Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 60

— Como assim? — Levantei da cama desacreditada do que ouvia.

— Quero que leve o Noah junto, eu não posso te explicar agora, mas mandei prepararem uma casa na vila para vocês.

— O que está acontecendo?

— Olha! Só faz o que estou te pedindo agora, mais tarde irei até você e a gente conversa, tudo bem?

— Sim.

— Deixe as coisas arrumadas que mandarei alguém vir pegar, ao terminar, desça que a levarei para a vila.

Eu não sabia bem o que dizer, eu queria pedir muitas explicações, mas naquele momento não podia esquecer que trabalhava para ele.

Arrumei minhas coisas e a de Noah, saí do quarto e quando passei pela cozinha, vi Liana, sentada próxima ao balcão, ela comia distraída, tentei passar despercebida, mas ela me viu, não contive e a olhei nos olhos, ela franziu a sobrancelha, e me encarou também, me seguindo com os olhos até onde pôde.

— Não acredito que essa bruxa fique aqui, como pode está andando livremente pela casa? — Meus pensamentos gritavam de revolta, minha vontade era pegá-la pelos cabelos, e arrastá-la para fora da fazenda, para ficar longe do Noah e do Oliver.

Encontrei Oliver na garagem.

— Onde está o Noah? — Perguntei preocupada.

— Saulo já o levou com a Denise, vamos!

Entrei no carro de Oliver, que saiu depressa, mas antes, pude ver, a silhueta de uma mulher que nos observava pela janela.

O silêncio pairava no caminho, não me contive.

— Para onde exatamente estou indo?

— Tenho uma casa na vila, está desocupada, mas mobiliada, você ficará lá.

— Por quanto tempo?

— Até eu resolver algumas coisas.

Queria perguntar mais, mas percebia que Oliver me dava respostas curtas, já para não puxar assunto. Logo chegando na vila São Caetano, paramos em frente a uma pequena casa.

— Você vai ficar aqui. — Desci do carro, mas Oliver não. — Bata na porta e Denise irá abrir para você.

— Oliver! — O chamei, mesmo vendo a pressa que estava de ir embora. — Está tudo bem?

— Não se preocupa, tudo bem? Aproveita e descansa um pouco.

Dito isso, acelerou o carro, saindo cantando pneu, eu não sabia o que aconteceu, nem o que aquela mulher havia falado, para que ele mudasse tanto.

Bati na porta e logo Denise abriu.

— Que bom que chegou Aurora, tia Lúcia limpou os quartos e o Noah já está deitado na cama, agora estamos limpando a cozinha e preparando algo para comer.

— Denise, por favor, me fala o que está acontecendo.

— Eu não sei. A única coisa que Saulo me disse, era que Oliver quer manter o bebê longe da mãe.

— E por que ele não a mandou embora?

— Aurora, achei que você que me daria esta resposta.

Denise estava tão confusa quanto eu, Oliver havia dito que explicaria tudo, mas meu coração dizia que algo estava muito errado, entretanto, não podia fazer nada além de esperar.

A casa que ficamos era igual todas as outras da vila, Oliver havia mandado construí-las com o mesmo formato e números de cômodos, a vila parecia um conjunto habitacional.

— Tia Lúcia fez uma refeição maravilhosa para você, e já foi embora, mas não se preocupe, ela deixou algumas coisas na geladeira também, eu já dei banho no Noah, e já estou indo!

— Você não vai ficar?

— Não, o Oliver disse que voltasse para a fazenda, quando terminasse por aqui.

— Então ficarei com o Noah aqui sozinha?

— Ao que parece, sim, mas não se preocupa Rora, o Oliver deve saber o que está fazendo.

— Denise me faz um favor. — Pedi como se minha vida dependesse disso — Me mantenha informada de tudo que acontece por lá.

— Não se preocupa, eu sei que essa loucura é por pouco tempo, logo o Oliver vai expulsar aquela bruxa de lá.

Denise foi embora, e fiquei naquela casa sozinha, com um pequeno bebê inocente, que estava imune a todas as coisas, e não percebia ou entendia nada, Noah havia crescido muito, desde o dia que o vi pela primeira vez, até hoje, acompanhei todas as suas mudanças, ele já estava preste a fazer 6 meses, o mesmo tempo em que conheci Oliver, em tão pouco tempo, passamos por muitas coisas, e o que me intrigava era que ele parecia ter interesse em mim, mas qual seria a finalidade, dormi comigo apenas? Nós nunca conversamos sobre nós, e sinceramente, eu nem sei se esta conversa chegaria um dia a acontecer!

Oliver era um homem rico, importante, mais velho que eu, quase uns 11 anos, o que ele iria querer comigo se não fosse apenas uma noite?

Eu não tenho casa, família, profissão, nem estudos, o que faria de mim alguém à sua altura?

[...]

O dia passou lentamente, parecia que o relógio havia parado, eram dez e meia da noite, quando bateram na porta.

Abri desconfiada.

— Oliver!

— Desculpa a demora, estava na capital, cheguei agora, podemos conversar?

— Claro, entre.

Oliver entrou e se sentou no pequeno sofá da sala, fui até a cozinha e lhe trouxe uma xícara de café.

— O que achou da casa? — Começou a falar.

— Bem... É aconchegante. — Na verdade, mesmo sendo simples, a casa era muito arrumada, tudo estava organizado, dava muito gosto ficar num lugar assim.

— Gosto daqui, mesmo que seja simples, também acho muito acolhedor, é perto da farmácia, do hospital, e da praça principal.

Eu não sabia onde queria chegar com a conversa, e sinceramente não estava com paciência alguma para rodeios.

— Oliver, o que aconteceu? — Não sei o quanto tinha de liberdade para falar com ele, então resolvi testar.

— Aurora. Sente-se aqui comigo. — Me sentei ao seu lado e esperei que ele continuasse. — É uma longa história, Liana voltou dizendo que foi levada a força no dia do parto do Noah, que nunca quis ir embora.

— Mentira! — Respondi nervosa, eu nem sabia de nada, mas não poderia acreditar nas falas dessa mulher.

— Eu também acredito que seja, mas entenda. — Continuou — Como disse, tem muita coisa por trás desta história, preciso que você tenha um pouco de paciência, até que eu descubra o que realmente está acontecendo.

— Mas então, por que ao invés de mandá-la embora, nos mandou?

— Porque preciso tê-la sob meus olhos, e não quero que ela fique perto do Noah, não quero que o veja e faça algum mal a ele... E também tem você, não quero que ela te perturbe.

— Oliver, e se ela tentar algo contra você?

— Isso não vai acontecer, mandei aumentarem a segurança da fazenda, e não darei oportunidades para que ela se sinta a vontade de tentar algo, contra seja lá quem for.

— E se ela aparecer aqui?

— Não abra a porta, me entendeu? Quero que por esses dias, evite sair com Noah para a rua sem nenhuma necessidade, tudo que precisar peça ao Joaquim que lhe traga.

— E quanto tempo tudo isso vai durar?

— Eu não sei, mas não se preocupe, farei que tudo dure o mais breve possível.

— Oliver...

— O que foi?

— Não gosto da ideia de vocês dois naquela casa sozinhos.

Eu e a coragem que não sabia que tinha falamos, não entendia muito sobre ciúmes, mas acho que o que sentia naquele momento era isso.

— E quem disse que ficarei por lá?

Falou tirando os sapatos e desabotoando a camisa.

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