideia? Talvez possamos fazer algo daqui mesmo.

— Não. — Ela respondeu séria.

Bufou.

— Tudo bem morena, já que é assim, eu irei com você.

Denise sorriu, era o que mais queria ouvir naquele momento, que ele estaria ao seu lado e a apoiaria em qualquer situação.

— Amor, eu sei que você não quer fazer isso, mas eu sinto que depois dessa viagem, as coisas irão melhorar, confia em mim. — abraçou o homem.

— Confio em você morena.

[…]

As oito da manhã, Saulo dirigia para a capital, iria visitar seu pai que havia acabado de comprar uma casa próximo à praia, já que George Taylor estava gostando da estadia no Brasil.

Mesmo Oliver dizendo que o homem poderia ficar o tempo que quisesse em sua casa de praia, George era orgulhoso, e gostava de ficar no que era seu. O homem propôs a Oliver a compra de sua casa de praia, mas por motivos sentimentais, Oliver não aceitou vender o imóvel, já que pretendia levar as crianças quando estivessem maiores para passar uma temporada por lá.

Então o velho Taylor, procurou outra casa que estivesse a venda naquela mesma região, já que havia gostado muito daquele lugar. Pesquisando cautelosamente, acabou comprando a casa vizinha a de Oliver, no final, havia ficado feliz, pois sabia que aquilo tudo ali futuramente ficaria para o filho, e o alegrava em saber que os dois amigos continuariam morando perto um do outro.

Saulo chegou olhando pelas brechas da janela e viu que não havia ninguém dentro da casa, então, resolveu rodear a grande varanda.

Andando devagar, olhando para a costa, viu uma cena inusitada, seu pai e Cora estavam se beijando na beira do mar, no maior entusiasmo, o que o fez ficar surpreso. Aproximando-se devagar para perto do casal, sem ser percebido, ele observava o quanto os dois estavam íntimos. Enquanto o pai não tirava as mãos do traseiro de Cora, que estava com um vestido curto, a mulher não parava de apertar seus seios contra o homem.

Ao perceber que nenhum deles havia notado sua presença, começou a tossir disfarçadamente, Cora que estava com os braços em volta do pescoço do velho, deu um salto, se afastando para trás toda sem jeito, consertando o vestido.

— Desde quando você chega assim sem avisar? — George perguntou nervoso.

— Estou testando meus sapatos novos, dizem que eles são bem silenciosos, agora vi que a propaganda é mesmo verdadeira. — Brincou.

— Há quanto tempo está nos observando? — George perguntou sem jeito.

— O tempo suficiente. Se ficasse mais um pouco, o senhor iria engolir a pobre coitada da Cora.

Ele continuava brincando, deixando o casal constrangido.

— Como não sabia que você viria Saulo, não preparei nada de especial, quer uma xícara de chá? — Cora perguntou sem graça.

— Não Cora, está tudo bem, eu vim conversar com meu pai um pouco, pode nos deixar a sós por favor?

— Claro.

Após trocar olhares com George, Cora saiu do campo de vista dos dois homens, entrando na casa.

Mesmo assim, Saulo tinha a impressão de que ela ficaria os espionando de algum lugar.

A manhã estava magnífica, o mar estava calmo, o vento estava fraco, e o sol já queimava o suficiente, para não ficar por muito tempo exposto a ele.

— Há quanto tempo vocês estão assim?

Saulo se aproximou do pai, que estava em pé olhando para o grande horizonte azul.

— Não sei dizer quando começou. Quando percebi, já estávamos desse jeito.

— Isso se iniciou aqui no Brasil? — Perguntou.

— Mas é claro! — Respondeu com voz ofendida. — Está insinuando que eu traía a sua mãe?

— Não estou insinuando nada. — Respondeu tirando o corpo fora, mas com um leve sorriso no rosto.

— O que está pensando? — O homem parou de olhar para o mar e encarou o filho, que tinha um leve sorriso no canto dos lábios.

— Besteira, não queira saber. — Ria.

— Vindo de você, qualquer coisa me assusta, mas mesmo assim, quero que me fale.

— Não sabia que ainda dava no coro. — Revelou.

— O quê? — Perguntou surpreso.

— Na realidade, estou feliz em saber, afinal, muitas pessoas dizem que me pareço com você, então se meu pai ainda é um velho sexualmente ativo, me faz ter esperanças em meu futuro. — Disse rindo.

— Oras, seu fedelho, como ousa a dizer isso?

— Eu não ia dizer, você quem insistiu que eu falasse. — Se defendeu.

— Eu achava que não poderia vir tanta baboseira de sua boca, mas estava enganado, até parece que não conheço o filho que tenho.

— Espero ter puxado meu pai. — Continuava gargalhando.

— Percebo que está de bom-humor, algum avanço com a Denise? — Mudou de assunto, tudo que queria era deixar aquele assunto constrangedor morrer.

— Sim, ela está se recuperando e gradualmente voltando a ser a mesma Dê de sempre.

— Que bom, já era tempo de vocês se entenderem, não era justo serem vencidos por aquela mulher.

— É sobre ela que vim falar com o senhor, estou indo viajar para a Inglaterra.

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