Stefanos
Ela estava no palco. E o salão... em silêncio.
Não era o tipo de silêncio vazio, mas sim o que antecede uma tormenta. Um silêncio que reverencia, que aguarda... que sente. E Nuria fazia todos sentirem.
Os dedos dela se moviam com precisão absurda, como se o violino tivesse nascido com ela. A música preenchia cada canto do salão com algo antigo e ao mesmo tempo novo. Era força e ferida. Era dança e guerra.
Meus olhos estavam fixos nela. E mesmo tentando manter a postura... eu estava hipnotizado.
"Interessante," murmurou o Alfa Supremo ao meu lado, sem tirar os olhos dela. "Ela é um espetáculo à parte."
Não respondi de imediato. Preferi manter o queixo erguido, os olhos nela. Porque se eu olhasse pra ele... não teria como esconder o que aquilo me causava.
"Agora entendo melhor por que ela se tornou uma... distração." A pausa foi calculada. "Ou, quem sabe... uma obsessão disfarçada de responsabilidade?"
"Ela não é uma distração," rebati, baixo, firme. "É apenas parte de um processo que estou conduzindo."
"Ah, claro," ele respondeu com um sorriso enviesado, tomando um gole de vinho. "E que processo... elegante. Com essa entrega, ela facilmente poderia... conquistar lugares maiores. Alguém como ela... pode ir muito longe. Basta que encontre o Alfa certo para conduzi-la. Mas claro que esse alfa não é você."
Minhas mãos fecharam-se em punhos ao lado do corpo. Ele sabia. Ele sabia o que estava fazendo. Jogando. Provocando. Testando meus limites.
"Com todo respeito, Supremo, ela não precisa ser conduzida. Castiel não é um projeto político nem uma moeda de troca." Virei o rosto em sua direção, mantendo o olhar firme. "Ela é uma jovem loba que teve seus sonhos interrompidos cedo demais por um Alfa insano e sem limites. E para que isso nunca volte a acontecer... ela estará sob minha proteção. Com ou sem sua aprovação."
Ele riu. Devagar.
"Claro que está. Isso está claro desde o momento em que pisei aqui." Virou-se um pouco na poltrona, inclinando-se casualmente. "Só espero que sua proteção não se transforme em apego. Isso é uma vulnerabilidade que não cabe a um Supremo... Lunas são feitas apenas para procriar. Não se esqueça disso."
O bastardo era um mestre nas palavras. Nenhuma ameaça explícita, mas cada sílaba era um fio tensionado, pronto pra romper.
Voltei a olhar para ela, que agora se preparava para a última nota.
Aquela nota longa. Clara. Carregada de tudo que ela era.
E quando o salão explodiu em aplausos, liderados pelas palmas do próprio Supremo, algo dentro de mim se partiu e se reforçou ao mesmo tempo.
Orgulho.
Raiva.
Desejo.
Tudo num único sopro.
"Bravo," o Supremo disse, batendo mais algumas palmas. "Ela realmente é especial. Fico curioso sobre o que mais essa loba é capaz de oferecer."
Levantei-me antes que ele tivesse a chance de provocar mais. "Com licença. Preciso verificar meu pessoal e os protocolos de segurança."
Não esperei resposta. Me afastei com passos firmes, controlando a vontade de esmagar a parede mais próxima com os punhos.
Aquele homem não estava apenas jogando com o poder, ele queria puxar a minha coleira. Testar até onde eu cederia.
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