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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 31

Nuria

Me virei para a sopa, para evitar ainda mais constrangimento.

"Vá se sentar, vou te servir."

"Novamente está sendo mandona." ele rosnou e senti vontade de rir.

"Tenha irmãos mais novos e saberá." mordi meu lábio, e me esquivei de sua nova atenção.

O cheiro da sopa quente preenchia a cozinha, misturando-se ao aroma intenso dele. O silêncio entre mim e Stefanos era carregado, tenso, como se cada palavra não dita pesasse no ar.

Ele estava sentado à mesa, me observando enquanto eu terminava os últimos ajustes da refeição. Seu olhar era afiado, analítico, como se procurasse algo que eu não sabia dizer se queria que ele encontrasse.

Peguei a tigela e a coloquei diante dele. Ele não se moveu de imediato, apenas permaneceu ali, encarando o vapor que subia do caldo.

“Eu não gosto de sopa.”

Revirei os olhos, cruzando os braços.

“Não perguntei se gostava.”

Um canto de sua boca se ergueu em um sorriso quase imperceptível.

Ele pegou a colher e tomou um gole. A tensão no ar permaneceu enquanto ele saboreava a comida.

“Pelo menos está tolerável.”

Bufei, pegando minha própria tigela.

“É melhor do que nada.”

O silêncio voltou, mas dessa vez, não era apenas desconforto.

Era expectativo.

Eu sentia que ele estava me analisando mais do que deveria.

“Você disse que Diana era a favorita de Solon.” Sua voz cortou o silêncio como uma lâmina afiada. “O que mais pode me contar sobre ela?”

O ar parecia mais pesado de repente.

A colher parou no meio do caminho até minha boca.

Eu não queria lembrar.

Não queria reviver.

Mas aquela pergunta me puxou direto para os corredores escuros da Alcateia Invernal, onde os gritos abafados de mulheres marcadas ecoavam entre as paredes de pedra.

Solon passava pelos quartos, como um rei inspecionando suas posses. Ele entrava e escolhia. Quem o desobedecesse, sofria as consequências.

Diana nunca estava entre as que sofriam.

Ela sorria. Ajoelhava. Sussurrava promessas de devoção.

Ela sabia exatamente como sobreviver.

E, por isso, odiava quem não fazia o mesmo.

“Ela era esperta,” murmurei, mexendo a colher na sopa sem realmente comê-la. “Nunca apanhava. Nunca era amarrada. Nunca passava fome. Nunca dormia no chão como as outras. ”

Stefanos me ouviu em silêncio.

“E você?”

Engoli em seco.

Eu deveria parar por aqui.

Mas alguma coisa no jeito que ele me olhava me fez continuar.

"Pelo que já viu até agora. Acha que eu era submissa a ele?" seu sorriso se abriu de lado.

"Esse apelido é tudo que você não é." dei de ombros.

“Eu nunca estive no mesmo nível das outras.” Minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia. “Porque eu nunca tentei agradá-lo.”

Os olhos prateados de Stefanos brilharam sob a luz branda da cozinha.

“E por isso chamou mais atenção que as outras.”

Soltei um riso curto, sem humor.

“Ele gostava de me ouvir gritar.” Meus dedos apertaram o cabo da colher. “Eu era a única que ainda não tinha desistido, mas nem por isso, eu não sentia dor.”

A verdade estava ali. Crua. Sem rodeios.

Stefanos tomou outro gole da sopa, seu olhar ainda cravado em mim.

“Estamos rastreando outro grupo com as mesmas práticas.” Ele girou a colher lentamente dentro da tigela. “As informações que você tem podem ajudar a salvar essas lobas antes que seja tarde.”

Meu coração deu um salto doloroso no peito.

Antes que seja tarde.

Fechei os olhos por um segundo.

Era isso que me separava daquelas mulheres agora. O tempo.

Se alguém tivesse chegado antes...

Se alguém tivesse interferido...

Mas ninguém chegou.

E eu paguei o preço.

O gosto da sopa ficou amargo em minha boca.

Meus pulmões pareciam apertados, como se o ar tivesse se tornado muito pesado para ser respirado.

E então, sem aviso, o enjoo veio como uma onda violenta.

A colher bateu na tigela com um som surdo quando empurrei a comida para longe, meus olhos se arregalando ao sentir a pressão crescer dentro do meu peito.

Eu precisava sair dali.

Agora.

Levantei-me abruptamente, ignorando a expressão de Stefanos, e saí da cozinha quase correndo.

O ar fresco da noite me atingiu quando cheguei ao jardim.

Stefanos me olhava com algo diferente em sua expressão.

Ainda era letal.

Ainda era frio.

Mas, dessa vez, também havia algo mais.

Uma promessa.

“Eu posso te ajudar.” Sua voz foi baixa, mas carregada de uma certeza inabalável. “A se tornar mais forte. A se tornar mais preparada. Para quando a hora chegar, você não falhar.”

Minha garganta secou.

O peso daquela proposta era tão grande que quase me puxou para trás.

Mas eu sabia.

Se eu recusasse, não haveria uma segunda chance.

Minha mão ainda tremia.

Meu peito ainda doía.

Mas, mesmo assim…

Eu agarrei a mão dele.

No instante em que sua pele tocou a minha, um choque sutil percorreu meus dedos, subindo por meu braço como uma corrente elétrica.

O calor dele era diferente.

Forte. Marcante.

Era um calor que dizia que ele era implacável. Um calor que prometia que, se eu aceitasse sua ajuda, ele me moldaria ao seu modo.

Minha loba se encolheu e se expandiu ao mesmo tempo, confusa entre o instinto de fugir e o de ceder àquela força que parecia querer me reivindicar de uma forma que eu ainda não compreendia.

Seu aperto foi firme quando me puxou para cima.

E, por um breve segundo, meu coração esqueceu o ritmo certo.

Meus olhos encontraram os dele.

Prateados. Afiados. Determinados.

E foi então que ele murmurou:

"Meus lobos não choram."

Um arrepio percorreu minha espinha.

"Então nunca mais quero ver essa fraqueza no seu rosto."

O vento soprou entre nós.

Algo selando nosso pacto.

Mas algo me dizia que, depois dessa noite, nunca mais seríamos os mesmos.

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