Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 51

Chegamos à fazenda, desarrumei minha mala e almocei. Após ir para o quarto com Denise, começamos a conversar quando Oliver bateu na porta.

Eu ainda não havia visto-o depois do julgamento, nem nos falamos de nenhum modo, ele estava sério.

— Boa tarde!

— Boa tarde, senhor. — Respondemos.

— Aurora, como você está se sentindo?

— Muito bem, graças a Deus.

— Então, já que está tudo bem, você volta a cuidar do Noah e Denise, você volta para seus afazeres.

Falou e saiu do quarto, e nós nos entreolhamos sem entender nada.

— O que será que aconteceu? — Denise começou.

— Não sei, ele deve estar nervoso e com serviço acumulado.

— Até parece que voltou a ser o ranzinza de antes, eu hein! Voltarei para a cozinha, antes que ele volte aqui.

Denise deu um beijo em Noah e saiu do quarto, e eu fiquei pensando no porquê dele estar tão sério, parecia estar com o mesmo semblante de quando o conheci.

[…]

Os dias se passaram rápido. Não via Oliver em casa de modo algum, até dormir com Noah, ele havia parado nos fins de semana. Pois saía de casa na sexta e voltava apenas na segunda. Não tive oportunidade de conversar com ele, também não me dava nenhuma abertura, era como se eu fosse invisível, e me tratava do mesmo modo como era antes quando cheguei à fazenda. Isso me intrigava muito, mas eu não podia cobrar nada dele, afinal, eu era apenas uma funcionária. Amanhã acontecerá a abertura da feira agropecuária e eu não havia comprado nenhuma roupa.

— Oi… — Encontrei Denise na cozinha, temperando uma carne que parecia deliciosa.

— E aí, Aurora, como está a expectativa para amanhã?

— Nenhuma. Estou indo a trabalho, então não espero nada.

— Fica assim não, amiga, quem sabe ele te dá um dia de folga e você curte um pouco, já que você merece muito.

— Quem sabe, né?

Falei sem esperança, Oliver não parecia estar interessado em me dar folga.

— Bom dia!

Oliver adentrou a cozinha com uma sacola em mãos.

— Bom dia, senhor! — Respondemos em uníssono.

— Aurora, isso é para você, amanhã começa a feira, quero levar o Noah, você vestirá isso.

Peguei a sacola e agradeci. Logo que ele virou as costas e saiu, Denise veio toda empolgada para cima de mim.

— Abre logo, Aurora, deixa eu ver seu look de amanhã! — Falou eufórica.

— Calma, assim você vai rasgar a sacola.

Abri com cuidado a embalagem e o que vi me deixou um tanto desanimada.

— Um uniforme? — Denise falou desacreditada.

Na sacola, havia uma blusa e uma calça branca. A calça era um tanto folgada, parecia aquelas roupas que os médicos usavam em plantões.

— É. — Engoli seco, lembro de ter falado a ele sobre a farda, mas ele discordou, dizendo que eu deveria me vestir conforme a ocasião, pois bem. — Ele está certo, se estou indo trabalhar, nada mais justo do que me vestir a caráter.

— Amiga, isso é tão… — Denise parecia estar mais desapontada que eu.

— Não se preocupe. — A interrompi, Denise parecia estar sentida por mim. Eu também estava, mas não por mim e sim por Oliver, ele havia mudado e o pior é que eu não sabia o porquê.

Peguei minha roupa e subi para o quarto. Eu tentaria dar um jeito nas pernas da calça, pois estavam muito abertas e eu não gostava desse estilo. Após o almoço, saí do quarto e fui passear com Noah. Demos uma volta no jardim, depois passamos perto do lago, quando foi bem de tardinha, entramos na casa. Oliver estava sentado no sofá, quando entrei, ele me olhou por um momento, mas passei direto. Eu não sei o que aconteceu com ele, mas continuo sendo a mesma pessoa. Caso quisesse conversar, estaria aqui, eu não iria correr atrás de ninguém. Entrei e dei banho em Noah, logo tomei banho também. Às oito da noite, ele bateu na porta do quarto.

— Aurora.

— Sim, senhor.

— Tudo bem.

