Música do capítulo: Way Down We Go - KALEO (versão instrumental)
Nuria
O sol filtrava-se em feixes tímidos pelas frestas da cortina, banhando o quarto em um dourado suave e traiçoeiro. Tudo ali parecia calmo… mas nada em mim estava.
Meus lábios ainda ardiam.
Meu corpo ainda vibrava.
Minha loba ainda o queria.
Acordar daquele beijo havia sido como ser arrancada de um sonho para cair direto num abismo. E agora, presa no quarto de um Alfa que eu não entendia, e talvez nunca entendesse, a única coisa que queria era distância. Ou… o oposto.
Me sentei na beirada da cama, tentando controlar a respiração, os pensamentos, os sentidos.
"Preciso sair daqui," murmurei, levantando com cuidado, mas antes mesmo de alcançar a maçaneta, a voz dele cortou o ar como uma lâmina.
“Você não vai sair.”
Me virei, pronta pra enfrentá-lo. “Stefanos, eu não—”
“Cala a boca,” ele rosnou, se aproximando com os olhos semicerrados. “Fique onde está.”
Antes que eu pudesse responder, mais uma batida firme soou na porta.
Três toques. Secos. Autoritários.
Stefanos virou o rosto devagar, e eu vi o momento exato em que seu maxilar se travou.
“Tio,” a voz de Johan ecoou, formal e direta. “Preciso que venha até a sala da recepção do evento. Agora. A rebelde desapareceu e a governanta está aguardando sua ordem. Devemos emitir um alerta de fuga ou... o senhor vai resolver isso pessoalmente?”
O silêncio que se seguiu foi cortante.
Stefanos apenas me olhou. E havia um brilho novo em seus olhos. Algo entre diversão e possessividade.
“Diga a ela que eu vou resolver pessoalmente.”
Johan hesitou. “Mas tio, se ela fugiu, o que vamos dizer ao Alfa Supremo?”
“Johan.” A voz de Stefanos abaixou… e ganhou um peso. “Dá meia volta e desaparece da minha frente do meu quarto. Quando eu quiser descer, eu desço.”
Mais alguns segundos de silêncio.
Então ouvimos os passos pesados de Johan se afastando.
Me encostei na parede, os braços cruzados no peito.
“Como ele não sentiu meu cheiro aqui?” perguntei, tentando ignorar o calor no ar. “A casa toda já deve sentir.”
Stefanos deu de ombros, se aproximando devagar. “Esse território é meu. Meu cheiro domina tudo. Inclusive as lobas que passam a noite aqui.”
Arregalei os olhos e o empurrei com força no peito. “Eu não passei a noite com você por escolha própria, seu imbecil!”
“Não importa o motivo.” Ele sorriu de lado, se inclinando um pouco mais. “Você está aqui.”
“Foi um erro.”
“Você já disse isso.” Ele se aproximou mais, e meu coração pulou no peito. “Mas ainda não terminamos.”
“Terminamos sim.” virei o rosto. “Nem devíamos ter começado.”
Ele recuou, mas apenas meio passo. O olhar ainda cravado em mim. Tenso. Quente.
“E como você vai me tirar daqui?” perguntei. “Se me virem aqui, se descobrirem… vão pensar o pior de mim.”
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