Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 56

Já no consultório do ginecologista, o casal esperava os resultados que o médico pediu para realizarem.

— Há vários fatores que podem fazer que um teste de farmácia dê o resultado positivo. — O médico começava a falar, já com os resultados dos exames em mãos. — Pode ser a forma errada que fez o teste, o uso de medicamentos, problemas de saúde e... — Enquanto falava, o médico tirava os papéis do envelope, lendo mentalmente até parar de falar. — Acho que devemos refazer estes exames.

— Por que doutor, há algo de errado com minha noiva? — Saulo perguntou preocupado.

— Esse resultado acabou também dando positivo sobre gravidez da senhorita Denise. — O médico respondeu surpreso.

Saulo ficou em silêncio por alguns segundos e sua cara não negava que havia uma grande interrogação em sua cabeça.

— Irei pedir que colham seu sangue outra vez, senhorita Denise.

— Por que não realizamos uma ultrassonografia? — Denise sugeriu. — Vamos acabar logo com isso.

Deitada sobre a cama, o médico introduziu o aparelho e começou a movimentar um pouco de um lado para o outro, uma pequena mancha lhe chamou a atenção. O médico analisava com cuidado, parecendo não acreditar no que via.

— Bem senhorita Denise, aqui neste local. — Ele mostrava na tela para o casal.

Saulo estava nervoso vendo aquilo, tentava observar alguma coisa, mas não conseguia entender nada.

— Eu sei o que é isso, doutor — Ela respondeu eufórica, interrompendo a fala do médico — Esse é o meu bebê!

Saulo olhou para Denise que estava quase para pular da cama e olhou para o médico em silêncio, esperando uma palavra do homem.

— Senhor Saulo, não sei como isso está acontecendo, eu fiz todos os exames da sua noiva, eu mesmo atestei sua incapacidade de não poder gerar novamente um feto, seu útero foi muito comprometido com o aborto. Não costumo errar diagnósticos como esses, isso parece surreal, como se fosse um…

— Um milagre? — Saulo completou automaticamente a frase do médico.

— Não sou um homem de fé, senhor Saulo, e não posso atestar milagres neste consultório, com certeza, acharei uma resposta científica para isso, mas… — Parou um pouco de falar. — O que estamos vendo aqui, não tenho outra palavra para dizer no momento, a não ser essa, é um milagre, o útero da senhorita Denise está completamente restaurado, como se nunca tivesse sofrido algum dano na vida.

Denise não conseguia falar nada, só havia lágrimas em seus olhos, e seu olhar estava fixo na tela da televisão, que mostrava seu pequeno milagre sendo gerado.

— Ainda é bem novinho. Querem ouvir o som dos batimentos? — O médico perguntou.

— É possível? — Saulo perguntou confuso. — Não entendia que uma coisinha daquele tamanho já tinha coração.

— Claro que sim, o coração é o primeiro órgão a ser formado, pelo que vejo aqui, o seu bebê está aproximadamente com sete semanas.

O casal logo acenou com a cabeça num sinal de afirmação.

Quando o som dos batimentos invadiram o consultório, Saulo segurou a mão de sua noiva e se ajoelhou no chão.

Denise nunca havia visto uma cena como aquela, seu amado chorava como criança, até o médico e sua auxiliar que estavam ali, não conseguiram segurar sua emoção.

Não sei se as pessoas acreditam ainda em milagres, mas digo que eles ainda existem, o primeiro passo para este acontecimento é a fé, é como andar no escuro, dando passos largos, na confiança que haverá chão para continuar a caminhada.

Depois da consulta, o casal saiu dali em silêncio, o médico atestou que estava tudo bem, tanto com Denise quanto ao bebê, e que seu aborto recente, não interferia em nada na saúde do outro feto.

Enquanto andavam de mãos dadas pela calçada para tomarem um ar, Saulo sussurrava bem baixinho, o que chamou a atenção de Denise.

— O que está falando? Não estou conseguindo entender nada.

— Estou conversando com o dono do milagre morena, não interfira nesta conversa.

— Ah, por favor, me perdoe. — Disse com bom-humor.

— Sabe o que estou com vontade de fazer agora, Morena?

— O quê? — Perguntou preocupada.

Antes de responder qualquer coisa, Saulo soltou a mão da noiva e correu gritando com as mãos para cima.

— ALELUIA, ALELUIA, GLORIA A DEUS!

