Nuria
Acordei com a sensação de estar presa.
Meu corpo estava envolto em algo quente, firme… e vivo.
Demorei alguns segundos para entender o que era aquilo. Meus sentidos ainda estavam lentos, como se meu cérebro estivesse em neblina. Mas bastou abrir os olhos e sentir o leve roçar da respiração contra minha nuca para compreender.
Estávamos deitados de lado, e eu estava encaixada entre seus braços, de costas para ele, completamente envolta em seu corpo como se ele tivesse me moldado durante a noite. Sua perna estava entre as minhas, seu peito colado às minhas costas, e seu braço passava por cima da minha cintura com uma força possessiva mesmo dormindo.
Eu não conseguia me mexer.
Mas não porque ele me impedia.
Era o oposto.
Era como se meu corpo não quisesse sair dali.
Respirei fundo, e o ar veio carregado do cheiro dele. Tão familiar agora que me causava um calor estranho no estômago.
Me remexi de leve, tentando buscar um pouco de espaço… e foi aí que senti.
Ele.
Seu membro, firme e pressionado contra mim, sob a calça fina de dormir. Um arrepio subiu pela minha espinha, e engoli em seco, totalmente imobilizada por algo que eu não sabia se era medo… ou expectativa.
Virei devagar, tentando não acordá-lo, e me deparei com seu rosto. Calmo. Respirando de forma lenta e constante, os lábios entreabertos, a expressão séria até no sono.
Meu coração bateu com força.
Ele era lindo. Selvagem, sim. Ameaçador. Mas também... de uma beleza crua, intocada.
Fiquei ali, o observando. Meu corpo ainda estava colado ao dele, mas agora eu podia ver seus traços de perto. A linha do maxilar, os cílios longos, a barba por fazer que dava a ele um ar ainda mais perigoso.
Meus dedos se ergueram sem que eu tivesse controle total sobre eles. Eu queria tocar.
Tocar só um pouquinho.
A ponta dos meus dedos pairou a centímetros de sua mandíbula, mas antes que eu tivesse coragem de encostar...
"Você pode me tocar onde quiser."
Levei um susto e recuei na hora, sendo mantida no lugar por seus braços fortes.
"Você estava acordado?" perguntei, tentando soar normal, mas minha voz saiu falha.
"Não exatamente." murmurou ele, sem abrir os olhos. "Mas não dá pra ignorar seu cheiro tentando decidir se toca ou não."
"O quê?" pisquei, incrédula.
"Seu cheiro de dúvida." ele continuou, os lábios curvando-se num sorriso preguiçoso. "É quase tão forte quanto o de excitação."
Meu rosto queimou.
"Você é insuportável."
"Nem tanto." ele disse. "A menos que queira que eu seja. Aí… posso morder também."
Uma risada nervosa escapou de mim, e antes que pudesse me conter, minha mão já estava no rosto dele, finalmente tocando.
Era quente. Firme. A barba arranhava de leve minha pele, e ainda assim, era reconfortante.
Desci a ponta dos dedos pela lateral do seu rosto, passando devagar pela linha do pescoço até alcançar sua clavícula.
Ele rosnou baixo, quase como um aviso contido.
"Está fazendo cócegas?" perguntei, quase num sussurro.
"Se quiser acreditar nisso."
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