Nuria
O calor era estranho.
Não sufocante, mas presente. Aconchegante, até... envolvente. Algo que me cercava como um cobertor invisível. Meus dedos se afundavam em tecido macio, e por um momento, pensei estar sonhando. Talvez estivesse.
Me envolvia como um cobertor invisível... e tinha aquele aroma inconfundível de pinho, fumaça e algo perigosamente masculino.
Minhas mãos estavam agarradas a um travesseiro macio. Mais macio do que qualquer coisa que eu já tivesse tocado naquela casa. Por um segundo, me permiti curtir a sensação. Talvez fosse um sonho. Talvez eu tivesse morrido.
Mas então meus dedos apertaram mais forte o tecido, e o cheiro ficou ainda mais evidente.
E eu percebi: não era só um travesseiro.
Era o travesseiro dele.
Meu coração disparou.
Abri os olhos de repente.
E me deparei com Stefanos.
Dormindo ao meu lado.
Soltei um ar engasgado, com o susto subindo pela espinha como uma faísca elétrica. Ele estava virado de lado, de frente pra mim, os cabelos bagunçados e o rosto parcialmente coberto pela sombra do braço. A respiração calma, o peito subindo e descendo lentamente. Parecia... normal.
E eu?
Eu congelei.
Por dois segundos inteiros, me permiti apenas olhar. Como se aquela versão dele fosse algo raro. Um eclipse.
Mas então, a realidade caiu como uma pedra no peito.
“O que, pela Deusa, eu tô fazendo aqui?!”
O pânico veio antes do bom senso.
Tentei me afastar com um tranco, só que minha perna enroscou no lençol e, no impulso, caí da cama com um baque surdo.
“Ahh—!”
O impacto não foi forte, mas o susto foi.
“O QUE FOI ISSO?!” a voz grave de Stefanos ecoou no quarto ao mesmo tempo que ele se sentava como um raio, os olhos prateados acesos e o corpo já meio transformado, como se esperasse um ataque.
Eu me debatia no chão, tentando me desenroscar do lençol.
“Fui eu! Só eu! Não tem ataque nenhum, Alfa-louco!”
Ele levou um segundo inteiro pra registrar. E então… bufou.
Bem alto.
“Pelos infernos, Nuria. Você não consegue passar uma noite sem quase morrer ou me matar do coração?”
“Desculpa se cair da cama virou crime agora,” rosnei, tentando me levantar. “Da próxima vez, eu caio em silêncio.”
“Da próxima vez, dorme no chão de uma vez,” ele resmungou, passando a mão pelo rosto, ainda sonolento.
Eu cruzei os braços, irritada e corando ao mesmo tempo. “Por que eu tô aqui, mesmo?”
“Você gritou,” ele disse, sem rodeios. “Ontem. Alto. Acordou metade da casa. Estava se debatendo. Tive que tirar você da cela.”
Eu o encarei, tentando lembrar.
Os flashes voltaram.
O pânico. A cela. O pesadelo.
Solon.
Engoli em seco. Mas antes que pudesse afundar de novo naquilo, ele resmungou:
“Você se acalmou quando sentiu meu cheiro. Foi instintivo.”
Meus olhos arregalaram.
“Você… você me carregou até aqui?”
Ele soltou um riso curto, sarcástico. “Você me agarrou como um lobo recém-nascido procura a mãe. Não tive escolha.”
“Eu não fiz isso!” menti, horrorizada.
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