— Saulo! — Denise olhava para os lados, vendo as pessoas os observarem e se assustando com sua euforia do homem.

— Eu vou ser pai! — Continuava gritando.

— As pessoas estão olhando! — Denise tentava acalmá-lo, pois muitas pessoas pararam para observar e ela estava morrendo de vergonha por chamar tanto a atenção.

— Qual foi morena, eu prometi a Ele que faria isso, caso algo assim acontecesse.

— Quando prometeu isso? — Questionou curiosa.

— Quando vínhamos dirigindo para cá.

— Mas você estava tão sério, não parecia acreditar que isso pudesse acontecer. — Ela respondeu.

— As aparências enganam, meu amor, posso aparentar estar numa calmaria por fora, mas por dentro, pode está acontecendo uma tempestade.

Denise deixou de lado a vergonha e abraçou o noivo.

— Teremos um bebê, Saulo, uma menininha. — Sua voz era de alegria, misturada com emoção.

— Ei, calma aí, esqueceu que o médico disse que estava muito cedo para saber o sexo.

— Eu sei que é uma menina. Olha!

Denise tirou da bolsa o desenho que Alice havia lhe presenteado, ela guardava aquele desenho como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.

Saulo analisou aquele desenho minuciosamente.

— A mini Aurora Desenhou isso? — Perguntou.

— Sim?

Saulo observava atencioso enquanto Denise explicava todo o sentido do desenho.

— Será que isso é verdade, morena? — Perguntava ainda com dúvida.

— Depois de tudo isso que está acontecendo conosco, eu não consigo duvidar de mais nada.

— Uma menina. — Repetiu. — Meu Deus, imagina aí se os meninos do Oliver darem em cima dela, ou se ela apaixona por algum deles, e resolverem se casar, então ela sairá de casa e vai nos deixar sozinhos, por querer morar longe, o que faremos? — Começou a se desesperar.

— Amor, calma! — Ria. — Ela nem nasceu, e depois, ainda será uma criança, se algo como isso acontecer, será daqui há anos. Proponho deixarmos as preocupações para lá.

— Nossa, uma menina. — Dizia ainda desacreditado. — A Alice vai gostar mesmo se for uma menina, já que o Oliver só fez aqueles garanhões. — Pensou mais uma vez. — E se algum deles derem em cima da minha filha? Não posso deixar que isso aconteça, precisamos nos mudar para bem longe onde ela estará a salvo daquele tanto de meninos.

— Saulo! — Mais uma vez o repreendeu. — Deixa de teorias, os filhos do Oliver ainda são uns bebês, coitados deles.

— Eu não sei, o Noah já está bem grandinho e eu sinto quando ele me olha que quer me enfrentar, será que aquele pestinha acha que vai se tornar meu genro?

— Que loucura é essa? — Ela ria ao ver a careta que o noivo fazia. — Coitado do Noah. Vamos para o hotel, estou com fome, e quero voltar para o Brasil o mais rápido possível.

— Vamos, sim, vou mandar preparar algo bem saudável para você comer, nada de porcaria, me ouviu? De agora em diante só coisas saudáveis para fortalecer você e ela.

Dizia abraçando-a, enquanto caminhava em direção ao carro.

[…]

No avião, já retornando para o Brasil, enquanto Saulo ouvia música, Denise olhava modelos de vestidos de noiva. Estava ansiosa, iria contar a todos sobre a gravidez no dia do casamento, também faria o exame de sexagem fetal, para fazer a revelação do sexo no mesmo dia. Por mais que seu coração soubesse já o que seu bebê seria, ela queria confirmar para não haver nenhum mal-entendido depois.

Começou a imaginar a decoração do quarto, e como seriam as roupinhas que compraria.

— O que está olhando Morena? — Saulo voltou a sua atenção para Denise, que não parava de teclar no celular.

— Papéis de parede.

— Já vai querer montar o quarto dela? — Perguntou interessado.

— Sim. Estou tão ansiosa. — Ela respondia sorridente.

— Ei, para! — Pegou o celular das mãos dela. — Não quero que fique assim, descansa um pouco, eu sei que isso tudo é um sonho, mas vamos com calma, eu já ouvi falar que o bebê sente tudo o que a mãe está sentindo, não quero um bebê ansioso por aqui, está me ouvindo?

— Relaxa, a única coisa que estou passando para ela é amor, muito amor.

Acariciou a barriga, sentindo a felicidade em cada célula do corpo.

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