Stefanos
O silêncio do meu quarto nunca pareceu tão barulhento.
Cada fibra do meu corpo ainda vibrava com o que eu tinha acabado de presenciar.
Já estive em muitos concertos. Já ouvi os melhores músicos humanos. Mas nunca—nunca—tinha sentido algo como aquilo.
O que Nuria fez naquela sala...
Aquilo não foi apenas música.
Foi um feitiço.
Minha loba rebelde tinha acabado de me mostrar um lado seu que eu não fazia ideia que existia.
A paixão. A entrega. O desejo ardente de se perder na melodia.
A forma como ela se movia com o violino, como se fosse uma extensão de seu próprio corpo, como se estivesse dançando para a própria Deusa...
Meu lobo estava inquieto. E, para piorar, eu também.
Eu sabia que se tivesse ficado ali por mais tempo, teria feito algo que não deveria.
Possuí-la ali mesmo, entre teclas e cordas.
Maldição.
Arrastei a mão pelos cabelos, começando a andar pelo quarto de um lado para o outro. Eu precisava me recompor. Precisava controlar isso.
Mas meu corpo queimava.
Foi então que ouvi passos no corredor.
Eu soube antes mesmo de abrir a porta que era ela.
Aquela maldita loba que estava me levando à loucura.
Antes que pudesse pensar duas vezes, a porta se abriu e minha mão disparou, puxando-a para dentro.
Ela ofegou, surpresa, mas antes que pudesse reagir, já estava presa entre meu corpo e a parede.
Seus olhos arregalados encontraram os meus, a respiração entrecortada, o coração disparado.
Ela estava tão perto.
Tão quente.
E eu nunca estive tão fodido.
Minha mão se moveu antes que eu pudesse impedir, subindo lentamente até seu rosto, os dedos roçando sua pele macia.
A sensação me atingiu como um choque.
Meu polegar deslizou pelo contorno de sua mandíbula, e meu coração bateu mais forte quando senti sua respiração entrecortada contra a minha pele.
Ela não recuou.
Não me afastou.
Apenas ficou ali, os olhos presos nos meus, como se tentasse entender o que diabos estava acontecendo.
Eu também queria entender.
Minha voz saiu baixa, rouca, carregada com algo que eu ainda não queria nomear.
"Eu nunca vi nada como aquilo."
Seus olhos brilharam com uma faísca de surpresa. Pequena. Mas real.
"Duvido que seja tão difícil te surpreender, Alfa." A provocação estava ali, mas sua voz não carregava o mesmo veneno de antes.
Eu sorri de canto.
"Você ficaria surpresa com o quão raro isso é."
Meus dedos desceram lentamente pelo lado do seu rosto, até seu pescoço. Seu pulso pulsava sob minha pele, rápido demais.
Ela sentia isso tanto quanto eu.
A tensão.
A atração.
A maldita combustão que queimava sempre que estávamos perto demais.
Ela umedeceu os lábios, e meu olhar automaticamente desceu, capturando aquele movimento.
Maldição.
"Foi... só uma música," ela murmurou, como se quisesse quebrar o momento.
Eu soltei um riso baixo, um som arrastado de puro deboche.
"Só uma música?" Inclinei-me ligeiramente para ela, sem pressa. "Não. O que você fez foi algo que eu nunca vi antes. E isso é dizer muito."
Ela respirou fundo, como se tentasse recuperar o controle.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Capturada pelo Alfa Cruel