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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 102

Nuria

A cozinha da mansão estava uma bagunça organizada, cheia de aromas, risadas abafadas e passos rápidos cruzando o piso polido. Panelas borbulhavam, assadeiras iam e vinham, e Teodora soltava ordens com a naturalidade de quem já fazia aquilo há séculos.

No meio de tudo isso… Jenna.

Sentada no canto da bancada com uma faca de legumes em uma mão e uma maçã na outra (que claramente era só desculpa pra ficar ali), ela falava mais do que cortava. Mas eu a conhecia o suficiente pra saber quando algo estava diferente.

Tinha um brilho nos olhos dela. Um sorriso escondido nos cantos da boca.

E o mais estranho?

Ela suspirava.

Não era cansaço.

Nem fome.

Era distração. Ou melhor… era alguém.

"Quer me contar alguma coisa?" perguntei, arqueando as sobrancelhas.

"Tipo o quê?" ela disse, puxando uma cesta de batatas para perto como se aquilo fosse o assunto mais urgente da manhã.

"Tipo esse olhar sonhador aí. Vai me dizer que estava pensando nas batatas?"

Ela corou. Corou.

"Você tá vendo coisa onde não tem," rebateu rápido, descascando as batatas com tanta pressa que parecia estar fugindo da própria consciência.

Peguei uma faca e fui até a bancada para ajudá-la.

"Nuria, não!" Ela me parou no ato. "Você sabe que o Stefanos não quer você se metendo nos afazeres da casa."

Revirei os olhos. "Eu sei lidar com o meu lobo, Jenna. Agora para de enrolar. Tem alguma coisa acontecendo… e não é com batatas." Me aproximei mais. "Isso tem nome?"

Ela desviou o olhar. Tensa. Mas depois soltou, quase num sussurro:

"Talvez... um sobrenome. E um maxilar."

Arregalei os olhos, contendo o riso, enquanto minha mente buscava quem, entre todos os lobos da Boreal, poderia ter deixado Jenna assim. Mas só um nome fez sentido.

"Você tá falando do Rylan?"

"Shhh!" Ela olhou em volta, como se as paredes tivessem ouvidos. "Não é nada. Ele só… salvou a sua vida e ficou meio... interessante desde então."

"Interessante?" provoquei. "O homem parece esculpido em pedra e você chama de interessante?"

"Tá vendo? É por isso que eu não te conto nada!" Ela me recriminou, rindo, mas o rubor não saía do rosto.

"Mas ele te falou alguma coisa?" eu estava tão curiosa.

Ela negou com a cabeça, e olhou em volta e mudou de assunto.

"Mas vamos falar da parte boa?" ela piscou. "Você está com aquele brilho pós-marcação que nenhuma loba disfarça. Todo mundo reparou. Até a Teodora fez um comentário. E olha que ela só elogia bolos e filhotes."

Sorri, ruborizando. "Não é bem assim."

"Ah, é sim." Jenna gargalhou. "E agora que você está oficialmente marcada, unida e tem voz dentro da Boreal, é bom se acostumar com os olhares."

"Eu não ligo para os olhares."

"Liga sim." Ela ergueu uma sobrancelha. "Mas tá tudo bem. Você é uma Luna agora. E, honestamente? Está mais forte do que nunca. Até o jeito que você anda mudou."

"Isso é culpa do… do pós-marcação," resmunguei.

"Claro que é." Jenna riu tanto que quase derrubou a faca. "E se eu fosse você, comeria alguma coisa logo. Porque do jeito que esse lobo é, ele vai voltar te procurando a qualquer momento. E você vai precisar de energia, Luna."

Balancei a cabeça, rindo com ela.

Por dentro… um turbilhão.

Mas ali, naquela cozinha quente e barulhenta, por alguns minutos, eu me senti leve.

E quando Jenna voltou a falar de teorias sobre o que o Supremo planejava, ouvi cada palavra com atenção. Porque uma coisa era certa…

Eu não podia mais ser apenas protegida.

Tinha que estar pronta para proteger também.

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