Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 67

Saí do hospital arrasada, quando tentava assimilar a ideia da gravidez, me veio mais essa notícia.

— Duas crianças? Como darei conta de duas crianças? — Eu estava em choque, se uma criança já dava trabalho, duas então.

— Amiga, nesse momento, você precisa ficar calma primeiro.

— Rafa, a casa que moro, mal me cabe.

— Você pode arrumar outra.

— Como vou dá conta de um aluguel mais caro, ainda mais com duas crianças? Meu Deus, Rafaela, dessa vez a vida pegou pesado comigo.

Eu chorava de desespero.

— Calma Aurora, e essa criança, quero dizer — corrigiu — Essas crianças, não são só responsabilidade sua, você precisa avisar o pai também.

— Rafa, é tão complicado.

— Eu sei que é, mesmo que você não tenha me contado sua história, eu sei que as coisas são difíceis para você, mas agora, não é mais sobre você, e sim, sobre dois seres totalmente inocentes.

— Você tem razão.

Após chegarmos em casa, Rafaela não me deixou sozinha, preparou algo para comer, tomei um banho demorado e tentei colocar meus pensamentos em ordem.

— Rafa, se eu falar com o pai dos meus filhos. — essa frase me soou tão estranha. — Terei que fazer isso pessoalmente, e como posso fazer isso? Só estou trabalhando ha três meses, não posso sair assim do trabalho.

— Você pode falar com o Tácio, ele irá entender.

— Não, por favor, nada dele saber ainda. — Não queria me expor, antes de falar com o Oliver primeiro. — Preciso falar com o pai primeiro.

— Isso é verdade, mas há algo que possa dar certo.

Se sentou na cama junto comigo, já que eu não tinha um sofá.

— O que é?

— Na quarta-feira, o Tácio irá viajar para o exterior, ficará duas semanas fora.

— E isso o que quer dizer?

— Você pode viajar, ele não saberá, eu te cubro até lá, além disso, não haverá pacientes para atender, já que ele não estará.

— Você faria isso por mim?

— Claro que sim, esqueceu que sou sua amiga? Você vai, conversa com o pai das crianças e se resolvem lá, independente do que há com vocês, tenho certeza que ele te escutará, é obrigação dele também, você tem duas semanas para resolver seus problemas, Tácio não saberá de sua falta.

— Obrigada Rafa.

— Olha, come agora e vá descansar, amanhã a gente se ver no trabalho, tudo bem?

Após Rafaela ter ido embora, comecei a pensar no problema que estava, e para ser sincera, eu não dizia sobre minha gravidez, porque se não fosse as circunstâncias, eu estaria dando pulos de alegria.

Eu sempre imaginei um dia ser mãe, quando eu cuidava de Alice, me sentia como se treinasse para o futuro, mas quando conheci o Noah, realmente esse sentimento se aflorou em mim, meu amor por aquele bebê era além da vida, e olha que nós não tínhamos nenhuma ligação sanguínea, mas eu o amava que chegava a doer, imagino como será com meus filhos, quão maior será esse sentimento? Toco minha barriga lentamente, e começo a conversar com eles.

— Eu não sei como serão as coisas, mas farei tudo por vocês.

Estava prestes a fazer 13 semanas, esse era o motivo das roupas estarem ficando apertadas, nesses três meses.

Respirei fundo, por mais que tivesse duas crianças aqui dentro, minha barriga era imperceptível, o que me assustava, será que eles estavam crescendo bem?

Três meses Oliver. Esse foi o tempo que ficamos separados, espero que você tenha dado um jeito em tudo, espero que tenha conseguido a guarda do Noah, e que a Liana tenha ido embora para sempre.

Se fosse por mim, eu esperaria mais um pouco para retornar, não que não estivesse morrendo de saudades, mas por medo de aparecer e estragar tudo. Sei que Oliver daria um jeito naquela mulher, eu só precisava ter paciência, como estava tendo até agora, mesmo que tenha sido difícil, diariamente não ligar para ele, fazia tudo pensando nele e no Noah, que logo ganharia dois irmãozinhos ou irmãzinhas. Imaginei como seria lindo eles pela casa correndo. Como será a reação do Oliver?

Por mais que a gente não tenha falado nada sobre relacionamento, eu sentia que o que estava acontecendo entre a gente, era mais do que sexo, e ele sentia também da minha parte, eu tenho certeza, o que me faltou de coragem para dizer que o amava, foi o que atrapalhou e me perturba até hoje.

— Gritarei para todos que te amo, quando te encontrar novamente, não deixarei um dia sequer de falar.

Meu coração estava acelerado, eu estava ansiosa, comecei a arrumar minhas coisas, eu sabia que só poderia ir na quarta, quando Tácio também viajasse, mas eu já queria deixar tudo pronto.

[...]

Os dias se passaram depressa, e logo a quarta-feira chegou, Tácio não desconfiava de nada, Rafa havia mantido sua promessa de não contar. Ele se despediu terça a noite, aparecendo do nada na minha casa, eu como sempre, ficava sem jeito, mas não deixava transparecer, seja lá o que ele estivesse tentando, não iria conseguir comigo, primeiro, porque eu já tinha alguém em meu coração, e segundo, porque a Rafa era minha amiga, e eu sabia o que ela sentia por ele.

Dentro do avião, meu coração disparava a mil por hora, quando pousei na capital, imaginei mil coisas, eu estava até com medo de passar mal.

Procurei um táxi e pedi que fizesse uma corrida até a fazenda, o homem ficou um pouco sem ânimo, mas depois que lhe falei que pagaria o que me pediu, ele sorriu e pediu que eu entrasse no carro.

No caminho para a fazenda, eu tentava pensar no que fazer, tinha que ser discreta, pois se Liana ainda estivesse por lá, ela não poderia me ver, não antes de falar com Oliver, eu sei que quando explicasse a ele tudo que aconteceu, não me deixaria ir mais embora, então pensei que aquela tenha sido a última vez que vi a Rafa e o doutor Tácio, logo, ligaria e me explicaria, contaria toda a verdade, principalmente para a Rafa sobre o Oliver, já que ela não tem nem noção de quem é o pai do meu filho.

Logo de longe, eu avistei a fazenda, estava do mesmo jeito que eu havia deixado, meu coração parecia sair pela boca.

Desci do táxi e pedi que ele me esperasse, pois podia ser que Oliver estivesse na vila, e eu não queria ficar longe dele nenhum segundo mais.

Bati na porta com o coração na mão, logo uma moça abriu, eu não a conhecia, ela me olhou um pouco desconfiada, mas abriu um sorriso.

— Boa tarde, em que posso ajudá-la?

— Boa tarde, eu gostaria de falar com o Oliver.

— O patrão não está senhora.

— Ah, por acaso ele está na vila? Você pode me dizer se vai demorar?

— Ele não está na vila também não. Na verdade, o patrão viajou de férias com a esposa e o filho.

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