Música do capítulo: Chandelier - Vitamin String Quartet
Stefanos
Eu precisava sair dali.
Antes que fizesse algo que não devia.
Antes que minha mente começasse a fantasiar demais sobre uma loba que não significava nada para mim.
Meus passos ecoaram pesados pelo corredor enquanto eu me afastava da sala de música, a mandíbula travada, os punhos cerrados. Meu lobo estava inquieto. Incomodado.
Por quê? Porque ela tocava bem? Porque ela sabia como se entregar a algo com toda a sua alma?
Ridículo.
Isso não mudava nada.
Eu não estava aqui para me distrair.
Eu era o Alfa da Boreal, e meu único objetivo era crescer, consolidar meu poder, garantir meu lugar como Supremo. Sentir qualquer coisa por uma loba teimosa e problemática só me enfraqueceria.
Entrei no meu escritório e peguei alguns documentos da mesa, sem nem olhar direito. Eu precisava tirar Nuria da minha cabeça. Precisava voltar ao que importava.
Saí da casa sem me despedir de ninguém, ignorando olhares curiosos enquanto atravessava os corredores.
Meu lugar não era ali.
Meu lugar era liderando minha alcateia.
Entrei no carro, batendo a porta com força. Assim que dei a partida, ouvi batidas no vidro. Johan me olhava sério.
Abaixei o vidro com um suspiro impaciente.
"Você não deveria estar na escola?"
Ele deu de ombros. "Eu me atrasei. Pode me dar uma carona?"
Bufei, destravando a porta. Ele entrou e, antes mesmo de fechar, eu já acelerava.
"Por que não pediu para algum dos seguranças te levar?"
"Queria um tempo com você."
Lancei um olhar rápido para ele. "E por quê? Tem algo te incomodando?"
"Você sabe que tem."
Revirei os olhos. "Johan, vai direto ao ponto."
Ele cruzou os braços. "A garota do violino... não gosto dela."
Meu lobo rosnou.
Isso era novo.
Ele nunca reagiu assim a Johan.
Minha sobrancelha arqueou. "E posso saber por quê?"
"Ela está dentro da nossa casa. Está te distraindo. Está chamando sua atenção de um jeito diferente..."
Uma risada seca escapou da minha garganta.
"Johan Varkas, você está com ciúmes de uma qualquer?"
Ele rosnou, irritado.
"Não é ciúmes. Só não confio nela. E você parece que nunca viu uma fêmea na vida. Está babando por essa garota. Ela tem idade para ser sua fi—"
Meu pé bateu no freio com força, fazendo o carro derrapar no asfalto.
Johan se segurou no painel, ofegante.
"Termina essa frase e eu te jogo pra fora do carro," minha voz saiu em um rosnado baixo.
Ele me encarou por um segundo, surpreso, antes de soltar uma risada seca. "Certo. Eu exagerei."
"Exagerou?" Me inclinei na direção dele. "Você tem um maldito problema com ela. E por quê? Você a quer? Porque, se for isso, é só dizer."
O nojo no rosto dele me fez rir. "Não, credo. Ela nem faz meu tipo."
"Então qual é o problema?"
Ele desviou o olhar para a janela. "Eu não sei. Só sinto que tem algo errado nela."
Fiquei em silêncio por um momento.
Johan não era burro.
E o pior era que ele não estava totalmente errado.
Mas meu orgulho não me permitia admitir isso.
O carro parou em frente à escola. Johan soltou o cinto e me olhou.
"Só espero que saiba o que está fazendo."
Antes que eu pudesse responder, ele saiu do carro e bateu a porta.
Eu acelerei para longe, frustrado com aquela conversa.
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