Música do capítulo: Halo - Caleb Chan Brian Chan (Aconselho a ouvirem durante o capítulo)
Stefanos
A noite foi um inferno.
Eu rolei na cama, virei de um lado para o outro, mas o sono nunca veio completamente.
Cada vez que fechava os olhos, via Nuria.
Não a Nuria rebelde que me enfrentava com aqueles olhos azuis afiados como lâminas.
Mas a Nuria de ontem à noite.
A loba que se entregou completamente à música, que se perdeu na melodia de uma forma que eu nunca tinha visto antes.
Era isso que me assombrava.
Porque eu sabia reconhecer entrega quando via uma.
E o que aquela maldita loba fez naquela sala não foi apenas tocar.
Ela se despiu.
Ela se deixou ser vulnerável.
E isso me deixou fodido.
Passei a mão pelos cabelos, irritado, enquanto descia as escadas para o café da manhã. A casa já estava em movimento, lobos cruzavam os corredores, empregados iam e vinham, mas ninguém ousava me encarar.
Minha paciência já estava curta, e todos pareciam sentir isso no ar.
Assim que entrei na sala de jantar, encontrei Johan já sentado, bebendo café com uma expressão entediada.
"Bom dia, tio," ele disse, sem levantar os olhos da caneca. "Dormiu bem?"
Ignorei a pergunta e me sentei.
"Estou surpreso que tenha vindo tomar café com a gente. Achei que estaria ocupado com sua nova distração."
Meu olhar cortante encontrou o dele, e Johan sorriu, satisfeito por ter conseguido minha atenção.
"Você, que nunca tolerou desobediência, agora está deixando uma loba qualquer tocar violino pra você? Ou acha que não ouvi ontem a noite? A casa toda ouviu."
O copo de café que eu segurava estalou sob a pressão dos meus dedos.
"Se eu fosse você, entraria apenas em guerras que pode ganhar, garoto."
Johan riu baixo e ergueu as mãos. "Calma. Só estou observando."
Antes que eu pudesse responder, ouvi passos leves se aproximando.
E então, ela entrou.
Nuria.
Ela estava diferente hoje. A tensão em seus ombros era perceptível, mas seus passos eram firmes, sem hesitação. Os cabelos, presos em uma trança simples, tiravam dela qualquer vestígio da mulher que vi na noite passada. Sua expressão neutra parecia uma tentativa deliberada de se apagar no ambiente.
E então, havia o vestido.
O mesmo maldito cinza sem vida que, ontem, me divertiu. Mas agora? Agora eu o odiava.
Eu a queria como antes. Sensual. Vibrante. Ardente.
Não envolta naquela cor sem graça que escondia tudo o que eu queria devorar.
Mas ainda assim era impossível ignorá-la.
E ainda mais impossível não lembrar do som que ela produziu na noite passada.
Ela parou ao lado da cadeira, mas não se sentou. Em vez disso, seu olhar encontrou o meu, uma pergunta silenciosa ali.
"Você sabe onde fica o suporte do violino," eu disse.
O silêncio se instalou.
Ela hesitou por um segundo antes de dar um passo à frente, caminhando até um pequeno espaço na sala onde já tinham colocado um suporte para o instrumento.
Todos os olhares estavam sobre ela.
Johan cruzou os braços, claramente entediado. Rylan observava de longe, como se quisesse entender onde isso tudo ia dar. Alguns empregados pararam discretamente na porta.
Mas eu?
Eu só conseguia ver ela.
Ela pegou o violino e o ajustou no ombro, testando as cordas com precisão.
Cada movimento dela era calculado, ensaiado.
E então, o primeiro acorde soou.
O impacto foi imediato.
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