Nuria
Música do capítulo: Apologize - For Cello and Piano - Gnus Cello
Parei diante das grandes portas de madeira esculpida, e pela primeira vez naquela noite… hesitei.
Do outro lado, eu sabia o que me esperava: lobos poderosos, autoridades de todas as alcateias, e, no centro de tudo, o Alfa Supremo. O mesmo que poderia decidir meu destino com uma única frase.
Minhas mãos seguravam o arco e o violino com firmeza, mas os dedos… estavam trêmulos.
Jenna se aproximou e tocou meu braço com suavidade. “Vai começar com você já tocando. Assim que as portas abrirem, entre... e toque. Lembre-se de quem você é. Faça como fez na cozinha na outra noite”
Assenti, engolindo a vontade de fugir.
As portas se abriram.
A luz dourada do salão me envolveu como uma cortina quente. Entrei. Sozinha.
As conversas cessaram. Os olhares se viraram. E o silêncio caiu sobre a Boreal como neve densa.
Dei o primeiro passo. E o som nasceu.
O arco deslizou sobre as cordas, e a música explodiu no salão como uma tempestade contida. Notas firmes, intensas, afiadas. Como a Boreal. Como o que ela representa.
Força. Glória. Orgulho.
Meus pés tocavam o chão em sincronia com cada acorde. A música era minha armadura, meu grito de guerra. Cada nota parecia dizer:
“Estou aqui.”
Caminhei entre os convidados com os olhos fixos à frente, sem me permitir desviar o foco. Mas podia sentir o impacto. Lobos paravam de respirar. Loba nenhuma ousava cochichar. O violino não era apenas som. Era um aviso. Uma declaração.
Deslizei por todo caminho, mantendo a força que eu sabia que tinha. Mantendo minha chama viva e meu ser intacto. Eu não sucumbiria de novo. Não me curvaria. Aquela música não era somente sobre a Boreal, era sobre mim.
Assim que o último acorde se desfez no ar, me virei para o salão e fiz uma breve reverência, deixando que o silêncio dissesse o resto. Então subi ao palco… e congelei.
Havia um piano.
Um violoncelo.
E um instrumento de sopro que só reconheci após alguns segundos, grande, escuro, de som profundo. Uma flauta contralto.
Meu coração disparou. O corpo ficou tenso.
Os músicos estavam ali. Prontos.
Mas nós nunca havíamos ensaiado juntos.
Virei o rosto, confusa, mas antes que o pânico me tomasse por completo, ouvi a voz dele.
“Jenna entregou a eles sua lista. Eu ajustei tudo, não se preocupe.”
Me virei e o vi caminhando em minha direção. Os olhos cravados em mim, e aquele meio sorriso no canto dos lábios.
“Faça apenas o que fez agora. Você já os conquistou.” Ele piscou.
O alívio me atingiu como uma onda morna, e quase sorri de volta. Quase.
Ele então se dirigiu ao centro do palco, onde um pequeno pedestal havia sido posicionado.
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