Stefanos
“Mas vou respeitar seu tempo,” falei, a voz mais baixa, mais real, como se estivesse jurando algo apenas para ela. “Sei o que você passou. Não vou te forçar. Não vou tomar nada de você.”
Minha mão ainda repousava em sua nela, sentindo o calor que escapava pela pele trêmula. O coração dela batia rápido, tão rápido quanto o meu.
“Quero que você escolha,” sussurrei junto à sua pele. “Que aceite. Que deseje. Que me queira.”
Os olhos de Nuria estavam nos meus, como se buscassem alguma armadilha escondida, alguma mentira nas entrelinhas. Mas não havia. Ali, pela primeira vez, eu me rendia. A ela. Àquela conexão maldita e inexplicável.
“Você está me enlouquecendo,” ela disse, a voz embargada. Confissão e acusação na mesma frase.
Sorri, quase com dor.
“É recíproco, lobinha.”
Mas então algo a despertou. Um fio invisível. Um brilho nos olhos dela se apagou por um segundo, como se a lembrança de tudo o que a machucou voltasse com força. Como se o desejo, o toque, o calor... tudo fosse um erro para ela.
Ela então desceu suas pernas e a soltei relutante. Eu não queria perder o contato.
Sua respiração era rápida. Quase ofegante.
“Eu... preciso de tempo,” sussurrou. “Pra entender. Pra pensar. Pra aceitar que um toque pode ser... bom. E não doer.”
Cada palavra dela foi um golpe. Mas não recuei. Não avancei. Apenas fechei os olhos por um segundo e assenti, tentando conter o lobo que urrava por ela dentro de mim.
Inclinei o rosto, e antes que ela saísse, beijei sua testa. Longo. Firme. Uma promessa silenciosa.
Então apontei com a cabeça para o canto do meu quarto, onde a tapeçaria escondia uma porta atrás da prateleira.
“Passagem à esquerda. Sai na biblioteca. Ninguém vai te ver.”
Ela hesitou.
Olhou pra mim uma última vez, os olhos ainda confusos, dilacerados entre o querer e o medo.
E então sumiu atrás da parede.
Fiquei ali por longos segundos, o peito subindo e descendo como se tivesse corrido por horas. A cama desfeita. O cheiro dela no lençol. O gosto ainda na minha boca.
“Mas que merda você tá fazendo, Stefanos...”
Meu lobo uivou revoltando, me impulsionando a ir atrás dela. A trazê-la de volta para perto de nós. Para reivindicá-la.
"Estou muito fodido."
Me encaminhei para o banheiro e tomei um banho frio, como se isso fosse capaz de lavar a tensão, o desejo, a lembrança do corpo dela colado ao meu. Não funcionou. Saí do quarto ainda mais alerta. E mais perdido.
Mas não era hora de surtar. Ainda.
O Alfa Supremo viria. Diana sabia demais. E eu precisava agir.
Desci para a sala de recepção. As vozes já ecoavam antes mesmo que eu virasse o corredor.
Teodora estava irada.
“Ela fugiu! Como, em nome da Deusa, ninguém percebeu? A cela estava trancada! Os guardas... os malditos guardas deviam estar dormindo!”
Ao lado dela, Johan escutava em silêncio, braços cruzados, mandíbula cerrada.
Diana, claro, estava ali também. Postura impecável. Ares de preocupação falsa. Um toque leve demais sobre o ombro do meu sobrinho, como se quisesse sutilmente mostrar a todos onde estava sua nova aposta.
Entrei na sala.
A energia mudou.
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