Stefanos
O cheiro de sangue cortou o ar como uma lâmina.
Mas não era sangue comum.
Era doce. Metálico. Denso.
E azul.
Por um instante, o tempo parou.
Meus olhos desceram lentamente até o chão do salão, onde gotas se acumulavam como pequenas maldições líquidas. Azul escuro, quase brilhante. O tipo de coisa que não deveria existir.
“Ela é uma aberração, meu Alfa,” a voz de Diana soou como veneno destilado. “Solon sabia. Só nunca entendi por que ele a manteve viva.”
Ela sorria. Orgulhosa. Triunfante. Como se tivesse acabado de entregar uma arma carregada em minhas mãos.
Meus olhos voaram para Nuria.
Ela estava imóvel.
Como se congelada.
A mão pressionando o corte. O sangue escorrendo entre os dedos. Os olhos arregalados. A respiração presa.
Diana continuou, impiedosa:
“Agora tudo faz sentido,” Diana insistiu, impiedosa. “Essa... coisa, se disfarçando de loba. Solon não sabia o que fazer com ela. Mas você... ah, você vai saber.”
Nuria deu um passo para trás, puxando o braço com força, desequilibrando-se.
“Fora daqui,” rosnei. “Agora.”
Diana hesitou por um instante, apenas para reforçar o teatrinho, depois virou nos calcanhares com um sorrisinho satisfeito.
Mas meu foco estava nela.
Em Nuria.
No sangue.
Na mentira.
A aproximação foi lenta.
Controlada.
Mas tudo dentro de mim fervia como lava.
Ela tentava estancar o ferimento com a mão, mas era tarde demais. Aquele azul gritava. Odiava ser escondido.
“Olhe para mim,” ordenei, minha voz baixa, mas carregada de comando.
Ela hesitou, depois ergueu o olhar. E os olhos dela... Deuses, os olhos dela me acertaram como uma flecha.
Medo. Raiva. Culpa. Desespero.
E... aceitação.
“Mais uma mentira, loba. Mais uma vez você me ludibriou.”
Ela não respondeu.
“Diga. O que é você?” dei mais um passo, sentindo o ar entre nós mudar, denso de tensão e energia.
Nuria mordeu o lábio. A garganta se movia, engolindo em seco. O silêncio dela era quase uma resposta. Um desafio.
E eu perdi a paciência.
Em um só movimento, agarrei-a pelo pescoço e a levantei do chão.
O corpo dela ficou suspenso, leve como ar, mas tenso como aço.
Os olhos dela arregalaram, os dedos se agarraram ao meu pulso.
“Fala!” rosnei, o som saindo gutural, quase um urro. “O que é você?”
“Stefanos... por favor...” A voz dela era baixa, esfarelada.
“Você mentiu desde o início. Escondeu isso de mim. E ainda acha que tem o direito de pedir qualquer coisa?”
Ela fechou os olhos, o rosto tenso de dor, mas não cedeu.
Então puxei o braço dela, abrindo os dedos manchados de sangue, e levei até minha boca.
Toquei com a ponta da língua.
O gosto estourou na minha língua como uma memória antiga.
Primitivo.
Cru.
Ancestral.
Meu lobo rugiu dentro de mim.
Mas não era raiva.
Era... reconhecimento.
“Por todos os infernos,” murmurei.
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