Entrar Via

Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 24

Nuria

O cheiro de pão quente e café forte preencheu a cozinha quando entrei, ainda sentindo o peso do sono em meus ombros.

Jenna estava sentada sobre a mesa, balançando as pernas enquanto mordiscava uma fatia de bolo. Seu olhar encontrou o meu assim que fechei a porta atrás de mim.

"Bom dia, parece que não dormiu nada essa noite," ela falou, um sorriso brincando em seus lábios.

Bufei, puxando uma cadeira e me jogando nela.

"O pouco que dormi, não compensou."

Ela riu, empurrando uma xícara de café na minha direção.

"A governanta quer você no salão depois do café. As janelas precisam ser limpas."

Aceitei a xícara com um aceno de cabeça e tomei um gole. O calor do líquido amargo ajudou a espantar o torpor da manhã.

"Ótimo. Nada como começar o dia deixando o salão brilhando."

Jenna ergueu as sobrancelhas, divertindo-se com meu sarcasmo.

"Ei, melhor do que ficar na cozinha ouvindo os criados fofocarem sobre quem dormiu com quem."

Revirei os olhos. Jenna adorava um bom drama, mas eu só queria passar o dia despercebida.

Foi nesse momento que a porta da cozinha se abriu novamente, e Diana entrou.

Diferente de mim e Jenna, que usávamos roupas simples de trabalho, ela vestia um tecido leve e esvoaçante, como se tivesse acabado de sair de um quarto luxuoso. Seus cabelos estavam impecáveis, caindo em ondas sobre os ombros.

Jenna bufou ao vê-la.

A governanta, que organizava os utensílios sobre a bancada, também notou a entrada tardia de Diana.

"Bom dia," Diana disse, sua voz melosa e relaxada.

A governanta cruzou os braços e a olhou de cima a baixo.

"Engraçado. Não sabia que tínhamos hóspedes na casa."

Diana piscou, confusa.

"O quê?"

"Aqui não é lugar para lobas mimadas que acham que podem acordar quando bem entendem." A governanta apontou para um balde no canto da cozinha. "Pegue isso e vá ajudar na limpeza do salão. Ou eu entendi errado quando disse que queria ajudar com a manutenção da casa?"

Diana abriu a boca para protestar, mas a governanta apenas ergueu uma sobrancelha, desafiando-a a discutir.

"Mas eu—"

"Sem 'mas'." A voz da governanta era afiada como uma lâmina. "Se quer ficar aqui, vai trabalhar. Senão, pode arrumar suas coisas e sair. Volte para a ala onde foi destinada com as outras esposas. A que está aqui trabalha. Com você não será diferente."

O silêncio na cozinha ficou pesado.

Jenna mordeu o lábio para não rir.

Eu apenas tomei outro gole do café e fingi não me importar.

Diana respirou fundo e pegou o balde com uma expressão forçada de submissão.

Mas eu vi o brilho em seus olhos.

Ela não ia aceitar isso.

Ela tinha outro plano.

E eu sabia disso.

Diana não era do tipo que aceitava ordens sem ter algo em mente. Aquele brilho calculado em seus olhos, o sorriso forçado ao pegar o balde… Tudo nela gritava falsidade.

Assim que a governanta saiu da cozinha, Jenna se virou para mim, cruzando os braços.

"Vocês são amigas?" perguntou, sua expressão carregada de curiosidade.

Soltei um riso curto.

"Não. Ela só quer um alfa para se manter segura. Não a julgo por isso, mas sim por passar por cima de qualquer um que esteja no caminho. E, nesse momento, ela acha que eu estou um passo à frente por estar mais próxima do Alfa do que ela."

Jenna inclinou a cabeça, pensativa.

"Mas ela não faz o tipo do Alfa."

Franzi a testa.

"E alguém faz?"

Jenna deu de ombros.

"Na verdade, ninguém sabe. Ele nunca trouxe loba alguma para casa. Nunca se mostrou disposto a se casar."

Meu lábio se curvou em um meio sorriso.

"Quem, em sã consciência, iria querer se casar com aquele ogro?"

Minha loba bufou irritada, como se discordasse.

Foi quando Jenna soltou, com toda naturalidade do mundo:

"Ah… Eu, ué."

O café desceu errado pela minha garganta. Engasguei, tossi e acabei cuspindo um pouco sobre a mesa e… nela.

Jenna arregalou os olhos.

"Pois é." Ela suspirou, exagerando na melancolia. "Eu achava que poderia ser útil de outras formas… Mas acho que algumas pessoas aqui não gostam de mim."

Meu aperto na flanela se intensificou.

"Elas são invejosas," Johan disse prontamente.

Diana suspirou de novo. "Eu só queria um lugar onde pudesse contribuir de verdade… onde alguém me enxergasse de verdade."

Meu estômago se revirou.

Eu conhecia esse jogo.

E, para o meu desgosto, Johan estava caindo direto na armadilha.

"Eu posso falar com meu tio quando ele voltar," Johan sugeriu. "Ele vai me ouvir."

Diana soltou um som delicado, quase um riso.

"Seria incrível ter alguém como você ao meu lado."

Eu cerrei os dentes.

Cada sorriso, cada olhar inocente, cada risada melódica… tudo era calculado. E Johan? Ele estava caindo feito um filhote ingênuo, sendo puxado para sua teia sem nem perceber.

Ele era jovem, impulsivo, um adolescente idiota com os hormônios à flor da pele.

E Diana? Ela conhecia o jogo. Sabia como instigar sua sensualidade, como mexer com seu orgulho, como fazê-lo acreditar que ela era exatamente o que ele queria.

E eu…

Eu deveria me importar?

Por um momento, considerei a ideia de alertar Stefanos sobre o que estava acontecendo.

Mas então, pensei melhor.

O que eu ganharia com isso?

Se Diana distraísse Johan e Stefanos, melhor para mim.

Talvez fosse mais fácil fugir se todos estivessem ocupados com essa encenação ridícula.

Respirei fundo e continuei limpando a janela, ignorando a conversa.

Mas, no fundo, algo não parecia certo.

Como um mal presságio.

E eu não sabia dizer se era sobre Diana…

Ou sobre mim.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Capturada pelo Alfa Cruel