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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 23

Música do capítulo: Flowers - Brooklyn Duo

Nuria

O quarto estava escuro e silencioso.

Um silêncio pesado, frio, sufocante.

Me virei na cama, puxando o cobertor para mais perto do corpo, mas ele não trouxe conforto. Nada trazia.

A música que toquei mais cedo ainda vibrava dentro de mim, ecoando como um fantasma pelo meu peito. Eu me agarrei a ela, tentando encontrar algum resquício de paz.

Mas ela não veio.

Fechei os olhos e respirei fundo, forçando meu corpo a relaxar. Eu só precisava descansar. Só algumas horas.

Amanhã, eu daria um jeito de lidar com tudo.

Com Johan.

Com o Alfa.

Com esse maldito jogo que Stefanos estava jogando comigo. Com a maldita implicância de Johan.

Amanhã.

Mas o sono, quando veio, trouxe algo pior do que o cansaço.

Trouxe o passado.

O cheiro de sangue veio primeiro.

Ferroso. Denso.

Meus pés afundavam na lama tingida de vermelho enquanto eu corria.

A noite estava fria, mas eu sentia calor. Um calor sufocante, como se o próprio inferno tivesse se aberto sob meus pés.

Os gritos ecoavam ao meu redor.

Gritos de dor. De agonia.

Gritos de pessoas que eu amava.

"Corre, Nuria! Corra!"

A voz de Gael soou próxima, mas quando virei a cabeça, tudo que vi foi seu corpo caído no chão.

Seus olhos, idênticos aos meus, estavam abertos.

Sem vida.

Minha garganta apertou.

Não. Não, isso não era real.

Isso já passou.

Mas então eu o vi.

Solon.

Ele emergiu das sombras como um pesadelo vivo.

O sorriso torcido em seus lábios manchados de sangue me encheu de pavor.

"Eu te avisei, aberração."

Minha respiração travou.

Cada célula do meu corpo gritava para correr.

Mas minhas pernas estavam presas ao chão.

Tentei gritar, mas minha voz se perdeu no vazio.

Os olhos dourados dele brilharam como os de um predador satisfeito ao ver sua presa indefesa.

Ele caminhou devagar, os passos ecoando como trovões no silêncio absoluto.

O mundo ao meu redor se dissolveu—só existia ele.

E então, seus dedos frios agarraram meu queixo.

"Você é minha, coisinha."

Seu toque era cruel, uma garra invisível apertando meu pescoço, sufocando minha sanidade.

"Minha para eu usar, moldar, quebrar... e nada, nada vai me impedir de ter o que eu quero."

O terror rasgou meu peito como lâminas afiadas.

"Não." Minha voz saiu trêmula, fraca.

Ele riu. Um som baixo, carregado de triunfo.

"Eu matei seu passado."

As imagens surgiram como flashes distorcidos—os corpos espalhados no chão, o cheiro de carne queimada, os gritos sufocados no sangue.

"Seu presente."

Meus pulmões queimaram. O ar ao meu redor parecia mais pesado, como se o próprio tempo estivesse se fechando sobre mim.

"Seu futuro."

Minha visão embaçou.

"Isso não é real," sussurrei.

Mas era.

O cheiro de morte impregnava o ar.

O gosto amargo do desespero se espalhou pela minha língua.

"Que maneira rude de cumprimentar uma colega de casa." Seu tom era doce. Falso. "Achei que ficaria feliz em me ver."

Eu me sentei, sentindo meu corpo inteiro tenso.

"Desde quando você está aqui?"

"Desde hoje à noite." Ela inclinou a cabeça, os lábios se curvando em um sorriso venenoso. "O Alfa Supremo autorizou que algumas de nós fossem realocadas para a casa do Alfa. Aparentemente, Stefanos não se deu ao trabalho de te avisar."

Meu peito apertou.

Claro que não.

Ele já tinha sumido sem dizer nada antes. Por que isso seria diferente?

Mas algo na forma como Diana disse aquelas palavras fez meu estômago revirar.

Ela estava aqui para me destruir.

Diana percebeu minha mudança sutil de postura e riu baixo.

"Não se preocupe," continuou, caminhando até o espelho e analisando o próprio reflexo. "Eu ficarei feliz em cuidar das coisas na sua ausência. Afinal, você não pertence a este lugar, não é aberração?"

Minha mandíbula travou.

"Se acha que me assusta, vai precisar tentar mais," murmurei, cruzando os braços.

Diana arqueou a sobrancelha, como se achasse minha resposta adorável.

"Eu nem comecei ainda."

Ela se virou e caminhou até a porta. Mas, antes de sair, fez questão de me lançar um último olhar.

"Ah, e Nuria?"

Fiquei em silêncio, esperando o golpe final.

O sorriso dela se alargou.

"Se eu fosse você, dormiria de olhos abertos."

Meu coração parou por um segundo.

E então saiu, desaparecendo no corredor.

Fiquei ali, imóvel, sentindo o ar frio contra minha pele quente.

Ela estava aqui.

Dentro da casa.

E se antes essa prisão já parecia sufocante...

Agora, era insustentável.

Eu precisava fugir.

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