Oliver continuava sentado e eu continuava no chão. Um silêncio ensurdecedor estava entre a gente, parecíamos dois estranhos, não que tivéssemos alguma intimidade, mas já houve um tempo em que as coisas foram muito melhores.

— No último dia da feira, você ficará de folga e poderá sair, já conversei com Denise para ficar com ele.

Assenti. Eu não sei se iria também, já que minha única amiga era a Denise e ela estaria trabalhando. Eu não teria como ir ou voltar sozinha da vila. Por mais que fosse perto, a estrada era escura à noite. Mas, mesmo assim, eu não falaria nada, depois conversaria com Denise e a avisaria que poderia ir no último dia de festa, já que eu provavelmente não iria.

Oliver pegou Noah no colo e começou a brincar com ele. Aproveitei e fui para a cozinha beber água e fui ao banheiro. Quando voltei, ele me deu Noah no colo.

— Vou dormir um pouco.

Levantou-se e saiu, fui para o quarto com Noah e me deitei também. Não sei por quê, mas me sentia triste. Pensava na minha vida, na minha irmã e no Oliver. Não sei que droga é essa de pensar nesse homem. Ele estava tão carinhoso comigo, não me canso de lembrar dele aparecendo e me pegando no colo, naquele dia do sequestro, de ter ficado ao meu lado, do seu beijo. Como ele mudou assim muito rapidamente? E por que me sinto tão idiota em me importar? Até parece que eu estava criando alguma expectativa.

Às dezesseis horas, eu já havia tomado meu banho e colocado meu uniforme. Mesmo tendo apertado minha calça, ela ainda estava folgada nas pernas. Havia engordado, mas não o suficiente ainda. Na sacola havia também uma rede de pôr no cabelo, feito uma poupa. Relutei em usar aquilo, mas não podia me dar ao luxo de negar.

— Você é a babá, deve se vestir como tal.

Minha mente repetia isso a todos os momentos, eu estava indo a trabalho, não podia me sentir mal.

Entrei no carro com o Noah e Oliver. Ele dirigia sério, eu fiz de conta que nem o via, se eu parecia invisível para ele, ele também seria para mim. Chegamos à vila que estava movimentadíssima, havia milhares de pessoas andando para todos os lados, entramos num lugar que parecia um parque de exposições. Havia bois enormes, cavalos, um mais lindo que o outro. Havia vários bichos em exposição, vi de longe um parquinho também, com roda gigante, montanha-russa, vários brinquedos, barracas de pescaria, tiro, fiquei super empolgada, o que me fez repensar que teria que vir aqui no meu dia de folga. Seria algo único para mim.

Também havia um grande palco, que com certeza aconteceriam os shows da noite. Descemos do carro e segui Oliver, ele estava com Noah no colo. Entramos num galpão, ali havia vários aquários, com uma diversidade de peixes, um mais colorido que o outro. Tudo estava impecavelmente bem montado, com uma estrutura organizada e de tirar o chapéu. Ficamos por ali algum tempo e logo a noite chegou, fomos para um camarote que ficava na frente do palco. Noah estava com um abafador no ouvido, mas com olhos bem atentos a tudo à sua volta, parecia se divertir muito, porque não parava de sorrir. Saulo e Denise apareceram, estavam de mãos dadas, o que os fazia ser um lindo casal. Denise estava maravilhosa, com um macacão jeans e um chapéu country, com seus lindos e longos cabelos soltos, sua maquiagem estava impecável, e seu batom vermelho realçava a sua cor. Ao me ver, seu sorriso saiu um pouco da boca, mas logo voltou e veio em nossa direção. Saulo também me encarava de um modo estranho, parecia que eu era uma assombração, mas também, no meio daquele povo todo bem-arrumado, eu estava parecendo um ponto branco.

— Denise, você está lindíssima!

— Você gostou? — Perguntou, me abraçando.

— Oliver, podemos conversar um momento a sós? — Saulo chamou o amigo, que me deu o Noah no colo e saiu.

— Ai, amiga, era para você também estar arrasando num look, não entendo o que passa na cabeça do senhor Oliver.

— Sem problemas, Denise! Eu já me acostumei.

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