Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 59

Ao ver o que realmente estava acontecendo, ele começou a ficar nervoso com a situação.

— Fica calma, respira e inspira. — Saulo disse desesperado.

— Eu estou calma. — Ela respondeu tranquilamente.

— Eu vou pegar as coisas da bebê, você não se mexe e nem saia daqui por nada.

— Espera, vou tomar banho antes de irmos para o hospital. — Levantou-se e foi para o banheiro.

— Você é louca? E se a bebê escorrega e cai aí no chão? — Perguntava desacreditado, vendo que ela tirou a camisola e ligou o chuveiro.

— Acha que é tão simples assim? Escorregou e saiu? — Ria da cara do marido.

Saulo não conseguia acreditar em quão calma a esposa estava, lidando com aquela situação.

— Morena, a Elisa está para nascer e você está com essa calma toda?

— Quer que eu faça o quê? Vou deixar para gritar quando as dores ficarem mais fortes. — Brincou.

— Meu Deus! — Andava de um lado para o outro dentro do banheiro, com medo da mulher precisar de algo.

Após terminar o banho, Denise foi para o quarto calmamente. Saulo já estava com as bolsas nas mãos, nem o pijama que estava vestido trocou, enquanto a esposa vestia sua roupa.

— Você não vai trocar de roupa não?. — Perguntou.

— Como vou me preocupar com isso, enquanto minha filha já está prestes a vir a esse mundo?

— Eu já disse para ter calma.

— Como ter calma se precisamos ainda chegar à capital? Por que eu não aluguei um helicóptero nessas últimas semanas? — Perguntava preocupado.

— Não é para tanto, iremos chegar à tempo, eu estou pronta.

— Espera, eu te carrego.

— Não precisa amor, eu consigo ir até o carro.

O desespero do Saulo era nítido, ele não entendia como a esposa estava tão calma, não era desse jeito que ele via nos filmes. Quando a bolsa das mulheres estourava, elas gritavam histéricas e corriam para o hospital.

— Você está bem? — Perguntou enquanto estava dirigindo para a capital.

— Sim, a dor está aumentando um pouco, mas ainda é tolerável.

— Acha que conseguiremos chegar lá a tempo?

— Mas é claro! — Riu — Não está pensando em parar e fazer meu parto aqui na estrada, não é?

— Não é isso... — Disse nervoso. — Fica calma, respira fundo.

Saulo suava frio, parecia que seria ele que colocaria a bebê no mundo.

— Eu estou calma, amor, você que precisa respirar e prestar a atenção na estrada.

— Eu não estou nervoso. — Respondeu com as mãos tremendo.

— Quer parar e respirar um pouco?

— Claro que não! Você está preste a ter um bebê! Ai. — Tocou a mão no peito.

— O que foi? — Perguntou preocupada.

— Nada.

— Para o carro Saulo! — Ordenou.

— Não, precisamos chegar ao hospital logo.

— Para agora!

Saulo obedeceu, parando no acostamento.

— Vamos trocar de banco. — Denise desceu do carro.

— Não, você está louca? — Ele não acreditava no que a mulher estava falando.

— Você está quase para dar um treco aí, vai logo e me obedece, eu vou dirigir.

Abriu a porta do motorista e empurrou o homem para o banco do passageiro. Então Denise pegou no volante e começou a dirigir.

— Isso está errado, morena.

Não conseguia acreditar no que estava acontecendo, a pessoa que devia estar nervosa era Denise, mas agora ela dirigia o carro como se nada estivesse acontecendo.

— Fica calmo, se não quem vai precisar de um médico é você, não inventa passar mal agora, quero você comigo na hora do parto.

— Eu estou nervoso, mas ainda sim, consigo dirigir até o hospital, que tipo de marido sou agora, se não posso ajudar a minha esposa?

— É normal ficar desse jeito, amor, não se preocupe, cada um tem uma reação diante a uma situação.

Enquanto Denise dirigia calmamente, Saulo ia bebendo água e tentando se refrescar, mesmo com o ar do carro ligado e o vidro aberto, ele continuava suando como um cuscuz.

Estacionando em frente ao hospital, Denise desceu linda e plena, enquanto seu acompanhante estava de chinelo, com um pijama listrado e cabelos molhados de tanto suor.

— Por favor, um médico! — Denise pediu chegando na portaria.

— A senhorita está se sentindo bem? — Uma enfermeira perguntou preocupada.

— Estou entrando em trabalho de parto, mas preciso de um médico primeiro para o meu marido, ele não está nada bem.

— Chamaremos um médico para vocês dois. — A enfermeira olhou para o homem à sua frente, que estava branco como um papel.

— Dê, não me faça passar vergonha, estou ótimo. — Ele falava, mas estava prestes a desmaiar.

— Dá para se ver de longe o quão bem você está. — Ela ria, não imaginava que o marido iria ficar daquele jeito.

Logo vieram dois médicos atender os dois pacientes.

— Não demore, espero por você. — Denise disse, enquanto estava sendo levada para a sala de pré-parto.

— Eu estou bem, mantenha a calma e respira fundo. — Saulo respondeu.

— Quem precisa se acalmar é você, meu querido, até parece que quem vai ganhar um bebê é você. — Sorriu, saindo do campo de vista do marido.

— Senhor Saulo, respire fundo e mantenha a calma, sei que esse é um momento muito esperado por vocês, mas não se esqueça que deve cuidar da sua saúde também, não quer que sua bebê nasça e cresça sem a presença do pai, não é mesmo? — O médico que estava lhe atendendo já o conhecia.

— Não, claro que não! Eu só estou emocionado, é minha primeira filha!

— Olha, vamos fazer assim, te darei este calmante para acompanhar o parto de sua esposa. Mas depois que tudo estiver bem, faremos uma bateria de exames, já que precisa cuidar desse seu coração.

— Tudo bem, obrigado doutor.

Após tomar o medicamento e aferir a pressão, Saulo foi levado até onde Denise estava se preparando para o parto.

— As dores estão aumentando. — Ela falava, já não parecendo mais tão calma como antes. — Ai.

— Nós podemos optar por uma cesária morena, vai ser melhor e menos doloroso para você.

— Não! Quero que seja natural, não vamos recorrer a uma cirurgia sem nenhuma necessidade.

— Tudo bem, estou aqui com vocês. — Segurou a mão da esposa.

Ele já estava mais calmo e ajudava ela a se concentrar e respirar fundo.

Assim, três horas após chegarem ao hospital, Elisa veio ao mundo, num parto totalmente humanizado, tendo como marco principal, três desmaios de Saulo e suas caras e bocas ao assistir um parto pessoalmente.

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