Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 61

Era estranho dizer aquilo, mas quando chegasse a idade certa, Noah tinha o direito de saber de algumas coisas.

— Mas só vou dizer a ele o que quiser saber. — Oliver disse. — Serei sincero com o que ele quiser saber.

— E se por acaso ele quiser saber mais da mãe biológica? — Saulo o questionava.

— Eu vou dizer a verdade. Mas espero que isso demore muito tempo.

— Será que ele vai ter curiosidade sobre ela?

— Não sei. Provavelmente, sim, é normal. Talvez ele me pergunte como ela era.

— E o que vai fazer?

— Eu vou mostrar uma foto dela e matar o assunto.

— Você ainda tem foto da Liana? — Perguntou surpreso.

— Eu guardei uma, já pensando numa situação como essa.

— A Aurora sabe disso? — Perguntou preocupado.

— Não.

Os dois pararam um pouco para observar ao redor, cada um imerso no seu próprio pensamento.

— Acha que a Aurora vai achar ruim se souber disso? — Oliver perguntou, após refletir um pouco.

— Eu não sei. Ela é uma pessoa muito compreensível, acho que o certo é você se sentar com ela e conversar sobre isso.

— E como eu puxaria uma conversa como esta? Já faz tempo que a Liana morreu e nós nunca falamos sobre ela.

— Até morta aquela mulher causa problemas. — Saulo ironizou. — Vocês não precisam falar sobre isso por agora. Me diz, onde você guardou a foto da Liana?

— Está num envelope dentro do cofre, com algumas informações sobre ela.

— No cofre da sua casa na fazenda?

— Não, no cofre daqui da casa de praia.

— Ela tem acesso à senha do cofre?

— Sim, mas ela nunca mexeu.

— Se é assim, não tem com o que você se preocupar, e você já não sentia mais nada por ela antes mesmo dela morrer, a Aurora não vai ficar com nenhuma neurose se encontrar a foto.

— Tem razão.

Alice e seu novo amiguinho passaram de mãos dadas perto de onde os dois homens estavam sentados conversando.

— Ei! O que isso significa? — Saulo se levantou rapidamente, indo em direção aos dois.

— Estamos brincando, tio. — Alice respondeu calmamente.

— Mas por que vocês estão de mãos dadas?

— É porque ele é a minha dupla.

— Nada disso. — Falou soltando as mãos das crianças. — Uma dupla não precisa ficar de mãos dadas.

Quem via aquela cena, até pensava que Saulo era o pai da menina.

— Então por que o senhor não reclamou a Elisa também? — Alice perguntou indignada.

— O que tem a Elisa?

Quando Saulo olhou em direção onde a filha mais velha estava, quase desmaiou com a cena. Elisa e Noah estavam caminhando na beira do mar de mãos dadas.

— O que é isso? — Correu em direção onde as duas crianças estavam, desgrudando a suas mãos. — O que você pensa que está fazendo com a minha filha, seu pestinha?

— Calma, sogro! — Noah respondeu brincando.

Saulo olhou para o menininho, desacreditado do que ouvia.

— Sogro? Quem te ensinou a falar isso?

Noah apontou para Denise, que gargalhava com a cena.

— Morena? Você por acaso quer que eu morra por aqui mesmo? — Andou em direção da esposa que estava com a filha mais nova nos braços.

— Deixa os dois brincarem, eles estão caçando conchas.

— De mãos dadas?

— É um desafio. — Ela continuava rindo. — Pare de pensar maldade, eles são apenas crianças.

Vendo que estava exagerando, Saulo respirou fundo e voltou para perto das crianças.

— Tudo bem, vocês podem brincar, mas nada de dar as mãos, ouviu?

— Está bom sogro. — Noah respondeu.

— Você ao menos sabe o que significa a palavra sogro? — Perguntou ao menino.

— Não. Foi a tia Dê que mandou eu te chamar assim.

— Sogro é um monstro muito feio, então não me chame mais desse jeito, tudo bem?

— Tudo bem, tio.

Após resolver aquela situação voltou para onde o amigo estava.

— Você deve parar com essa neura, as crianças vão ficar com medo de você. — Oliver disse.

— Foi mal, é que é mais forte do que eu.

Todos ficaram ali até o sol de pôr, quando já estava de noite e as crianças já estavam dormindo, os dois casais se reuniram na sala da casa.

— Só de pensar que vou começar a faculdade no próximo mês, me dá uma preguiça. — Aurora dizia deitada no colo do marido.

— Quando a Eloá completar um ano, eu também quero voltar a estudar. — Denise respondeu.

— E nós temos que começar a ampliar o hospital da vila, já que essas duas irão trabalhar lá quando se formarem. — Oliver disse.

— Nem fala. —Saulo respondeu.

— Falando nisso, Aurora, você já enviou os documentos necessários que eles te pediram ontem? — Oliver perguntou.

— Nem fala. — Se levantou num pulo. — Estou esperando um e-mail de confirmação. O documento só abre no computador e não trouxe meu notebook.— Pôs a mão na boca.

— Relaxa amor, usa o computador do escritório.

— Então eu vou lá rapidinho e já volto. — Caminhou em direção ao escritório.

— Quer que eu vá com você? — Oliver perguntou.

— Não precisa, eu já volto.

Então os três voltaram a jogar conversa fora.

No escritório, Aurora ligava o computador enquanto colocava os papéis na impressora. Como seu e-mail estava demorando para carregar, ela observava as coisas ao seu redor, lembrando quando esteve ali a primeira vez. Seus olhos rodaram por todo o ambiente, até ir ao encontro do cofre, que estava na parede. Ela não entendeu porque fez aquilo, mas resolveu abrir ali. Achou alguns envelopes, o que com certeza eram papéis muito importantes que pertenciam ao marido. Mas houve um envelope em especial, que lhe chamou a atenção. Estava escrito, totalmente confidencial, por mais que não quisesse fazer aquilo, a curiosidade era bem maior, então resolveu abrir.

Seus olhos se encheram de lágrimas ao ver a foto que estava lá dentro. A imagem de Liana sorridente, toda maquiada, lhe casou um misto de emoções e sentimentos, ela não entendia como uma foto podia lhe causar tanto mal.

Não conseguia entender o porquê de Oliver ainda manter uma foto daquela mulher ali naquela casa.

— Amor, você está demorando muito, precisa de ajuda?

Oliver apareceu no escritório e deu de cara com a esposa chorando, segurando um envelope.

— Oliver, por que você tem uma foto desse monstro, guardada aqui?

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