Entrar Via

Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 56

Nuria

Música do capítulo: Apologize - For Cello and Piano - Gnus Cello

Parei diante das grandes portas de madeira esculpida, e pela primeira vez naquela noite… hesitei.

Do outro lado, eu sabia o que me esperava: lobos poderosos, autoridades de todas as alcateias, e, no centro de tudo, o Alfa Supremo. O mesmo que poderia decidir meu destino com uma única frase.

Minhas mãos seguravam o arco e o violino com firmeza, mas os dedos… estavam trêmulos.

Jenna se aproximou e tocou meu braço com suavidade. “Vai começar com você já tocando. Assim que as portas abrirem, entre... e toque. Lembre-se de quem você é. Faça como fez na cozinha na outra noite”

Assenti, engolindo a vontade de fugir.

As portas se abriram.

A luz dourada do salão me envolveu como uma cortina quente. Entrei. Sozinha.

As conversas cessaram. Os olhares se viraram. E o silêncio caiu sobre a Boreal como neve densa.

Dei o primeiro passo. E o som nasceu.

O arco deslizou sobre as cordas, e a música explodiu no salão como uma tempestade contida. Notas firmes, intensas, afiadas. Como a Boreal. Como o que ela representa.

Força. Glória. Orgulho.

Meus pés tocavam o chão em sincronia com cada acorde. A música era minha armadura, meu grito de guerra. Cada nota parecia dizer:

“Estou aqui.”

Caminhei entre os convidados com os olhos fixos à frente, sem me permitir desviar o foco. Mas podia sentir o impacto. Lobos paravam de respirar. Loba nenhuma ousava cochichar. O violino não era apenas som. Era um aviso. Uma declaração.

Deslizei por todo caminho, mantendo a força que eu sabia que tinha. Mantendo minha chama viva e meu ser intacto. Eu não sucumbiria de novo. Não me curvaria. Aquela música não era somente sobre a Boreal, era sobre mim.

Assim que o último acorde se desfez no ar, me virei para o salão e fiz uma breve reverência, deixando que o silêncio dissesse o resto. Então subi ao palco… e congelei.

Havia um piano.

Um violoncelo.

E um instrumento de sopro que só reconheci após alguns segundos, grande, escuro, de som profundo. Uma flauta contralto.

Meu coração disparou. O corpo ficou tenso.

Os músicos estavam ali. Prontos.

Mas nós nunca havíamos ensaiado juntos.

Virei o rosto, confusa, mas antes que o pânico me tomasse por completo, ouvi a voz dele.

“Jenna entregou a eles sua lista. Eu ajustei tudo, não se preocupe.”

Me virei e o vi caminhando em minha direção. Os olhos cravados em mim, e aquele meio sorriso no canto dos lábios.

“Faça apenas o que fez agora. Você já os conquistou.” Ele piscou.

O alívio me atingiu como uma onda morna, e quase sorri de volta. Quase.

Ele então se dirigiu ao centro do palco, onde um pequeno pedestal havia sido posicionado.

As mãos obedeciam sem pensar. Meus pés dançavam discretamente com o ritmo. Meu peito vibrava com cada nota. Eu sorria. Porque, sentia que era ali que eu deveria estar. Que se os planos tivessem seguido seu curso, eu estaria no palco da Orquestra Nacional.

O final veio como um suspiro contido. Uma última nota que pairou no ar e se desfez em silêncio absoluto.

E então, as palmas irromperam.

Mas não foram muitas. Não ainda.

Foram as do Alfa Supremo.

Se levantando levemente em seu trono. Palmas ritmadas, solenes, que obrigaram os demais a segui-lo. Os olhos dele… estavam em mim.

E, naquele momento, os olhos dele me atravessaram como se procurassem algo escondido sob minha pele. Como se, enfim, me enxergasse como mais do que uma loba.

Um calafrio percorreu minha espinha.

Stefanos também percebeu.

Seus ombros enrijeceram. O olhar antes tranquilo se tornou algo mais… atento. Protetor.

E me senti exposta, ao perceber a quantidade de olhos pousados em mim.

Mas também poderosa.

Porque aquela era a minha voz.

E ninguém mais poderia silenciá-la.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Capturada pelo Alfa Cruel