Nuria
A primeira coisa que senti foi o vazio.
Não o emocional. Esse eu já conhecia. Era físico mesmo. O calor que envolvia meu corpo durante a noite tinha desaparecido. E quando abri os olhos, vi que a cama enorme estava vazia.
Stefanos não estava ali.
Me sentei devagar, os lençóis ainda grudados à pele, e olhei ao redor. O quarto estava iluminado pela luz da manhã que entrava pelas janelas altas. A cama desfeita, o travesseiro amassado onde ele dormira.
Passei a mão pelo local que ainda guardava o cheiro dele e respirei fundo. Sândalo. Fumaça. Lobo.
A memória da madrugada ainda estava fresca. O calor do corpo dele me envolvendo por trás. Os braços, a respiração no meu pescoço. E depois… a voz rouca dizendo que me curaria. Que tocaria cada parte quebrada.
Mas eu não era quebrada.
Eu sobrevivi.
Mesmo assim, havia algo nele… algo na forma como me olhava, como me segurava, como murmurava coisas entre a provocação e o cuidado. Era como se ele soubesse exatamente onde eu doía e tocasse com a precisão de quem já aprendeu a não machucar.
Me deitei de costas, e deixei que meus pensamentos me envolvessem. Lembrei dos beijos dele, dias atrás. Dos olhos prateados me encarando com uma fome que me queimava. Da forma como ele me chamou de ruína.
Eu deveria me afastar. Eu deveria lutar.
Mas deitada naquela cama… tudo o que eu sentia era vontade.
Vontade de esquecer.
Vontade de me permitir.
Minhas mãos deslizaram lentamente pelo lençol até alcançarem meu próprio corpo. Os dedos correram pela pele da barriga, do quadril, até que uma delas parou no centro do peito. Meu coração batia acelerado.
E então imaginei que fosse ele.
A mão dele.
Fechei os olhos e deixei os dedos seguirem caminho, com lentidão. Subindo, descendo, explorando a curva do meu corpo como se procurasse um mapa perdido.
A pele arrepiava.
A respiração falhava.
Eu me imaginei sendo tocada pelas mãos dele. Pelos lábios dele. Imaginava ele por cima de mim, a barba raspando levemente meu pescoço, a voz rouca me dizendo que eu era só dele.
A ponta dos meus dedos desceu pela lateral do corpo, lenta… como um toque que queria se prolongar, lentamente levantei a barra da minha blusa, fazendo pequenos círculos em minha pele.
E então...
Eu senti.
Senti a mudança no ar.
Um arrepio percorreu minha espinha, e meu corpo enrijeceu num segundo.
Abri os olhos devagar… e ele estava lá.
Encostado à parede, braços cruzados, olhos em brasa, expressão sombria.
Não havia um sorriso. Nem uma reação imediata.
Apenas… fogo.
Minha respiração falhou.
"Há quanto tempo... você está aí?" perguntei, com a voz rouca, embargada.
"Tempo suficiente." ele respondeu, sem sair do lugar. A voz grave, arrastada. "Não pare por minha causa."
Meu coração disparou.
"Stefanos…"
"Continue." ele disse, firme. "Eu quero ver o que você imagina quando pensa em mim."
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