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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 66

Nuria

O cheiro dele ainda estava em mim.

Mesmo depois do banho demorado, mesmo depois de lavar cada centímetro da pele como se tentasse tirar algo que já não estava fora — e sim, dentro.

A água escorreu quente pelas costas, mas não me queimava tanto quanto as lembranças da manhã. Os olhos prateados dele. A voz rouca. As ordens. O meu corpo… obedecendo.

Respirei fundo.

Vesti a única roupa que ainda me fazia sentir invisível: o uniforme cinza de criada. Sem graça, apertado demais no peito, largo demais nos quadris. Quase como eu.

Eu não era aquela que acordou na cama do alfa.

Eu era aquela com vestido cinza apagado. Aquela igual as outras.

Passei pelo corredor, evitando qualquer reflexo nos espelhos. Evitando lembrar do som da minha voz sussurrando o nome dele. Evitando lembrar do jeito que ele me olhou, como se quisesse me devorar.

Eu precisava fugir daquilo. Me ocupar. Me esconder.

Encontrei Teodora e Jenna no segundo andar, organizando a limpeza da ala norte. As duas estavam agachadas, separando panos e produtos, enquanto discutiam baixinho qual cômodo precisava mais atenção.

Quando me aproximei, as duas ergueram o olhar ao mesmo tempo. Jenna abriu a boca para dizer algo, mas hesitou. Teodora franziu o cenho, como quem tentava avaliar se eu realmente estava ali por vontade própria.

"Preciso ocupar a mente," falei antes que pudessem dizer qualquer coisa. "Posso ajudar?"

As duas se entreolharam, como se tentassem decidir se deveriam me poupar ou não. Mas, no fim, um sorriso discreto brotou nos lábios de Teodora, e Jenna assentiu com um pequeno movimento de cabeça.

"Claro, querida." Teodora se afastou um pouco e empurrou um balde na minha direção. "Você pode começar ali, pela estante. A poeira se acumula mais nas bordas."

Peguei o pano e ajoelhei com elas, começando o movimento repetitivo de limpar madeira polida. O cheiro da cera, o rangido suave das dobradiças, o som das unhas de Teodora batendo ritmadamente no balde... tudo era estranho e reconfortante ao mesmo tempo.

"Você devia estar descansando," murmurou Jenna depois de alguns minutos, sem me olhar diretamente. "Depois da noite que teve... qualquer uma teria tirado o dia pra ficar na cama."

"Ficar na cama às vezes é pior," respondi baixo, concentrada no pano. "A cabeça grita quando o corpo está quieto."

As duas ficaram em silêncio por um momento, como se entendessem exatamente o que eu queria dizer.

"Você sabe..." Teodora começou, a voz mais suave. "Nem todas teriam conseguido. Sobrevivido. Se mantido firme."

"Eu não fui firme," retruquei com um riso sem humor. "Mas algo dentro de mim dizia que o Alfa iria me achar antes que..."

"Às vezes, resistir é a forma mais corajosa de lutar," disse Jenna, parando o que fazia por um instante para me encarar. "E não é todo dia que a gente vê o Alfa carregar uma mulher nos braços como ele fez."

"Ele parecia que carregava uma joia rara," completou Teodora, sorrindo de lado.

Revirei os olhos, mas o rubor já subia pelo meu pescoço.

"Não começa, Teodora."

Ela riu baixinho, e Jenna também. Aquele tipo de riso cúmplice, feminino, que quebra o peso da alma por alguns instantes.

"Estamos felizes por você estar bem," Jenna disse, sincera. "E por ter alguém te protegendo... mesmo que ele seja o próprio lobo em forma de tempestade."

"Ele é mais furacão que lobo, às vezes," murmurei, e nós três rimos — dessa vez, juntas.

Foi leve.

Foi bom.

Por um instante, eu esqueci o que havia acontecido. E me senti… parte de algo.

Mas a calmaria durou pouco.

Porque quando a porta daquela sala se abriu e a sombra dele preencheu o ambiente…

Eu soube.

Tudo ia sair do controle.

O olhar dele pousou em mim como uma sentença.

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