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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 39

Stefanos

A lareira do escritório crepitava baixinho, mas o calor não chegava até mim. A madeira queimava lenta, e mesmo assim... tudo em mim era pedra.

Papel após papel. Pergaminhos gastos. Registros antigos demais para estarem em bom estado, mas que tinham sido cuidadosamente preservados, como se alguém já soubesse que um dia, essas palavras voltariam a importar.

A lenda dos Sangue Azul. Os Millenares da Deusa.

O termo era sempre sussurrado — nunca afirmado. Sempre escrito em entrelinhas, como se a mera grafia pudesse atrair algo que os autores temiam mais do que respeitavam.

“Entre as linhagens esquecidas, nasceram os que não se submetem. Aqueles que herdaram o sangue da primeira loba, ferida por deuses, marcada por relâmpagos. Eles não são nossos. E nunca serão.”

Minhas mãos estavam cerradas sobre a madeira da mesa. Cada músculo do meu antebraço estava tensionado. Eu sentia meus dentes pressionando com força, como se tentar segurar o lobo dentro de mim fosse uma batalha física.

Mas era pior que isso.

Eu o toquei.

O sangue azul manchou minha pele. Quente. Vivo. Reagindo como uma extensão dela.

E meu lobo respondeu.

E isso me deixava em alerta.

“Se o Alfa Supremo souber…” murmurei, quase sem perceber.

Porque ele não pode saber.

Ele não pode ver o que eu vi.

Se descobrir que uma Sangue Azul está viva… e dentro da minha casa… a única coisa que ele vai exigir é que eu a entregue.

Ou que a destrua.

Mas o problema maior… é que mesmo depois de tudo, mesmo com ela mentindo, mesmo com ela escondendo a verdade, eu não consigo pensar nela como uma inimiga.

E isso me irrita mais do que qualquer outra coisa.

“Ela é uma ameaça."

“Ela te enganou.”

“Ela é uma aberração.”

E mesmo assim, quando a imagem do rosto dela surge na minha mente... não é ódio que sinto.

É algo pior.

É culpa.

Porque quando a peguei pelo pescoço, o que vi não foi desafio.

Foi medo.

E por mais que eu tentasse me convencer de que fiz o que era certo... meu lobo não me perdoava por tê-la deixado naquela cela.

Estava perdido nesses pensamentos, afundado entre símbolos antigos e registros proibidos, quando o primeiro som cortou a noite.

Um grito.

Apenas um.

Estrangulado. Curto.

Mas desesperado.

Meu corpo congelou, como se o som tivesse atravessado a pedra do meu peito.

Então veio o segundo.

Mais alto. Mais claro. Mais cruel.

“NÃO! NÃO TOQUE EM MIM! NÃO FAÇA ISSO! NÃO...!”

O papel escorregou das minhas mãos.

Eu já estava em pé.

O sangue disparava nos meus ouvidos. Meus pés pareciam não tocar o chão. A casa inteira parecia menor, mais sufocante. Meus sentidos se estreitaram.

Era ela.

A cada passo que dava pelos corredores, o som aumentava.

Rasgado.

Gritado.

Doloroso demais para ser ignorado.

Desci os degraus como um animal em fuga. Dois guardas estavam parados diante da porta de ferro que dava para as celas da ala subterrânea. Olhos arregalados. Rosto pálido.

“Ela está...” um deles começou, mas a voz falhou.

O outro tentou: “...em surto. Está dormindo, eu acho, mas... está gritando, se debatendo. Ela é louca?”

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