Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 65

Após comermos e jogarmos conversa fora, era hora de ir, estava feliz que não trabalhava na clínica aos sábados, em compensação, voltei a fazer meus lacinhos, e os vendia no centro da cidade nos meus dias de folga. O telefone de Rafa tocou enquanto íamos saindo.

— Tudo bem, eu só vou levar uma amiga em casa e passo aí. — Falava para a outra pessoa do outro lado da linha.

— Aconteceu algo Rafa? — Tácio perguntou preocupado.

— Minha professora disse que tem algo pendente no meu TCC, e pediu que eu fosse lá imediatamente.

— Então vá, não se preocupe, eu levo a Aurora em casa.

Rafa se despediu de nós. E eu entrei no carro do Tácio, me senti totalmente sem jeito, quando a Rafaela estava junto, a nossa conversa rendia, mas quando era só nós dois, não saía muita coisa.

— Quer ir a algum lugar? — Perguntou enquanto colocava o cinto de segurança e ligava o carro.

— Não, pode me deixar em minha casa mesmo.

— Tem certeza? A cidade é tão grande, e ainda está tão cedo, aposto que não a conhece totalmente.

— Ainda não, estou conhecendo aos poucos com a Rafa, e às vezes sozinha mesmo.

— Já foi ao mirante?

— A Rafa me falou desse lugar, mas ainda não fomos, disse que lá é muito lindo.

— Muito lindo mesmo, inclusive a noite, você consegue ver toda a cidade, e o mar.

— Deve ser lindo mesmo.

— Vamos lá? Hoje é sexta, você não irá trabalhar amanhã, não precisa dormir tão cedo.

Mal ele sabia que eu trabalhava aos sábados também, e praticamente o dia todo.

— Não sei se é uma boa ideia, a gente pode marcar de ir com a Rafa num outro dia?

— Tudo bem, nós iremos com ela outro dia, mas hoje, iremos só nós dois.

Eu não sabia mais o que falar, Tácio era muito educado, e não havia maldade em suas palavras ou atitudes, mas, me sentia muito mal, fazendo algo com ele sem a Rafa por perto, ainda mais agora, sabendo o que ela sentia por ele.

Após dirigir por uns 40 minutos, chegamos ao mirante, e realmente, tudo que se falava do lugar era verdade. As luzes da cidade eram lindas, e logo após, o mar, que estava sendo iluminado pela lua que estava cheia. Aquela cena dava a aquela vista, um cenário romântico, vendo o mar, me lembrei de Oliver, e de quando me levou para conhecê-lo, eu daria tudo para está com ele nesse exato momento.

— O que achou? — A voz de Tácio me tirou de meus devaneios.

— É perfeito.

— Igual a você.

As palavras saíram da boca de Tácio, e meu semblante logo mudou, não era para ele dizer aquilo, o que ele queria, dizendo tal coisa?

— Está tarde, preciso ir agora para casa, amanhã tenho que acordar cedo e.

— Ei, calma. — Cortou minha fala. — Não precisa ficar nervosa, eu não vou fazer nada com você Aurora, só queria que soubesse de algo.

— O quê? — perguntei nervosa.

— Você é muito linda, o que não passa despercebido por ninguém, e também, é muito inteligente, não sei o que te fez largar tudo e vir parar aqui, mas saiba, que estou disposto a te ajudar em tudo que precisar.

— Muito obrigada, mas, por favor, vamos embora? — Respondi impaciente, tinha medo de onde aquela conversa estava chegando.

— Tudo bem.

Fomos para o carro. Em silêncio, cheguei em frente a minha casa, abri a porta do carro e ia descendo, mas sua mão segurou o meu braço.

— Espera.— Tácio chamou minha atenção.

— O que houve?

— Eu disse ter algo para você, esqueceu?

Descemos do carro e ele abriu o porta-malas, havia uma caixa grande dentro.

— O que é isso?

— Seu presente para a casa nova, acho que isso é mais útil do que aquela planta que te dei.

Olhei e vi um micro-ondas novinho.

— Não precisava, eu disse que iria comprar um amanhã.

— Por favor, não recuse, é de coração que estou te dando, o dinheiro que ia comprar um usado, compre outra coisa que necessite.

— Mas, não precisava mesmo.

Eu morria de medo dessas boas intenções, depois de sua insinuação hoje, ele poderia está fazendo algo para ter outra coisa em troca no futuro.

— Eu não vou querer de volta, se não quiser, dê a alguém, estou indo, boa noite.

Tácio então fechou o porta-malas e entrou no carro, ligando e saindo de lá, me deixando com aquela caixa grande na mão, logo que entrei, o tirei da caixa, e o coloquei em cima da pia, ao lado do fogão.

Eu havia comprado algumas coisas, que já faria no micro-ondas usado que compraria, uma delas, era um pudim de caneca, fiz e deixei esfriar, troquei de roupa e fui mexer no celular, haviam três chamadas perdidas da Rafa, resolvi retornar.

— Oi Rafa, vi sua chamada agora.

— Oi, te liguei para pedir desculpas por hoje, não pude te levar em casa.

— Sem problemas, te entendo, mas me diz, você conseguiu resolver seu problema?

— Sim, minha professora foi muito gentil em me mostrar um erro que havia cometido ao enviar o TCC, graças a ela, não serei reprovada.

— Que bom que ainda existam pessoas assim né?

— Verdade, agora me diz, vocês demoraram para chegar em casa?

Eu poderia mentir e não falar sobre o mirante, mas eu sei que uma mentira levaria a outra, e eu não queria cair nessa lama toda, além disso, se eu ocultasse, seria como se tivesse algo para esconder, e eu não tenho.

— A gente acabou indo ao mirante, antes de vir para casa, eu falei com ele que era bom a gente marcar um dia para irmos nós três, mas ele disse que marcaria outra vez.

— Sério? Vocês foram ao mirante sozinhos? — Ouve um pequeno silêncio antes dela continuar. — Lá é muito bonito não é?

— É sim, muito perfeito. Faltou você lá, mas não demoramos nem 20 minutos, pois estava muito frio, e viemos embora.

— Ele te falou alguma coisa? — Havia certa curiosidade em sua voz.

— Alguma coisa tipo o quê?

— Não sei — ficou sem graça — Deixa quieto, você deve estar cansada, amanhã tem que vender seus laços. Me diz, que horas dá para você ir olhar o micro-ondas na casa da minha colega?

— Bem, então Rafa. Acho que não vou mais. — Juro que estava muito sem jeito.

— Por que, o que houve, desistiu de comprar?

— É que acabei de ganhar um novo, não vou mais precisar de outro.

— Você ganhou? Sério, que legal, quem te deu?

— O Tácio.

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